21/03/2023 às 08h13min - Atualizada em 21/03/2023 às 08h13min

Saiba mais sobre o leite A2A2

Essencial para a saúde, o leite é considerado um alimento completo e rico em nutrientes. A composição do leite de vaca é de aproximadamente 87% de água e 13% de sólidos.

Kelle Zeferino D'ornellas, Rafael Bastos Teixeira e Jéssica Ferreira Rodrigues

Essencial para a saúde, o leite é considerado um alimento completo e rico em nutrientes. A composição do leite de vaca é de aproximadamente 87% de água e 13% de sólidos.

A proteína do leite é separada em duas partes, as caseínas e as proteínas do soro. As caseínas se fracionam em quatro grupos: alpha S1, alpha S2, kappa e β-caseína. Os tipos mais comuns de β-caseína nos bovinos são A1 e A2 (Figura 1). Essa composição deriva, especialmente, da raça e da dieta dos animais.

 

figura 1

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Figura 1: Composição do leite de vaca.

Fonte: Autoria própria.

MAS, AFINAL, O QUE É LEITE A2A2?

De maneira clara, podemos definir o leite A2A2 como aquele que possui apenas a β-caseína A2.

As variações A1 e A2 se diferenciam devido a troca do nucleotídeo (são compostos que auxiliam nos processos metabólicos) de citosina pelo de adenina (são elementos que fazem parte do DNA e do RNA), que acarreta a substituição de histidina, por prolina que são aminoácidos (Figura 2).

Essa modificação é capaz de alterar a digestão da molécula e acarretar outros efeitos. No momento em que as enzimas digestivas se relacionam com a molécula de β-caseína A1, ela é quebrada provocando a liberação de uma substância, o BCM-7. Em contrapartida, na variante A2, a participação da prolina em vez da histidina, impede a produção de BCM-7.

Pesquisas têm relacionado o BCM-7 com efeitos negativos sobre a função gastrintestinal, causando sintomas como gases e desconforto abdominal após o consumo de leite em pessoas sensíveis a β-caseína A1.

 

figura 2

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Figura 2: Diferença do aminoácido da β-caseína A1 e A2 e a sua consequente quebra e liberação de BCM-7.

Fonte: Revista Leite Integral, <https://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-leite-a2>, 2019.

Antigamente, todas as fêmeas de espécies mamíferas produziam leite que continha apenas a β-caseína A2, mas devido uma mutação genética que ocorreu por volta de 10 mil anos, algumas vacas começaram a produzir a β-caseína A1.

Existem três genótipos (constituição genética de um indivíduo) possíveis de se encontrar: o A1A1 indica que o animal produz apenas a β-caseína A1; o A2A2 somente o tipo A2; e o A1A2 possui os dois tipos de β-caseína (Figura 3).

O genótipo é determinado através do teste de genotipagem, que é realizado através da amostra de material biológico (sangue ou pelo), onde o DNA é analisado no laboratório.

figura 3

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Figura 3: Relação do genótipo do animal e do tipo de leite produzido.

Fonte: Revista Leite Integral, <https://www.revistaleiteintegral.com.br/noticia/tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-leite-a2>, 2019.

Pesquisas recentes relataram que o leite A2A2 também pode estar relacionado a uma maior produtividade animal.

INTOLERÂNCIA À LACTOSE X APLV

Várias pessoas ainda têm dificuldade de distinguir a intolerância à lactose e a alergia a proteína do leite de vaca (APLV). Este equívoco ocorre, pois ambas são acarretadas pelo mesmo alimento, podendo manifestar alguns sintomas semelhantes, como diarreia e cólica. Entretanto, elas possuem causas diferentes.

A intolerância à lactose acontece quando o organismo não possui a capacidade de digerir a lactose (carboidrato do leite), devido à ausência total ou parcial da enzima lactase. Já a APLV é uma resposta imunológica adversa à proteína presente no leite de vaca. Seus sintomas são, possivelmente, provocados pelo BCM-7, resultado da digestão da β-caseína A1, ausente no leite A2A2.

Apesar de grande parte dos indivíduos não possuírem nenhum problema relacionado com a digestão da lactose e nem com a APLV, o leite A2A2 tem ganhado cada vez mais mercado como uma opção para as pessoas que sentem algum incômodo após a ingestão de leite de vaca.

Por Kelle Zeferino D'ornellas ([email protected]),  Rafael Bastos Teixeira ([email protected]) e Jéssica Ferreira Rodrigues ([email protected]).


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