05/11/2023 às 10h57min - Atualizada em 05/11/2023 às 10h57min

Tipos de adoçantes e todas as suas implicações na indústria alimentar

O ingrediente é o mais conhecido como alternativa ao açúcar e atende a diferentes públicos e dietas.

Food Connection
Foto Divulgação Food Connection
Segundo relatório da pesquisa “Utilização de adoçantes no Brasil: uma abordagem a partir de um inquérito domiciliar”, produto da união de pesquisadores de diferentes regiões e instituições brasileiras, o uso de adoçantes entre a população adulta brasileira foi de 13,4%. A estimativa se aproxima do dado de consumo de adoçantes pelos estadunidenses, país em que também há uma prevalência de 10% do uso de diferentes tipos de adoçantes pela população. O sabor adocicado costuma ser uma preferência quase majoritária entre os consumidores. Principalmente no Brasil, onde a população está historicamente acostumada a consumir receitas com mais açúcar graças ao passado colonial, marcado pela alta produção açucareira.

Seja para adoçar o cafezinho ou para saborizar receitas de sobremesa mais populares, o açúcar é um produto da rotina dos consumidores. Apesar de adocicar o paladar e provocar boas sensações, o consumo de açúcar também está associado ao desenvolvimento de problemas de saúde como a diabetes, obesidade, hipertensão e outras problemáticas associadas a dietas com excesso de carboidratos. Os adoçantes surgiram, então, como alternativa mais saudável e como uma maneira de não restringir totalmente o sabor doce da dieta de pessoas que já desenvolveram essas doenças ou para quem deseja manter o equilíbrio na rotina alimentar. 

Alternativas ao açúcar refinado - O refinamento do açúcar é o processo químico de manipulação da matéria-prima em que há adição de aditivos químicos para branquear o açúcar. Neste processo, muitas vitaminas e minerais são perdidos e o produto final é mais pobre em nutrientes. Mas é o processo mais barato de produção, por isso, é o tipo de açúcar mais fácil de ser encontrado e mais barato para compra. Os adoçantes, embora também sejam produzidos a partir de intervenções químicas, representam uma alternativa em que a modificação da composição é intencionalmente pensada para ser mais saudável em comparação ao açúcar tradicional.

Adoçantes artificiais - Os adoçantes artificiais mais populares são a sacarina, o aspartame, a sucralose e o acessulfame de potássio. Geralmente são vendidos no formato líquido ou em pó e costumam ter quase 0 kcal por porção, o que é um atrativo para pessoas em dietas com rígido controle calórico. Os adoçantes artificiais não são compostos nutritivos pois cumprem um papel exclusivo de adocicar o paladar e proporcionar o sabor doce, sem outras funções nutricionais associadas. Essa categoria costuma conter sódio na composição, o que cria uma restrição de uso para pessoas com hipertensão. Há uma discussão importante a respeito da associação do desenvolvimento de câncer e outros problemas mais graves relacionados ao consumo de adoçantes artificiais. 

No circular mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc), o aspartame foi classificado como “possivelmente cancerígeno”. A nova classificação não é determinante pois os estudos ainda estão em desenvolvimento, mas cria um alerta para que a população evite o consumo de adoçantes artificiais e priorize o consumo de naturais.

Adoçantes naturais - Extraídos da natureza, de frutas, plantas, grãos e cereais, os adoçantes naturais se tornaram cada vez mais populares por representarem uma alternativa ao açúcar refinado, ao mesmo tempo em que são fontes nutritivas e com benefícios funcionais, além do sabor naturalmente adocicado. Os principais tipos de adoçantes naturais são o xilitol, taumatina, estévia, sorbitol, eritritol, manitol e maltitol. A frutose pode ser considerada um tipo de “açúcar natural”, mas não necessariamente um tipo de adoçante, pois ela não pode ser manipulada como um ingrediente em separado a ser adicionado aos produtos alimentares.

