Os preços do leite, em Minas Gerais, registraram a segunda alta consecutiva em 2017. De acordo com os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), o litro foi negociado em março, referente à produção entregue em fevereiro, a R$ 1,24, valor 1,56% superior ao registrado no segundo mês do ano. A tendência é de nova valorização em abril. Porém, o consumo desaquecido e o aumento das importações poderão limitar a elevação dos preços.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, de janeiro para fevereiro, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L/Cepea) diminuiu 3,1%, na média dos estados de Minas Gerais, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Bahia e Goiás. No período foi registrada queda de 5,05% na captação de leite em Minas Gerais, a maior retração verificada entre os estados pesquisados. O período mais seco e a redução das chuvas prejudicam a qualidade das pastagens e, consequentemente, impactam de forma negativa na produtividade do rebanho.
Ainda conforme o levantamento feito pelo Cepea, foi verificada alta no preço médio nacional. A variação positiva foi de 1,4%, com preço médio líquido (sem frete e impostos) de R$ 1,232 por litro de leite.
Em Minas Gerais, foi verificada alta de 1,56% no preço líquido pago ao produtor em março, referente à produção entregue em fevereiro. O litro de leite foi vendido a R$ 1,24. O valor bruto, R$ 1,36, ficou 1,68% maior em março, quando comparado com o valor praticado em fevereiro.
Custos
Em relação aos custos de produção, foi verificada queda nos gastos em fevereiro. De acordo com ICPleite (Índice de Custos de Produção de Leite) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de leite (Embrapa Gado de Leite), em Minas Gerais, pelo segundo mês consecutivo, o custo de produção de leite recuou 0,49%, em relação aos custos apurados para janeiro de 2017.
A retração verificada nos custos se deve à queda de preços na ração para vaca e também nos farelos de soja, milho, trigo e algodão. Isto fez com que o grupo concentrado tivesse queda de 4% no mês. O grupo reprodução também apresentou queda de 0,07% nos custos.
No acumulado do primeiro bimestre, o ICPLeite/Embrapa registrou redução de 0,93% nos gastos. A maior queda foi registrada no grupo concentrado, com baixa de 6,93%. O elevado peso relativo do grupo compensou a elevação de custos registrada em outros grupos. O que apresentou maior variação positiva foi o da qualidade do leite (8,34%), seguido de sal mineral (5,83%), mão de obra (5,29%), produção e compra de volumosos (1,54%) e energia e combustível (0,33%).
“Março teve boas notícias para produtor de leite, que viu os preços subindo pelo segundo mês consecutivo e o custo caindo. O principal fator da alta nos preços foi a maior concorrência entre os laticínios. Já são três meses de queda na captação das principais bacias leiteiras e essa maior concorrência fez o preço do leite subir”, disse o zootecnista e consultor de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
Demanda está aquém do esperado pelo setor
Apesar da alta verificada nos preços recebidos pelos produtores de leite, a demanda pelo produto segue menor que a esperada pelo setor, mesmo após o retorno às aulas quando, normalmente, a demanda pelos produtos lácteos aumenta. A demanda menor é atribuída ao comprometimento da renda das famílias, em função do maior desemprego. Além disso, com a matéria-prima se valorizando no campo, o repasse desse aumento ao consumidor dificulta ainda mais as vendas.
“O mercado do leite subiu, mas alguns fatores merecem atenção. Do lado da produção, nos próximos meses, haverá um volume maior no Sul do País. Outro ponto são as importações que estão em alta, e isso colabora para aumentar a concorrência do leite nacional com o importado, aumentando a pressão e limitando o aumento dos preços do leite. O terceiro ponto é a demanda interna, que está patinando. Juntos estes fatores podem limitar as altas de preços em médio e curto prazos”, explicou o consultor de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro de Lima Filho.
Para abril, a maioria dos representantes de laticínios e cooperativas consultados pelo Cepea espera novo aumento nos preços do leite recebidos pelo produtor. Porém, as possibilidades de estabilidade em curto e médio prazos ganham força, devido à demanda enfraquecida.
Fonte: Diário do Comércio