20/05/2023 às 12h50min - Atualizada em 20/05/2023 às 12h50min

Sucesso na produção de laticínios de búfalas inicia pelo bem-estar animal

Fazenda São Victor, que produz a marca “Queijo do Marajó Fazenda São Victor”.

Cecília e Marcus Pinheiro
Revista A Lavoura

O Brasil possui um índice populacional de 208,4 milhões de habitantes, segundo estimativa de 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e uma diversidade enorme de mercados consumidores dentro do mesmo território. Aliado a isso, fatores comportamentais, culturais e biológicos vêm se refletindo no comportamento das pessoas quando o assunto é a motivação de consumo, priorizando a qualidade do produto final, mas especialmente  quando se trata do bem-estar dos animais.

Ainda tem sido cada vez maior a preocupação com empresas e produtores que preservem o meio ambiente. Diante disso, e mesmo que exista todo um aparato tecnológico oferecido pelas agroindústrias, para suprir a essa demanda alimentar, é necessário promover um despertar maior para a qualidade de vida e bem-estar dos animais, em prol da alta rentabilidade e, assim, gerar o mínimo de desperdício e obter boa posição em relação aos concorrentes.

Foi pensando nesse contexto e, como consequência, em ofertar ao consumidor um alimento nutritivo, valorizando os benefícios à saúde e satisfação das demandas sensoriais humanas, que o casal de produtores do laticínio de búfala Cecília e Marcus Pinheiro, da cidade Salvaterra – Ilha do Marajó, no Estado do Pará, adotou as melhores práticas na própria fazenda: a Fazenda São Victor, que produz a marca “Queijo do Marajó Fazenda São Victor”.

“Nosso trabalho respeita a preservação dos animais e meio ambiente. Medidas que refletem na qualidade do produto final, que é o queijo, proporcionando versatilidade e muito sabor. Temos a satisfação de apresentar um queijo cremoso, leve, saudável, natural, sem adição de conservantes, e com 100% leite de búfala do rebanho da fazenda”, garante Cecília.

Planejamento do negócio: 

Casal Cecilia e Marcus Pinheiro (na foto, com o filho Victor) prioriza o bem-estar animal e a qualidade do leite e derivados de búfalas, no interior do Pará. Foto Divulgação

Também bubalinocultor com ampla expertise em agronegócios, seu marido ressalta que um planejamento bem executado, valorizando as condições naturais para que os animais vivam na zona de conforto e sem estresse, é muito importante para obter êxito em qualquer cadeia produtiva, principalmente, quando se trata de laticínios.

“Vários fatores influenciam diretamente na produtividade e qualidade do leite, e consequentemente, nos derivados, entre eles podemos destacar a nutrição, a qualidade de vida e o bem estar do animal e capacitação da equipe com um todo”, explica Pinheiro.

Outro fator pontuado pelo profissional em bubalinocultura envolve o trabalho na composição genética dos búfalos, que objetiva aumentar a qualidade do leite e laticínios. Ele explica que, para a produção do Queijo do Marajó Fazenda São Victor, o casal optou em ter, no rebanho, búfalos da raça Murrah por apresentar mais saúde e vigor.

Esse animal possui uma constituição robusta e forte prevalência leiteira, além de ser dócil e incluir exigências de aprumos normais, com cascos fortes e bem conformados.

Mercados exigentes

Queijo do Marajó Fazenda São Victor atende à qualidade exigida por mercados do Brasil e do mundo. Foto: Divulgação

Além dos valores e benefícios alcançados com as práticas de bem-estar animal, a importância do método para a cadeia produtiva é a possibilidade de exploração e atendimento de mercados consumidores mais exigentes, por isso, hoje, os interesses estão voltados em alcançar a qualidade final desejada do produto por meio do bem-estar.