Informações nutricionais sobre os tipos de adoçantes - Como podem ser de fonte vegetal, esses adoçantes agregam em valores nutritivos e até com benefícios preventivos para a saúde, como o caso do xilitol, com indícios de que atua contra cáries. O potencial de adocicar desses adoçantes é igual ou bastante superior ao do açúcar e o sabor varia de acordo com a matéria-prima, mas costumam ser substâncias com alguma medida de refrescância e poucas notas de amargor.

Aplicações na indústria alimentar
Dentro da indústria alimentícia, os produtos dietéticos, como os adoçantes, apareceram pela primeira vez como substitutos ao açúcar dos refrigerantes e dos snacks, no final do século XIX e início do século XX. Era o momento dos rótulos diet, indicados para pacientes diabéticos e para o tratamento da obesidade. Com o passar do tempo e o aumento da conscientização da população sobre alimentação saudável e o desenvolvimento de um estilo de vida mais preocupado com a origem dos ingredientes, um selo de light ou diet não é mais suficiente para que o produto faça parte da cesta dos consumidores. A indústria de dietéticos se expandiu para outros grupos de interesse, como praticantes de atividades física, atletas amadores e pessoas que querem seguir uma dieta com menos açúcar artificial. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), em 2022 o consumo de bebidas dietéticas teve aumento de 13,4% e 11,5% nos adoçantes comparado à 2021. Na composição do refrigerante zero há adoçantes como o aspartame, por exemplo. Mas há produtos industrializados que optam por receitas com adoçantes naturais, principalmente da família dos edulcorantes como o sorbitol.

O que preferem os consumidores? Em estudo publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, constatou-se um aumento do consumo de adoçantes em 200% entre o público infantil e de 54% entre o público adulto. A entrada do público mais jovem chama atenção porque a obesidade infantil acomete pelo menos 12% das crianças brasileiras, segundo dados da OMS. Portanto, o consumo de adoçantes em substituição aos açúcares refinados é um ponto de partida interessante para pensar a saúde alimentar desde a infância.
Já para o grupo adulto, a tendência de aumento de consumo dos adoçantes certamente está relacionada à mudança dos hábitos alimentares e de estilo de vida vividos desde a pandemia, em 2020. A população ficou mais preocupada em retomar ou iniciar cuidados com a saúde física e mental após o período pandêmico. Isso inclui novas rotinas alimentares, com a redução do consumo de açúcares, gorduras saturadas, sódio e produtos ultraprocessados.

Legislação e regulamentação dos adoçantes no Brasil - Como qualquer outro produto alimentício, os adoçantes passam por diferentes processos de regulamentação e de indicação do consumo diário adequado. Mesmo que sejam substitutos interessantes ao açúcar refinado, não significa que podem ser consumidos em qualquer quantidade. Exagerar nos ingredientes adoçantes pode causar prejuízos à saúde. Nesse sentido, a OMS, em nível mundial, e a Anvisa, em nível nacional, são os órgãos responsáveis por determinar os critérios de qualidade para produção e circulação dos adoçantes no mercado.

Dietas para emagrecimento e reeducação alimentar - Em diretriz mais recente, a OMS avaliou resultados científicos mais recentes e estipulou que os edulcorantes ou adoçantes sem açúcar, não podem ser utilizados como controladores de peso corporal ou como redutores de doenças como a diabetes. Isso significa dizer que o consumo dos adoçantes não está atrelado diretamente a reduzir gordura corporal ou evitar o desenvolvimento de diabetes. O novo critério trata apenas de esclarecer os reais efeitos da utilização do adoçante e não indica que os consumidores tenham que parar de utilizar ou que outros possíveis benefícios do ingrediente adoçante não existam. Para o Brasil, a Anvisa está avaliando o novo critério em conjunto com o Ministério da Saúde, para decidir sobre a decisão dentro do contexto da indústria nacional.  A produção e distribuição dos tipos de adoçantes no Brasil deve sempre passar pela autorização da agência e passa pela avaliação que segue à risca as orientações do Comitê de Especialistas em Avaliação de Segurança de Aditivos Alimentares da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da OMS.

Fonte: Food Connection

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