15/01/2008 às 12h41min - Atualizada em 15/01/2008 às 12h41min

Futuro promissor para exportação de leite

É usual ouvir entre analistas que o leite é hoje no Brasil o que a carne bovina era no início desta década. Ao fazer essa comparação o que os especialistas querem dizer é que assim como o potencial de exportação de carne bovina era forte naquele momento - e efetivamente se concretizou nos últimos anos -, o mesmo pode acontecer com o leite no futuro. Cenário que colocaria o país ao lado de grandes exportadores do produto como Nova Zelândia e Austrália.

A elevação da demanda no mercado internacional, principalmente na China, e a menor oferta em países produtores de leite em 2007 geraram uma reviravolta no setor, fazendo os preços mais do que dobrar em um ano. Cenário propício para o Brasil mostrar a que veio.

E efetivamente, o avanço já começou, com as exportações atingindo recorde este ano. Entre janeiro e novembro, as vendas externas totais de lácteos somaram US$ 229 milhões, quase 79% mais do que no mesmo intervalo de 2006. O volume total ficou quase estável, em 82,9 mil toneladas, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio citados pela CNA.

Quando os números são destrinchados vem à tona um dado muito relevante: das exportações totais no período, US$ 120,4 milhões foram leite em pó, 333% mais do que no mesmo intervalo de 2006. Em volume foram 29,6 mil toneladas, mais do que o dobro das 13,2 mil toneladas de janeiro a novembro de 2006. O preço médio ficou em US$ 4,067 mil por tonelada; tinha sido de US$ 2,09 mil por tonelada até novembro de 2006.

Uma boa parte do leite em pó foi comprada pela Venezuela, que vive escassez de alimentos. Só em novembro o país importou do Brasil US$ 32,5 milhões em produto, um volume de 6,5 mil toneladas.

Marcelo Costa Martins, assessor técnico da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), explica que a forte demanda internacional por leite em pó - o principal item da pauta de exportação de lácteos - gerou uma "transferência de produto". Como decidiram vender mais leite em pó ao mercado externo, as empresas reduziram os embarques de leite condensado, outro item importante na pauta exportadora. De janeiro a novembro, as vendas externas do produto chegaram a 24,9 mil toneladas, ante 45,9 mil toneladas do mesmo período de 2006. Em receita, a queda foi menor, de US$ 55,9 milhões, para US$ 36,6 milhões, segundo o Ministério.

Enquanto as exportações cresceram, as importações ficaram estáveis. Até novembro foram US$ 139,8 milhões e no mesmo período de 2006, US$ 139,3 milhões.

"O leite tem tudo para ser uma commodity importante para o Brasil", afirma Alfredo de Goye, presidente da trading Serlac, parceira da Itambé na exportação.

Um estudo feito por ambas indica que a produção brasileira de leite, hoje em 26 bilhões de litros por ano, pode crescer a uma taxa anual de 4,7% até 2020, o que elevaria a produção para 50 bilhões de litros. Como o consumo - hoje em 25 bilhões de litros - cresce a uma taxa anual de 1,7%, o Brasil teria uma demanda interna de 40 bilhões em 13 anos e excedente exportável de 10 bilhões de litros.

Ele destaca que a melhor remuneração dos produtores - entre novembro 2006 e novembro deste ano, a alta foi de 38% - também estimula a maior produção de leite.


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