29/12/2020 às 08h37min - Atualizada em 29/12/2020 às 08h37min

Retrospectiva 2020

Marco Antonio Cruvinel Lemos Couto
Diferente da perspectiva, não vou precisar ter uma bola de cristal para saber o que aconteceu, basta relembrar. Também queríamos comparar com as perspectivas que foram relatadas no início do ano. E relendo o que escrevemos em fevereiro de 2020, quando ninguém imaginava o que ia acontecer como a pandemia do corona vírus, eu fiz a seguinte leitura:
Primeiro caso no Brasil de Covid foi 26 de Fevereiro de 2020, e dia 22 de Fevereiro mandei o texto das perspectivas 2020 para edição e publicação, portanto antes do Brasil anunciar oficialmente o surto de corona vírus. 
Dissemos que o mercado lácteo iria continuar aquecido, e que o leite estava entrando o ano em alta, e naquele momento estava quase R$ 2,00 o litro. Chegamos a R$ 2,30/Lt. Dissemos também que o dólar estava em disparada, e já estava em R$ 4,37, e pouco tempo depois chegou a R$ 6,00. Finalizamos o ano com dólar próximo de R$ 5,40 e que a China iria se tornar um possível importador de lácteo nosso, mas que naquele momento tudo estava muito instável na China. Ela importou muito mesmo nesta pandemia, chegou a bater recorde de compra.
Também foi colocado que o brasileiro estava aumentando o consumo de lácteos e também estava procurando produtos de mais qualidade. A pandemia potencializou isto em uns 30% a mais que era esperado no consumo. Este consumo foi sustentado pelo auxílio emergencial. As vendas de lácteos passaram a registrar desempenhos positivos a partir de maio e os estoques de lácteos como o leite UHT, muçarela e leite em pó permaneceram em volumes baixos. Isso manteve os preços dos lácteos em constante elevação, atingindo recordes subsequentes, até o maior patamar verificado, em setembro.
De acordo com pesquisas do Cepea, de janeiro a novembro, o preço do leite (“Média Brasil” líquida) acumulou forte alta de 47,7%, influenciado principalmente pelas consecutivas elevações entre junho e outubro. O preço de outubro atingiu o recorde real da série histórica do Cepea, de R$ 2,1586/litro. Na média de 2020, o preço foi de R$ 1,7135/litro, 16,4% acima da registrada em 2019, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA). 

As importações de leite e derivados continuam em alta. Em novembro, o volume importado foi de 189 milhões de litros de leite equivalente, que representa mais de 8% da produção inspecionada esperada para o mês. Entretanto, segundo a Embrapa Gado de Leite, o preço de importação do produto está mais próximo aos praticados no Brasil, com os movimentos recentes de queda na taxa de câmbio e de elevação das cotações internacionais. O que mais preocupa no momento são os preços do milho e do farelo de soja que, mesmo perdendo força na última semana, continuam em patamares elevados. 
Portanto, mesmo sem ter uma bola de cristal, dá para saber pelo menos o rumo que o mercado pode tomar, pois, como a própria pandemia provou, o leite é a fonte de proteína mais consumida, barata e importante que temos na cadeia de alimentos mundial.
Este ano foi um ano de preço do alimento do gado ficar mais alto da história pois o consumo de soja e milho no mundo esteve bastante aquecido, inflacionando o mercado. Desta forma os custos de produção se elevaram.
Tivemos muitos abates de vacas de leite este ano. Diria que a maioria são vacas com produção baixa, ou estavam secando, ou estavam velhas, enfim, os animais de baixa produção não estarão mais no pasto e o ano que vem, apesar de ter menos animais, serão animais mais selecionados e produtivos, com genética de alta produção, o que pode elevar a médio prazo o volume de leite produzido pelo Brasil. Com isto os custos tendem a baixar um pouco.
Temos acompanhado o mercado lácteo desde 1999 e estamos cada vez mais seguros de falar que em breve seremos exportador de leite e seus derivados, pois basta aumentar um pouco a quantidade do leite por vaca, não precisando aumentar o numero de vacas em lactação, que atingiremos a meta. Não está difícil isto acontecer, pois como já falamos, o produtor brasileiro quer tirar mais leite por vaca, e não ter mais vaca para aumentar o leite. O brasileiro está virando cada vez mais profissional do leite. 
Saudações Laticinistas!

Marco Antônio Cruvinel L. Couto
Diretor Administrativo

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