18/03/2023 às 07h30min - Atualizada em 18/03/2023 às 07h30min

Intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca?

Saber a diferença entre a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite de vaca é muito importante, pois as duas têm causas e tratamentos diferentes.

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alergia à proteína do leite de vaca (APLV) é um tipo de alergia ao leite que desenvolve-se no início da vida, normalmente antes do primeiro ano de vida. Por ser uma condição que ainda desperta muitas dúvidas, apresentamos neste artigo as características, causas, sintomas e tratamentos da APLV.  

Intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca?

Saber a diferença entre a intolerância à lactose e a alergia à proteína do leite de vaca é muito importante, pois as duas têm causas e tratamentos diferentes. 

A APLV é um tipo de alergia ao leite que ocorre, em geral, antes do primeiro ano de vida da criança. Nele, o sistema imunológico do bebê reage às proteínas do leite de vaca, levando-o a desenvolver diversos sintomas, que podem ser imediatos (APLV IgE mediada) ou tardios (APLV não IgE mediada), como: 

  • Pele: manchas avermelhadas, coceira, inchaço.
  • Trato gastrointestinal: cólica intensa, diarreia, sangue nas fezes, refluxo, vômito, falta de apetite, ganho de peso insuficiente.
    Na APLV igE mediada pode apresentar episódios de anafilaxia 
  • Sistema respiratório: coriza, obstrução nasal, broncoespasmo, dificuldade para respirar, rouquidão, estridor na laringe.
  • Sistema circulatório: queda de pressão.
  • Sistema nervoso central: perda de consciência, desmaio.

Já a intolerância à lactose não envolve o sistema imunológico e é muito rara em crianças menores de cinco anos de idade. Essa condição causa a incapacidade de digerir o açúcar encontrado no leite de vaca, chamado de lactose, que está presente no leite materno e garante muitos benefícios aos bebês.

Mitos e verdades sobre a APLV

01. Crianças não se curam da APLV

Mito. De acordo com relatório publicado pela European Society of Paediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition (ESPGHAN), em 2012, cerca de 50% das crianças com alergia à proteína do leite de vaca desenvolvem tolerância a partir de um ano de idade, cerca de 75% até os três anos e 90% até completar seis anos.

02. Os sintomas da APLV podem surgir dias depois da ingestão do leite de vaca

Verdade. Há dois tipos de sintomas decorrentes da ingestão de leite de vaca: 

  • Imediatos: ocorrem minutos ou horas depois do consumo e, geralmente, são mais graves e persistentes, como urticária, angioedema (inchaço) e anafilaxia.
  • Tardios: podem surgir dias após o início do contato com o leite e o principal sinal são manifestações gastrointestinais.

03. O paciente com APLV precisa excluir a carne de vaca da dieta

Mito. O leite de vaca e seus derivados, como queijo, iogurte e manteiga, devem ser excluídos da dieta da pessoa com APLV ou da mãe que amamenta um bebê com a condição. No entanto, essa recomendação não vale para a carne de vaca, pois ela possui proteínas diferentes e só deve ser retirada da alimentação se for confirmada a reação após o consumo.

04. Algumas substâncias podem indicar a presença de proteínas do leite nos alimentos mesmo sem ter esse nome 

Verdade. Algumas substâncias que podem indicar a presença de proteínas do leite são caseína, caseinato, lactoalbumina, lactoglobulina, lactose, lactulose, proteínas do soro, manteiga, sabor artificial de manteiga e caramelo. 

05. APLV e refluxo podem estar relacionados

Verdade. O refluxo fisiológico é recorrente nos primeiros meses de vida e pode ser que o bebê apresente ambas as condições e uma interfira na outra. Por isso, é recomendável que as crianças com refluxo sejam avaliadas quanto esta associação nos casos suspeitos.

Diagnóstico e tratamento da alergia à proteína do leite de vaca

O diagnóstico da alergia à proteína do leite de vaca depende dos sintomas apresentados pela criança. Por isso, o primeiro passo é realizar o histórico clínico através de uma investigação minuciosa para identificar o tipo de reação, se a causa do sintoma é alimentar ou está associada a outras condições e os possíveis alimentos envolvidos. 

A partir da história clínica, o médico consegue constatar o mecanismo provável da alergia e definir os exames complementares. Quando há suspeita de alergia alimentar IgE mediada, pode-se solicitar o exame de sangue, que detecta a presença de anticorpos IgE específicos e as frações da proteína do leite de vaca, ou o teste cutâneo de hipersensibilidade imediata, em que o médico faz pequenas escoriações na pele do antebraço ou no dorso e coloca substâncias extraídas de alimentos para observar se há reações alérgicas locais.

No entanto, é importante compreender que esses exames não são suficientes para fechar o diagnóstico da APLV. A partir da história clínica e dos resultado dos exames que apontam para essa condição, o médico prescreve uma dieta isenta de leite e seus derivados para confirmar o diagnóstico. 

No caso de bebês amamentados, a mãe deve continuar amamentando, porém, em alguns casos, precisa cortar certos alimentos de sua dieta para evitar que a proteína do leite de vaca seja transmitida pelo seu leite.

Dependendo do caso, o profissional de saúde também pode sugerir o teste de provocação oral para confirmar o diagnóstico. O procedimento é feito introduzindo o leite em pequenas doses e aumento progressivo no volume. O teste deve ser feito na presença do médico, em ambiente hospitalar ou ambulatorial, para que a criança seja imediatamente medicada se apresentar alguma reação. 

A partir do diagnóstico, indica-se o tratamento, com a dieta de exclusão adaptada a cada caso. Normalmente, retira-se da dieta o leite e seus derivados, como queijo, manteiga e iogurte, e demais alimentos que contenham leite em sua composição.

O acompanhamento médico é fundamental para que substitutos adequados sejam orientados na dieta e as crianças se desenvolvam plenamente, adquirindo todos os nutrientes que precisam.

Fonte: Clínica Medfocus


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