05/04/2024 às 09h37min - Atualizada em 05/04/2024 às 09h37min

Minimalismo nas embalagens de produtos lácteos

No contexto contemporâneo, onde tanto a simplicidade quanto a funcionalidade são valorizadas, o minimalismo surge como uma abordagem de design que redefine a apresentação dos produtos ao consumidor.

Clarice Coimbra Pinto e Drª Claudety Barbosa Saraiva
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais/ Instituto de Laticínios Cândido Tostes
Imagem Divulgação Freepik
No contexto contemporâneo, onde tanto a simplicidade quanto a funcionalidade são valorizadas, o minimalismo surge como uma abordagem de design que redefine a apresentação dos produtos ao consumidor. Essa tendência não é nova na indústria alimentícia, e os produtos lácteos não são exceção (Santin, 2015). Com embalagens simplificadas e designs elegantes, o minimalismo nas embalagens de produtos lácteos não só atrai a atenção, mas também comunica de maneira eficaz os valores da marca, conectando-se com consumidores em busca de autenticidade e simplicidade em suas escolhas alimentares. O termo “minimalista” teve origem em meados do século XXI, ligado a um estilo de arte que tem como característica principal mostrar o mínimo necessário para alcançar os resultados desejados (Pollak, 2016). Essa abordagem, que inicialmente era aplicada em arte, expandiu-se para várias áreas da sociedade, incluindo o design de embalagens. 

O poder do minimalismo: menos é mais
A essência do minimalismo reside na ideia de que menos é mais. Simplificando elementos visuais, cores e tipografia, as embalagens minimalistas eliminam o excesso, permitindo que a qualidade do produto e a mensagem da marca se destaquem. No contexto dos produtos lácteos, onde a frescura e a pureza são características desejáveis, o minimalismo oferece uma abordagem estética que reflete esses valores.

Uma das principais vantagens do minimalismo nas embalagens de produtos lácteos é a clareza da mensagem. Com designs limpos e descomplicados, os consumidores podem rapidamente identificar o produto e entender sua proposta de valor. As cores suaves e neutras frequentemente associadas ao minimalismo transmitem uma sensação de frescor e naturalidade, alinhando-se perfeitamente com a natureza dos produtos lácteos.

Sustentabilidade e minimalismo
Além de sua estética atraente, o minimalismo nas embalagens de produtos lácteos também está alinhado com os princípios da sustentabilidade. Ao simplificar o design, as marcas podem reduzir o uso de materiais e recursos, minimizando assim seu impacto ambiental. Embalagens mais simples também facilitam o processo de reciclagem, contribuindo para a redução do desperdício e promovendo práticas mais sustentáveis na indústria. As embalagens sustentáveis surgem como uma ferramenta estratégica de marketing para divulgação da marca e produto, se tornando um dos fatores que podem contribuir para decisão da compra (Guelbert, 2007).
 
Minimalismo aplicado em embalagens
O objetivo das embalagens é proteger o produto, preservando suas características através de propriedades de barreira contra fatores ambientais como luz, umidade, oxigênio e microrganismos, garantindo sua integridade durante transporte e armazenamento (Sarantópoulos et al., 2002). Atualmente, as embalagens assumem diversas funções, incluindo estimular o desejo de compra, fornecer informações, servir como meio de comunicação e suportar ações promocionais. Uma tendência mais recente é a utilização de embalagens ativas, que interagem com o produto, e embalagens inteligentes, que também se comunicam com o consumidor. Assim, as embalagens evoluíram para além da simples proteção e se tornaram ferramentas para conservar, expor, vender e conquistar o consumidor por meio de seu visual atrativo e comunicativo. (Mestriner et al., 2002). Segundo a Associação Brasileira de Embalagem (ABRE, 2019), algumas empresas apostam na embalagem minimalista para encantar os consumidores. No contexto das embalagens de produtos lácteos, o minimalismo não se limita apenas à estética, mas também aborda questões de sustentabilidade, conforme a Figura 1.

Figura 1.  Minimalismo em embalagens de produtos lácteos. Fonte: Dos autores, 2024.

Para promover um impacto positivo nesse sentido, as embalagens devem ser produzidas com materiais provenientes de fontes ambientalmente responsáveis e utilizando tecnologias de produção limpas. Além disso, é essencial que sejam recuperáveis após o uso e que todo o ciclo de vida da embalagem seja considerado, desde a fabricação até a reciclagem, utilizando preferencialmente energia renovável. O minimalismo atrai aqueles que apreciam a estética sem os excessos. A premissa é que objetos e itens devem cumprir sua função de maneira direta, sem elementos suplementares desnecessários. Assim, a criação de um produto é baseada apenas nos recursos essenciais para sua concepção. Uma parte do conteúdo desses rótulos é a informação nutricional que, por sua importância para a saúde, deveria ser expressa com os melhores recursos do design da informação (ANVISA, 2020).

