07/03/2023 às 23h59min - Atualizada em 07/03/2023 às 23h59min

O ingresso feminino acadêmico no setor lácteo.

Ningúem segura uma mulher segura! Especial Ciência do Leite: Dia das Mulheres

Nayara Ferreira Greco
Nayara Ferreira Greco

Nesse editorial você terá acesso à entrevista completa de Luiza Carvalhaes de Albuquerque, Técnica em Leite e Derivados formada no Instituto de Laticínios Cândido Tostes/EPAMIG onde trabalhou por 45 anos. Exerceu diversos cargos, entre os quais Chefe do Setor de Divulgação, Editora da Revista do ILCT e Coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia e da Via Láctea - Mini Usina de Leite. Membro do Comitê Gestor da Câmara Técnica de Ovino-Capronocultura da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais. Bachareal em Direito e Pós Graduada nos cursos Administração em Marketing e Comunicação e Gestão pela Qualidade Total pela Fundação Machado Sobrinho. Autora de centenas de artigos em revistas e sites técnicos e 28 livros sobre Leite e Derivados, Marketing, Qualidade Total e Memorial do Instituto Cândido Tostes. Atualmente é Presidente da Associação dos Ex-Alunos do ILCT e Webmaster e Assessora Técnica do Site Ciência do Leite da Empresa Rica Nata.

 
Livros publicados e de autoria de Luiza Carvalhaes de Albuquerque

Livros publicados e de autoria de Luiza Carvalhaes de Albuquerque

 
Agora que você já entendeu que a nossa querida Luiza é uma figura influente e importante no setor lácteo e setor acadêmico, confira a sua entrevista rica de conhecimentos adquiridos ao longo da sua larga experiência no setor lácteo.
 
Bate-papo com Luiza:

1. Ciência do Leite - Na sua perspectiva, o ingresso de mulheres à vida acadêmica na área de laticínios, ao longo dos anos sofreu alteração quanto ao número de mulheres interessadas nesse setor? Se sim, percebeu se aumentou gradativamente ou um evento inexplicável em que, de repente, mais mulheres se interessaram? 

Luiza - O aumento do interesse das mulheres na área de laticínios parece ter sido um processo gradativo, em vez de um evento único ou pontual. Nos últimos anos, houve um aumento significativo no número de mulheres que ingressaram na vida acadêmica na área de laticínios. Antes, a indústria de laticínios era tradicionalmente dominada por homens, mas hoje, há mais mulheres ingressando em cursos técnicos, graduações e pós-graduações em laticínios e alimentos. Esse aumento pode ser atribuído a vários fatores, como mudanças nas atitudes em relação às mulheres no local de trabalho, maior conscientização sobre a igualdade de gênero e aumento do número de mulheres em cargos de liderança em empresas de laticínios.  Além disso, a indústria de alimentos e laticínios tem se desenvolvido e se animado muito nos últimos anos, criando mais oportunidades de emprego e estudo. Acredita-se também que a mudança cultural em relação ao papel das mulheres no local de trabalho teve um impacto significativo nessa tendência. Como as mulheres estão cada vez mais buscando carreiras em áreas que antes eram dominadas pelos homens, e a área de laticínios é uma delas, parece que a crescente presença feminina é o resultado de uma série de fatores que ocorreram ao longo do tempo, em vez de um único evento ou acontecimento. Além disso, a indústria de laticínios tem visto um aumento na demanda por produtos derivados do leite, o que tem criado mais oportunidades de trabalho e estudos na área. Isso pode estar atraindo mais mulheres para a área, que estão buscando uma carreira em um setor dinâmico e em crescimento. Não há um único evento específico que possa explicar o aumento gradual no número de mulheres que ingressaram na vida acadêmica na área de laticínios. Em vez disso, é provável que seja o resultado de uma série de mudanças culturais e sociais que ocorreram ao longo das últimas décadas.

 

2. Ciência do Leite - Na vida acadêmica, a presença masculina é maior que a feminina? A que atribui esse fator? Seria por não ser uma área interessante para as mulheres ou por ser uma área acadêmica desconhecida para as mulheres?