“Não podemos negar que o conceito “bem-estar” apresenta níveis de adoção e valores, os quais variam em função das diferentes óticas éticas, temporais, culturais e socioeconômicas de cada região. Mas, é importante ressaltar que, é um caminho sem volta e, em longo prazo traz melhorias diversas para o sistema de produção”, explana Pinheiro. 

O que é bem-estar animal? 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde Animal, o bem-estar animal é a maneira como o animal lida com seu entorno e, dessa forma, são incluídos comportamentos e sentimentos. Quando envolve a criação de animais de produção, as boas condições de bem-estar, quando atendidas, permeiam as “cinco liberdades”, que procuram adotar e incorporar padrões básicos e mínimos de qualidade de vida para os animais.

As Cinco Liberdades

Os animais têm direito a serem livres de sede, fome e má nutrição, da dor e da doença, do desconforto, de expressar o comportamento natural da espécie, além de serem livres do medo e do estresse.

“Cada espécie animal tem seu metabolismo, suas carências e sua forma de responder ao mundo que lhe cerca. Em cada sistema produtivo, as circunstâncias em que são mantidas e o modo como são manejadas serão diferentes. Portanto, partindo dessa premissa, é necessário respeitar e levar em consideração todos os aspectos naturais do manejo”, explica Pinheiro.

De acordo com ele, as boas práticas de manejo na ordenha com as búfalas é fundamental para a obtenção de leite com alta qualidade. “Ainda é necessário que o ordenhador seja capaz de perceber as necessidades dos animais sob seus cuidados, e que goste dos animais e de seu trabalho”, sintetiza o bubalinocultor.

Estudos também apontam para as qualidades particulares do leite de búfala provenientes, na maioria das vezes, da criação de búfalos em regiões tropicais. Para manter a proteção desses animais, a região Norte do Brasil é a mais adequada para a produção e manejo eficientes desse tipo de rebanho.

Conforto: Pesquisas realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostram que o conforto térmico oferecido pelas árvores e águas refletem de maneira positiva nos índices de produção, com destaque para o peso, quantidade e qualidade de leite, e inclusive na reprodução animal. Aspectos que refletem nos diferenciais da bubalinocultura brasileira, a exemplo de rebanho e pasto, e assim, consolidando a agropecuária na região Norte do Brasil.

Assim como em toda criação de animais, conforto térmico oferecido por árvores e águas refletem, positivamente, na produção de búfalos. Foto: Divulgação Instituto Bem-Estar

“Os fatores naturais e climáticos da Ilha do Marajó beneficiam em amplo aspecto na criação e manutenção, da maneira mais natural possível, dos búfalos, oportunizando uma criação mais saudável, até mesmo pelo baixo uso de medicamentos, além da preservação de todos os princípios do bem-estar do animal”, diz Pinheiro. Ele acrescenta que, por isso, eles se tornam mais resistentes a doenças e, como consequência, produzem um leite mais saudável, nutritivo e isento de toxinas. São “benefícios que se refletem nos derivados”, afirma.

Benefícios do leite de búfala: 

Do tipo A2, por essa razão o leite de búfala possui uma grande quantidade de nutrientes que são essenciais à saúde, tendo características bem peculiares que se diferenciam em termos de qualidade, quando comparadas às do leite de vaca. Além disso, a beta-caseína presente no leite A2 representa entre 25% e 30% do total de proteína do leite.

O leite de búfala contém apenas a beta-caseína A2, uma composição que faz com que seja mais digerível em relação ao convencional leite vaca, uma vez que possui tanto a A2 quanto a beta-caseína A1.

De acordo com informações da Fazenda São Victor, pesquisas mostram que há 10% mais de proteína no leite de búfala, o que auxilia no crescimento e desenvolvimento de crianças, adolescentes e adultos, por ser um nutriente necessário para quase todos os processos corporais. Também são encontradas as vitaminas A e C, e quantidades significativas de cálcio, ferro, zinco, antioxidantes, minerais e estimulantes do sistema imunitário.

