08/03/2023 às 00h05min - Atualizada em 08/03/2023 às 00h05min

08 de Março - Dia da mulher: A presença feminina nas atividades do setor lácteo.

Desde a produção do leite até a fabricação de produtos derivados do leite, a mulher desempenha com grande êxito diversas atividades do setor lácteo.

Nayara Ferreira Greco
Nayara Ferreira Greco

O exercício da mulher no setor lácteo é algo recente?

Poderíamos dizer que a atuação das mulheres no campo e principalmente com o leite é algo novo, pois ganharam maior visibilidade nessas áreas de atuação de trabalho entre o final do século passado e o século XXI, mas esta não seria uma afirmação verdadeira. O fato, é que as mulheres sempre estiveram presentes no processo de desenvolvimento do mercado lácteo, principalmente na produção de derivados do leite. Se nos atentarmos cronológica e historicamente às etapas de produção de alimentos, quaisquer que sejam, perceberemos que elas eram direcionadas para as cozinhas das famílias e cabia exclusivamente a mulher suprir a necessidade daquelas pessoas, ou seja, preparar o alimento, foi de maneira simples como esta que surgiram os mais diversos produtos derivados de receitas familiares, passados por gerações até que se tornaram tradição e parte cultural de uma sociedade. Pause um momento a sua leitura para pensar nos laticínios ou queijarias artesanais da sua região e observe como elas surgiram, a maioria recebera o nome da família, geralmente carregam consigo a identidade das mulheres que ao longo dos anos passaram a atividade de produzir queijos de mãe para filha e assim sucessivamente. Te convido a levar o seu pensamento agora para a França, especificamente para o ano 1791 na comuna francesa de Camembert, ali fora criado o queijo que hoje carrega não só a identidade da mulher que o criou, Marie Harel, mas de todo um país. Portanto, as mulheres sempre estiveram presentes na atividade e desenvolvimento do setor lácteo.  

Os estereótipos profissionais interferem nas escolhas das mulheres para exercerem funções no setor lácteo?

Talvez, esta seja a pergunta que possa direcionar o motivo de encontrarmos em menor proporção o número de mulheres em espaços acadêmicos ou em frentes a negócios e bancadas de atuação do setor lácteo brasileiro. 

A segregação de gêneros no espaço de estudo e atuação do meio rural, meio de produção e meio industrial que envolvem os processos do setor lácteo, presentes ainda atualmente, estão enraizados no período do acesso precário das mulheres ao ensino, período este quando o conceito industrial desenvolveu o modo operário de mão de obra qualificada, daí o desenvolvimento da Ciência do Leite, consequentemente as mulheres foram forçadas a se afastarem destes núcleos. Fatos sociais como este geraram o afastamento das mulheres em diversas atividades, aquelas que puderam ainda assim serem presentes passaram muitas vezes por mau julgamento ou foram levadas a desacreditar no ingresso profissional no setor lácteo. Gradativamente, este cenário está mudando, graças a presença de pelo menos uma mulher atuante nestas áreas, que se tornaram inspiração e motivação para outras, e semeiam uma boa semente: a capacidade da mulher de conquistar o mercado lácteo! 

É provável que o próprio estereótipo preconceituoso criado sobre as atividades agrárias, tais como “caipiras”, a ignorância a respeito desta atividade econômica fundamental para o país, podem ter tirado o desejo de progredir neste ramo, há ainda quem olhe para as atividades rurais, no campo, com menosprezo, desconhecem o seu valor, deixando de ser atrativo, principalmente na era em que as pessoas são mais suscetíveis a “influencers” e os influenciadores digitais trazem consigo como oportunidade de crescimento profissional ou forma de ganho, na sua maioria, atividades que envolvam somente mídias digitais, ingresso à fama, etc.  Mas, o mercado lácteo é um diamante bruto! Lapide-o! 

Atualmente, o que leva as mulheres a ingressarem nas atividades do setor lácteo?

Para responder esta pergunta, conversei com três grandes mulheres com atuação em áreas distintas do universo lácteo. Mulheres que conseguem inspirar outras mulheres a serem presença no mercado lácteo, são elas: Simone M. de Andrade Couto, diretora administrativa e proprietária da empresa Rica Nata, de Piracema - MG, Maria Rosinete de Souza Effting, proprietária e empreendedora da Cabanha Guinther e Queijaria Guinther, de Braço Forte - SC, e Luiza Carvalhaes de Albuquerque, assessora técnica de marketing do Site Ciência do Leite e muito reconhecida pelos longos anos em que foi Coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia do Instituto de laticínios Cândido Tostes, de Juiz de Fora - MG.

 

Nesse editorial, irei sintetizar as opiniões das nossas convidadas e desejo muito que você em seguida leia a entrevista completa de cada uma delas aqui no nosso portal. Confira um pouco da nossa conversa! 

 
 
 

1. Ciência do Leite - Na sua perspectiva, o que as mulheres precisam fazer para poderem assumir posições de liderança e serem vozes ativas nos negócios?

Simone - No meu ponto de vista, a mulher só é frágil porque o psicológico dela faz ela ficar frágil. Somos fortes, somos esforçadas, inteligentes, não era para ter tantas diferenças.