Luiza - Na área acadêmica de laticínios, historicamente, a presença masculina foi maior do que a feminina. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento gradual no número de mulheres que ingressaram na vida acadêmica nessa área. As razões pelas quais a presença masculina é historicamente maior do que a feminina na área acadêmica de laticínios podem incluir uma série de fatores, como a percepção de que a área é "dominada por homens". Isso pode ter desencorajado mulheres a procurar oportunidades na área. Dificuldades associadas com a maternidade, muitas mulheres podem ter enfrentado dificuldades associadas com a maternidade, como ter que interromper os estudos para cuidar dos filhos, o que pode afetar a continuidade de suas carreiras na área acadêmica. Falta de modelos femininos. A falta de exemplos femininos na área acadêmica de laticínios também pode sido um fator. As mulheres podem ter sentido menos encorajadas a seguir carreiras em áreas onde poucas mulheres eram bem-sucedidas. No entanto, é importante notar que essas barreiras foram sendo gradualmente superadas. As mulheres estão se tornando cada vez mais interessadas na área de laticínios e as instituições acadêmicas estão trabalhando para criar um ambiente  inclusivo e acessível para todos os estudantes, independentemente do gênero.

3. Ciência do Leite - Quão realizada você se sente com seus trabalhos desenvolvidos durante esses anos para o setor lácteo?

Luiza - Com meu trabalho como Técnica em Leite e Derivados, Coordenadora de Transferência e Difusão de Tecnologia da EPAMIG/Instituto de Laticínios Cândido Tostes e na coordenação de diversos eventos da instituição me sinto bastante realizada pois sei que levei o nome da nossa escola de laticínios além das fronteiras brasileiras. Uma das minhas maiores realizações foram os 28 livros sobre leite e derivados, administração em marketing e qualidade total e assuntos diversos sobre a história da Cândido Tostes, que me deram a oportunidade de conhecer inúmeras personalidades desde segmento. Posso dizer que o setor lácteo é extremamente importante para muitos países em todo o mundo e desempenha um papel significativo na economia global. O setor oferece muitas oportunidades de trabalho em diversas áreas desde a produção, processamento, pesquisa, desenvolvimento de novos produtos, inovação e segurança alimentar. Além disso, tem um papel importante em fornecer produtos nutricionais para as pessoas, incluindo fontes importantes diversos nutrientes essenciais a vida humana. Portanto, o trabalho desenvolvido na área de laticínios pode ter um impacto significativo na saúde pública e no bem-estar das pessoas.

4. Ciência do Leite - O que a vida acadêmica na área de leite e derivados pode oferecer às mulheres quanto à realização profissional?  

Luiza - As mulheres podem ter sucesso em diversas carreiras dentro da indústria de laticínios, desde cargos de gestão até posições mais técnicas. Existem inúmeras áreas dentro dessa indústria, já citadas anteriormente.  Além disso, existem muitas organizações e empresas que buscam aumentar a representatividade feminina nesse setor, promovendo a igualdade de gênero e proporcionando um ambiente de trabalho inclusivo. Algumas das áreas em que as mulheres podem se destacar incluem pesquisa e inovação, onde mulheres com formação em ciência dos alimentos, engenharia de alimentos ou biotecnologia podem trabalhar em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos ou melhorias nos já existentes. Produção, quando mulheres podem trabalhar desde o beneficiamento até o produto final, incluindo controle de qualidade, gerenciamento de processos e logística. Sem falar na qualidade dos derivados do leite. Profissionais de qualidade são responsáveis por garantir que todos os produtos fabricados atendam aos requisitos de qualidade e segurança.

5. Ciência do Leite - Durante seus estudos e trabalhos desenvolvidos neste segmento, quais mulheres lhe inspiraram e que ainda hoje são enaltecidas pelo setor lácteo? 

Luiza - Vou homenagear todas as grandes mulheres que fazem parte do cenário lácteo falando sobre a primeira mulher que iniciou seus estudos e permaneceu ativa por mais de 60 anos como um grande exemplo de trabalho, dedicação e empoderamento. Trata-se da Dra. Pautilha Guimarães de Carvalho, que foi a pioneira neste segmento e em 1948, fez o Curso de Especialização em Laticínios no Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Em 1950, fundou a Escola Típica Rural em Rio Preto, Município de Resende, RJ, onde criou o Centro Social Rural e ministrava aulas para os filhos de colonos, fazendeiros sobre a fabricação dos derivados do leite. Até sua aposentadoria ainda era professora desses cursos para produtores rurais em todo o Brasil, treinando cerca de 800 pessoas. Elaborou cerca de 80 projetos de usinas, fábricas de laticínios de pequeno, grande e médio e pequeno porte. Sua irmã, Palmyra Guimarães de Carvalho também foi a primeira mulher a se formar no Curso Técnico em Leite e Derivados na mesma Institutição em 1951. Duas mulheres muito à frente de seu tempo.

