12/05/2017 às 11h37min - Atualizada em 12/05/2017 às 11h37min

Produção de leite garante sucessão rural para jovem casal de Marques de Souza - RS

Mel, Paciência, Penélope, Castelhana, Gringa, Merkel, Brahma, Zelândia. Esses são alguns dos nomes das vacas produtoras de leite que o jovem casal Paulo Wommer e Paola Closs, de Marques de Souza, mantém na propriedade em que trabalham juntos, na localidade de Linha Tigrinho. O carinho para com os animais - explicitado pelo fato de reconhecer cada um deles por um nome - tem a ver com a importância da bovinocultura leiteira em suas vidas. Especialmente pelo fato de, atualmente, as 18 vacas em lactação renderem uma média diária de 385 litros de leite.

Paulo e Paola ainda podem ser considerados novatos na atividade. Especialmente Paola que, antes de conhecer o futuro marido, sempre havia morado e trabalhado na cidade. Foi no primeiro semestre de 2015 que resolveram arrendar a área de terras em que hoje desenvolvem a atividade. E que pertence aos antigos patrões de Paulo, com quem trabalhou durante muito tempo em um camping local. Na época, as 11 vacas em lactação rendiam 130 litros de leite por dia. A baixa litragem, somada à falta de qualidade do produto, quase os fez desistir da atividade.

A situação mudou após uma conversa com os extensionistas da Emater/RS-Ascar, que iniciaram um processo que contribuiria para a transformação da propriedade. "Foram diversas ações, como análise de solo, acesso ao crédito e orientação técnica permanente, que possibilitaram um melhor planejamento para a atividade", ressalta o técnico em Pecuária, Diovane Cardoso. "Lembro-me de, quando ele (Diovane) foi embora daqui, após a sua primeira visita, ter dito para a Paola que nunca mais queria o ver na propriedade", sorri Paulo, a respeito do fato de "alguém de fora" vir dar pitaco no seu trabalho.

Hoje, olhando para trás e vendo como a atividade foi fortalecida por meio da parceria entre ambos e o serviço de assistência técnica, Paola concorda com o fato de haver ainda certo conservadorismo ou mesmo algum tipo de receio quando o assunto é a necessidade de mudanças. Especialmente aquelas que envolvem a quebra de certos paradigmas. "Sei que muita gente ainda estranha a forma como trabalhamos, como investimos, por exemplo, em nossas pastagens permanentes, e como nos dedicamos", analisa. "Mas é muito provável que o nosso caminho fosse desistir do leite, se não conseguíssemos "sair do chão"", pondera a jovem.

Cardoso valoriza o processo vivenciado pelo casal que, mesmo sem ter muita experiência, aceitou o desafio de investir em uma atividade que pudesse ser considerada nova. "Eu trabalhava como costureira em Arroio do Meio, quando o Paulo me convidou para auxiliá-lo no leite", lembra Paola, gargalhando em seguida pelo fato de ter tido muito medo no início. "No começo não foi fácil, pois eu sequer tinha noção sobre como tudo funcionava, ou sobre a necessidade de estar presente na roça todos os dias", salienta a jovem. "É preciso amar o que se faz e esse é o nosso caso", completa.

Com investimentos em uma sala de ordenha, em equipamentos como distribuidor de esterco líquido, em um silo para armazenagem de ração e em ampliação de áreas de pastagens - contando com o acesso ao crédito através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) -, o casal projeta a permanência na propriedade. "Nossa intenção é melhorar ainda mais a produtividade, mas sem necessariamente aumentar o número de animais em lactação", projeta Paulo. "E com o apoio da família, tudo ainda fica melhor", comemora.

Com a intenção de qualificar ainda mais os processos dentro da propriedade, a Emater/RS-Ascar incluiu Paulo e Paola no programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), do Governo do Estado. "A intenção" observa Cardoso, "é incorporar a gestão integral da propriedade rural, incentivando ainda mais o protagonismo da juventude, a autonomia da mulher na propriedade, como já podemos ver nesse caso, e a geração de renda, com qualidade de vida", comenta.

Cardoso reforça o fato de que este tem sido o padrão daqueles produtores que permanecem na atividade e que investem na propriedade. "No caso do Paulo e da Paola, a pastagem permanente de verão ainda está produzindo, enquanto as anuais de inverno ainda não chegam ao ponto de corte", analisa. Para o técnico, é este o tipo de ação que possibilitou ao casal um aumento de 196% de produção na litragem e de 81% na produtividade, no que diz respeito a litros por animal. "E isto representa não apenas redução de custos, como aumento da qualidade do produto oferecido", finaliza.


Fonte: Emater/RS 


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