Diferença entre o rótulo e a embalagem
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil define rótulo e embalagem de acordo com as normativas específicas para produtos regulamentados (ANVISA,2020). A Figura 2 apresenta a diferença entre rótulo e embalagem.
Figura 2. Diferença entre rótulo e embalagem. 
Fonte: Dos autores, 2024.
Em resumo, enquanto o rótulo contém as informações essenciais sobre o produto, a embalagem é o recipiente que contém o produto e o protege. A relação entre ambos, é que o rótulo pode ser aplicado em uma embalagem já pronta. Portanto, por mais que sejam elementos diferentes, não podemos deixar de estar atento em relação a um equilíbrio por design de rótulos e embalagens e consequentemente, ambos são importantes para garantir a segurança e fornecer informações aos consumidores, e devem estar em conformidade com as regulamentações da ANVISA.
 
Segundo a (ANVISA, 2020) as principais informações que são obrigatórias para os rótulos de alimento, estão descritas na Figura 3. 
Figura 3. Principais informações obrigatórias para os rótulos de alimentos. 
Fonte: Adaptado de (ANVISA, 2020).
O que não pode nos rótulos de alimentos
Além dessas informações importantes que não podem deixar de constar, também há algumas que estão proibidas, como por exemplo: Apresentar palavras ou qualquer representação gráfica que possa tornar a informação falsa, ou que possa induzir o consumidor ao erro. Demonstrar propriedades que o produto não possua ou não possam ser provadas. Destacar a presença ou ausência de componentes que sejam próprios de alimentos de igual natureza como, por exemplo, destacar que um produto vegetal é livre de colesterol, quando o produto vegetal apresenta teor de colesterol. Indicar que o alimento possui propriedades medicinais ou terapêuticas ou aconselhar o seu consumo como estimulante para melhorar a saúde ou prevenir doenças.
 
Considerações finais
O minimalismo nas embalagens lácteas vai além da estética, refletindo os valores contemporâneos de autenticidade, simplicidade e sustentabilidade. Ao simplificar elementos visuais e transmitir mensagens claras, essas embalagens estabelecem uma conexão mais profunda com os consumidores. As embalagens sustentáveis, com materiais recicláveis e biodegradáveis, estão ganhando destaque, proporcionando experiências excepcionais ao público e fortalecendo a conexão com a marca. Portanto, é imprescindível manter as informações no rótulo do produto em conformidade com a legislação, que as define como obrigatórias.
 
Referências Bibliográficas
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 429, de 8 de outubro de 2020. Brasília: ANVISA; 2020.  Disponível em:<https://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/3882585/RDC_429_2020_.pdf/9dc15f3a-db4c-4d3f-90d8-ef4b80537380>. Acesso em: 04 de março de 2024.
ABRE - Associação Brasileira de Embalagem (2019). Embalagens apostam em design minimalista para encantar consumidores. Disponível em: <https://www.abre.org.br/inovacao/realidades-virtual-e-aumentada-como-o-varejo-pode-explorar-essas-tecnologias/>. Acesso em: 04 de março de 2024.
Guelbert, T. F., Guelbert, M., Correa, M., Leszczynski, S. A. C., & Guerra, J. C. C. (2007). A embalagem PET e a reciclagem: uma visão econômica sustentável para o planeta. In Anais do XXVII Encontro Nacional de Engenharia de Produção (pp. 1-11). Foz do Iguaçu: ANPAD.
Mestriner, F. (2002). Design de embalagem curso básico. São Paulo: Makron Books
Pollak, A. (2016). Information seeking and use in the context of minimalist lifestyles. Journal of Documentation, 72(6), 1228-1250.
Santin, J.; Vision Dairy (2015). "Conheça algumas das mais inovadoras embalagens para leite do mundo." Revista Milk Point. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/colunas/novidades-lancamentos-lacteos/conheca-algumas-das-mais-inovadoras-embalagens-para-leite-do-mundo-205840n.aspx. Acesso em: 04 de março de 2024.
Sarantópoulos, C. I. G. L., Oliveira, L. M., Coltro, L., Vercelino, A. R. M., & Corrêa, G. E. E. (2002). Embalagens plásticas flexíveis: principais polímeros e avaliação de propriedades. Campinas: CETEA/ ITA.

 
Autoras: Clarice Coimbra Pinto - Bolsista BDCTI - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)/ Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) e Mestranda em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados - Universidade Federal de Juiz de Fora.
 Claudety Barbosa Saraiva - Professora/Pesquisadora - Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)/ Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT).
FonteEmpresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG)/ Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT)

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