Arquipélago do Marajó: 

Localizada ao norte do Pará, o Arquipélago do Marajó é o maior arquipélago fluviomarítimo do planeta, com aproximadamente 42 mil quilômetros de extensão e formado por algo em torno de 25 mil ilhas. Sua principal característica é ser uma ilha costeira do tipo fluviomarítima, ou marítimo-fluvial, banhada tanto por águas fluviais (rio Amazonas, Pará e Tocantins) quanto por águas oceânicas (Oceano Atlântico).

A ilha é dividida em 12 municípios: Santa Cruz do Arari, Afuá, Anajás, Breves (a capital da Ilha de Marajó), Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Muaná, Ponta de Pedras, Salvaterra, São Sebastião da Boa Vista e Soure. Mas as principais cidades da Ilha de Marajó são: Salvaterra, Soure e Cachoeira do Arari, na parte oriental da ilha, mais perto de Belém, região onde vive a maioria dos 250 mil habitantes do Marajó. As cidades de Soure e Salvaterra são os principais destinos turísticos na Ilha do Marajó, e por aqui parece que o tempo passa em um compasso diferente do continente e do resto do Brasil, e do mundo.

Marajó é o maior arquipélago fluviomarítimo do planeta, com aproximadamente 42 mil quilômetros quadrados de extensão e 25 mil ilhas. Foto: Fernando Sette/Divulgação Fazenda São Victor

O Brasil tem o maior rebanho de búfalos do Ocidente: 1,8 milhão cabeças, 80% nos Estados do Norte do País. Segundo dados da Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) do IBGE, realizada em 2017, a maior concentração de búfalos em território nacional é exatamente na Ilha do Marajó. 

A localidade contava com cerca de 520 mil cabeças (38% do total nacional), das quais mais de 320 mil estavam na costa norte e nordeste da ilha. Só o município de Chaves concentra pouco mais de 30% do rebanho do Estado, o que significa mais ou menos 160 mil animais. Considerado o segundo município com o maior número de búfalos no Brasil, é Cutias, no Amapá, onde havia em torno de 77 mil cabeças.


Premiação da Queijaria Fazenda São Victor

Criada em 2006, por meio do Projeto Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Queijo do Marajó, a Queijaria Fazenda São Victor conquistou o certificado de qualidade artesanal do produto. Detentora do selo 013 no segmento de produto artesanal no Pará, com a produção do Queijo Marajó Tipo Creme, a propriedade rural – comandada pelo casal Cecília e Marcus Pinheiro – conquistou premiações expressivas no gênero alimentício. Um dos destaques foi o primeiro lugar no 7º Encontro Nacional de Criadores de Búfalos e 2º Marajó Búfalos, tendo o reconhecimento na maior premiação de queijos artesanais. Foi medalha de bronze no 3º Prêmio Queijo do Brasil, e Super Ouro no 4º Prêmio Queijo Brasil, em São Paulo.

Queijo do Marajó da Fazenda São Victor levou a medalha Super Ouro no 4º Prêmio Queijo Brasil, em São Paulo. Foto: Fernando Sette/Divulgação

“A conquista não é só da nossa fazenda e, sim, da região, pois o queijo creme de Marajó é tradicional e existe há uns 200 anos. Então, é gratificante saber que ele foi considerado, entre cerca de 500 queijarias, o melhor do País”, disse a produtora Cecília Pinheiro, na ocasião do prêmio.

Produzindo, em média, 500 litros de leite de búfala por dia e 70 quilos de queijo, a Queijaria Fazenda São Victor também levou outra importante premiação, mas desta vez lá fora: emplacou na categoria Prata da 4ª edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, realizado na França.

 

Serviço: Queijaria Fazenda São Victor. Endereço: Margem direita do Rio Paracaury – Salvaterra/Marajó – PA
Contato: (91) 99166-0284
Facebook:  /queijodomarajofazendasaovictor  Instagram: @queijodomarajofazendasaovictor

Fonte: Fazenda São Victor


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