Os tempos evoluíram, a mulher tem seu valor no mercado de trabalho, ainda há resistências de aceitação por parte de alguns homens, mas a mulher que corre atrás e se destaca ela faz a diferença.

 

Clique aqui para ler a entrevista completa de Simone M. de Andrade Couto

 
 
 

2. Ciência do Leite - Quais foram os principais desafios que enfrentou neste setor? A algum deles, você acreditou que sofreu maior dificuldades por ser mulher ?

Rosi - […] A minha dificuldade foi em saber qual queijo fazer. Eu fazia, quando era pequena, com os meus tios ou quando ia visitar a fazenda deles, mas eu não tinha uma ideia, aqui em casa também eventualmente eu fazia. […]

[…] Foi fazendo um curso na Rica Nata que consegui trazer para cá e descobri qual era o queijo que eu queria trabalhar. Estou fazendo um tipo serrano, mas diferente, que foi um show e que deu certo! E foi na Rica Nata que aprendi no Curso de Queijo como fazer o queijo porque eu não sabia nada! Não que eu sei tudo, estou só começando, mas já aprendi bastante e suficiente para achar o queijo que eu queria. […]

[…] Sobre sentir dificuldades por ser mulher, não senti nenhuma, porque eu comecei a trabalhar muito pequena, então sempre que eu precisei, eu busquei. Eu tive essa dificuldade lá no começo quando eu comecei a criar vacas Jersey, era uma mulher ali no meio que era basicamente de homens, mas  eu fui atrás, busquei o meu espaço, a coisa foi andando, eu fui fazendo, fui conseguindo mostrar para eles que não era por eu ser mulher que não ia dar certo, então eu busquei o que eu queria e eu consegui. Foi bem tranquilo, assim, não é que eu me impus, mas eu busquei meu espaço e deu certo. Vir para o laticínio foi um detalhe também, mesmo porque a gente vê que tem muitas mulheres, hoje eu vejo que sim, que trabalham comigo mesmo são muitas mulheres, 80% do quadro de quem trabalha com as minha vacas e com o meu laticínio é mulher, então é sinal que dá certo, não menosprezando os homens, mas mulheres nessas atividades também funcionam. […]
 

Clique aqui para ler a resposta e entrevista completa de Maria Rosinete de Souza Effting.

 

 

3. Ciência do Leite - Na sua perspectiva, o ingresso das mulheres à vida acadêmica na área de laticínios, ao longo dos anos, sofreu alteração quanto ao número de mulheres interessadas nesse setor? Se sim, percebeu se aumentou gradativamente ou um evento inexplicável em que, de repente, mais mulheres se interessaram?

Luiza - O aumento do interesse das mulheres na área de laticínios parece ter sido um processo gradativo, em vez de um evento único ou pontual. Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de mulheres que ingressaram na vida acadêmica na área de laticínios. Antes, a indústria de laticínios era tradicionalmente dominada por homens, mas hoje, há mais mulheres ingressando em cursos técnicos, graduações e pós-graduações em laticínios e alimentos. Esse aumento pode ser atribuído a vários fatores, como mudanças nas atitudes em relação às mulheres no local de trabalho, maior conscientização sobre a igualdade de gênero e aumento do número de mulheres em cargos de liderança em empresas de laticínios.  Além disso, a indústria de alimentos e laticínios tem se desenvolvido e se animado muito nos últimos anos, criando mais oportunidades de emprego e estudo. Acredita-se também que a mudança cultural em relação ao papel das mulheres no local de trabalho teve um impacto significativo nessa tendência. Como as mulheres estão cada vez mais buscando carreiras em áreas que antes eram dominadas pelos homens, e a área de laticínios é uma delas, parece que a crescente presença feminina é o resultado de uma série de fatores que ocorreram ao longo do tempo, em vez de um único evento ou acontecimento. Além disso, a indústria de laticínios tem visto um aumento na demanda por produtos derivados do leite, o que tem criado mais oportunidades de trabalho e estudos na área. Isso pode estar atraindo mais mulheres para a área, que estão buscando uma carreira em um setor dinâmico e em crescimento. Não há um único evento específico que possa explicar o aumento gradual no número de mulheres que ingressaram na vida acadêmica na área de laticínios. Em vez disso, é provável ser o resultado de uma série de mudanças culturais e sociais que ocorreram ao longo das últimas décadas.

Clique aqui para ler a entrevista completa de Luiza Carvalhaes de Albuquerque

Caro leitor(a), desejo que essa leitura tenha aguçado a sua curiosidade sobre a evolução do cenário do mercado lácteo quanto a representatividade feminina na execução de diversas atividades. Convidamos a você para que acesse a entrevista completa destas mulheres determinadas que alcançaram o espaço em atividades que antes eram predominantemente do sexo masculino. 

Mulher, as suas atitudes refletem o ser grandioso que você é. Parabéns pelo seu dia!

 

E você ? Qual a sua opinião sobre o papel desempenhado pelas mulheres nas diversas áreas do setor lácteo ? Nos conte também se gostou deste editorial! Deixe o seu comentário logo abaixo, teremos prazer em ler. 

 

Você sabe quem foi a primeira mulher brasileira a exercer atividade em laticínio? Clique aqui e descubra


Por: Nayara Ferreira Greco, graduanda em Marketing Digital


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