03/03/2024 às 09h12min - Atualizada em 03/03/2024 às 09h12min

As proteínas dos lácteos podem ser resposta para o controle da insulina e dos níveis de glicose no sangue

Pessoas com diabetes tipo 2 evitam determinados carboidratos que elevam os níveis de açúcar no sangue.

The Dairy Site, tradução livre: Terra Viva.
Associação Brasileira das Indústrias de Queijos
Foto Divulgação Associação Brasileira das Indústrias de Queijos
Pessoas com diabetes tipo 2 evitam determinados carboidratos que elevam os níveis de açúcar no sangue. Contar carboidratos é tão fácil quanto verificar o rótulo de nutrição com a quantidade de açúcar nos alimentos. Mas os carboidratos não são os únicos nutrientes que afetam os níveis de açúcar no sangue. Apesar de não terem açúcar, as proteínas podem influenciar – positivamente ou negativamente – a secreção de insulina e também a produção de glicose. No entanto, os rótulos nutricionais oferecem pouca ajuda quando se trata de compreender o impacto das proteínas, porque não é a quantidade de proteína que importa, mas sim sua fonte.

Em um novo estudo, o diretor executivo da California Dairy Research Foundation e doutorando, Gonca Pasin, e o cientista de nutrição e doutorando, Kevin B. Comerford, relatam que o leite e outros produtos lácteos são as únicas proteínas animais que mostram consistentemente efeitos benéficos na produção de glicose e secreção de insulina.
Para entender por que os produtos lácteos têm efeitos diferentes dos da carne bovina, de porco ou aves, os autores sugerem ver além dos rótulos nutricionais e olhar a matriz alimentar. Embora pareça algo de ficção científica, a abordagem da matriz alimentar significa simplesmente considerar a complexidade dos alimentos ao invés de olhar para um determinado nutriente. E o leite é um alimento muito complexo.

Compare um copo de leite com 28g de carne bovina; ambos vêm da vaca, e ambos fornecem aproximadamente a mesma quantidade de proteína. Mas uma vez consumido, grandes diferenças entre essas fontes de proteína tornam-se aparentes. Um corte de carne vem do tecido muscular e é composto de proteínas estruturais. Em contraste, o leite evoluiu para ser uma fonte de alimento para desenvolvimento da prole e contém proteínas com funções imunológicas, hormonais e nutricionais. Como resultado, o leite contém tipos únicos de proteínas que são biologicamente mais ativos no corpo humano do que aqueles de tecido animal. “Nem todas as fontes de proteína são igualmente criadas em suas habilidades de modular a secreção de insulina e a sensibilidade a ela”, explicam os autores.

Um grupo de proteínas que parece ter uma influência particularmente forte na produção de insulina é o soro. Talvez mais conhecido pelo seu papel na promoção do crescimento muscular, a proteína do soro de leite tem demonstrado efeito sobre a secreção de insulina. De fato, os mesmos aminoácidos de cadeia ramificada das proteínas do soro, que desempenham um papel na estimulação da síntese de proteínas no tecido muscular, também estimulam a produção de insulina no pâncreas. Além disso, as proteínas do soro de leite podem influenciar positivamente a sensibilidade à insulina. Os autores relatam um estudo que descobriu que o consumo de leite em indivíduos com diabetes tipo 2 resultou em um aumento cinco vezes maior na resposta à insulina do que o esperado com base na sua resposta à glicose. O que poderia explicar essa divergência? Uma sugestão é que as cadeias de aminoácidos das proteínas do soro de leite interagem com sinais químicos e hormonais das células de gordura. Em diabéticos do tipo 2, estes sinais impedem a insulina de mover a glicose da corrente sanguínea para dentro das células. No entanto, as proteínas do soro podem interferir com esses sinais, permitindo que a insulina faça seu trabalho efetivamente.

Apesar de possuírem proteínas únicas, os produtos lácteos são muitas vezes agrupados em outras proteínas animais em estudos de corte prospectivos a longo prazo que investigam a associação entre a dieta e o risco de desenvolver diabetes tipo 2. Esses estudos descobriram que, em comparação com as proteínas vegetais, as proteínas animais estão associadas a um maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 e, portanto, recomendam a substituição de proteínas animais – incluindo lácteos – por proteínas vegetais.

Mas, como explicam os autores, “os estudos que ignoram a natureza amplamente heterogênea dos grandes grupos de alimentos e simplesmente avaliam a proteína vegetal perante a proteína animal, com certeza perderão advertências críticas fundamentais nas relações únicas entre diferentes fontes de proteína e o risco de diabetes tipo 2”. De fato, quando o tipo de proteína é avaliado individualmente, as proteínas lácteas têm a mesma associação de menor risco que as proteínas vegetais. A evidência epidemiológica constata repetidamente que uma maior ingestão de alimentos lácteos, incluindo leite, queijo e iogurte, reduz o risco de desenvolver diabetes tipo 2.

Importante, é improvável que a proteína do soro trabalhe sozinha. O cálcio, magnésio e até mesmo a presença de probióticos em produtos lácteos fermentados pode ajudar ou trabalhar sinergicamente com a proteína do soro de leite para influenciar positivamente na regulação da glicose no sangue. Daí a ênfase na abordagem da matriz alimentar – consumimos alimentos e não nutrientes, o que requer olhar todos os componentes para avaliar possíveis benefícios à saúde. Os autores acreditam que, dada a interação entre os ingredientes dos alimentos que comemos e a maneira como nossos corpos metabolizam a glicose e produzem insulina, escolhas dietéticas podem ser altamente eficazes no controle das diabetes tipo 2. Mas eles também alertam que “a idade da pessoa, o nível de atividade, a composição corporal, os níveis hormonais, a genética, a microbiota intestinal e o estilo de vida desempenham um papel enorme na reação a diferentes alimentos e padrões alimentares. Portanto, nem todas as pessoas se beneficiarão da mesma intervenção dietética.”

• Eles também recomendam se afastar da pesquisa nutricional baseada na população e procurar abordagens mais personalizadas. Com 30 milhões de americanos atualmente diagnosticados com diabetes tipo 2, e mais dezenas de milhões com risco de desenvolver a doença, esta abordagem personalizada pode ser bastante desafiadora. Como a diabete é a sétima principal causa de morte nos Estados Unidos, a pesquisa sobre a influência dos lácteos no seu desenvolvimento é um desafio que vale a pena aceitar.

Fonte: ABIQ - Associação Brasileira das Indústrias de Queijos
Autor: The Dairy Site, tradução livre: Terra Viva.

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