6. Ciência do Leite - Qual conselho você gostaria de deixar para as mulheres que estão lendo sua entrevista hoje e desejam trabalhar na área de laticínios e alimentos?

Luiza - Se você deseja trabalhar na área de laticínios e alimentos, aqui estão algumas sugestões que podem ajudá-la a alcançar seus objetivos. Busque educação e treinamento na área, como um curso técnico ou superior e até mesmo de pós-graduação. Procure uma formação acadêmica adequada e/ou cursos de treinamento na área de alimentos e laticínios. Isso irá fornecer uma compreensão sólida das práticas e tecnologias utilizadas na indústria.  Conecte-se com profissionais da área, participe de eventos, conferências e feiras do setor. Essas oportunidades de networking podem ajudá-la a conhecer pessoas da indústria e aprender sobre as tendências e avanços recentes. Seja proativa. Mostre interesse em oportunidades de aprendizado e crescimento, faça perguntas, proponha ideias e sugestões. As empresas valorizam profissionais que demonstram interesse e iniciativa. Mantenha-se atualizada sobre as mudanças e tendências na indústria, incluindo regulamentações, tecnologias e demandas do mercado. Faça cursos regulares sobre aperfeiçoamento e reciclagem. Procure “inspiradores” na indústria, pessoas que possam orientá-la e compartilhar sua experiência. Um mentor pode ser uma fonte valiosa de conselhos e apoio ao longo de sua carreira. Lembre-se que a área de laticínios e alimentos é dinâmica e em constante evolução. Mantenha-se comprometido com o aprendizado contínuo e esteja aberto a novas oportunidades e desafios. Com força, dedicação e trabalho duro, você pode alcançar seus objetivos e ter uma carreira gratificante nesta área. Lembre-se de que a realização profissional pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. É importante que você defina o que isso significa para você e encontre um caminho que seja verdadeiro e gratificante para o seu futuro. 

7. Ciência do Leite - Se fosse possível voltar ao passado, o que você hoje aconselharia para a Luiza que iniciou esta jornada no setor lácteo?

Luiza - Eu simplesmente falaria... Percorra o seu caminho novamente. Faça tudo o que lhe foi permitido fazer, e se possível, coloque sempre um pouco mais de amor. Vá em busca dos seus sonhos.  Independentemente do setor ou área de atuação, o importante é ter paixão pelo que faz e estar disposto a trabalhar sério para alcançar seus objetivos. Ao longo do caminho, surgirão desafios e obstáculos a serem superados, mas com confiança e fé é possível superar e alcançar o sucesso. Nos últimos anos, as mulheres desempenham papéis importantes em toda a cadeia de produção de laticínios, desde a produção de leite nas fazendas até a fabricação de diversos queijos e outros produtos lácteos. Além disso, muitas mulheres têm sido ativas na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas de produção na indústria de laticínios, como as minhas colegas e amigas professoras e pesquisadoras da EPAMIG/Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Acredito que, com o tempo, veremos uma diversidade de gênero ainda maior na área acadêmica de diversas outras profissões. A presença e participação feminina no universo lácteo é hoje, com certeza, uma inegável realidade.

Nosso mais sincero agradecimento a Luiza pela sua disponibilidade de tempo e atenção dada a nossa equipe para o desenvolvimento dessa edição especial ao dia da mulher, desejamos que pela sua contribuição de vida e a entrevista concedida ao nosso portal possamos ter amparado a diversas mulheres que desejam ingressar seus estudos acadêmicos no setor lácteo.

E você querido(a) leitor? Qual a sua opinião sobre a presença feminina nas atividades acadêmicas do setor lácteo? Nos conte também se gostou deste editorial! Deixe o seu comentário logo abaixo, teremos prazer em ler. 

Lembre-se de acessar no nosso portal a entrevista completa de mais duas grandes mulheres que participaram dessa edição especial de dia das mulheres, Maria Rosinete Souza Effting (Rosi) e Simone M. Andrade Couto.


Por: Nayara Ferreira Greco - graduanda de Marketing Digital
 


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