01/05/2023 às 11h11min - Atualizada em 01/05/2023 às 11h11min

Maior consumo de lácteos diminui ocorrência de doenças cardiovasculares, afirma estudo Milk Science

Pesquisadores vêm compilando e analisando diferentes fontes de dados para descobrir, de forma definitiva, se o consumo de produtos lácteos tem uma influência positiva ou negativa sobre a saúde cardiovascular.

Anna Petherick
Revista Milk Science

Por muitos anos, os pesquisadores vêm compilando e analisando diferentes fontes de dados para descobrir, de forma definitiva, se o consumo de produtos lácteos tem uma influência positiva ou negativa sobre a saúde cardiovascular. Ingenuamente, o fato de que laticínios contém gordura saturada sugere a possibilidade de aumentar as chances de ter um ataque cardíaco ou um derrame. No entanto, a diversidade de gorduras lácteas, juntamente com uma série de outras moléculas de promoção da saúde encontradas no leite, queijo e iogurtes, levou muitos pesquisadores a suspeitar que o oposto pode ser verdade. Existe um consenso de que os produtos lácteos não têm efeitos perceptíveis ou têm efeitos protetores sobre o sistema cardiovascular, embora isso tenha sido baseado em dados extraídos de alguns países ricos. 

Um estudo conhecido, como “PURE – A futura epidemiologia urbana e rural”, acaba de preencher essa lacuna. O estudo coletou dados em cinco continentes e relatou que o aumento do consumo de produtos lácteos está ligado a menor ocorrência de doenças cardiovasculares.

Em 2013, por exemplo, pesquisadores do Welsh concluíram que a ingestão de laticínios tem um efeito pequeno e protetor contra o derrame e as doenças cardíacas. Isso se baseou em um trabalho realizado no Japão, na Holanda e na Suécia. Mais recentemente, uma meta-análise por dados combinados de três grandes grupos nos Estados Unidos, encontrou uma associação indefinida entre o consumo de lácteos e a doença cardiovascular. Em setembro de 2018, foi divulgada uma pesquisa que foi impressionante. O estudo clínico de 21 anos descobriu que a gordura láctea não estava associada a doenças cardiovasculares em pessoas idosas nos Estados Unidos.

No entanto, o consumo de lácteos tende a ser menor em países de baixa e média renda. O consumo de manteiga é tão baixo na China, Malásia e Paquistão, por exemplo, que, segundo os pesquisadores envolvidos no novo estudo, não valeria a pena incluir nos questionários da pesquisa. Além disso, em grande parte do Oriente Médio, produtos lácteos fermentados são comuns. Compreender o papel dos laticínios nas doenças cardiovasculares em países de baixa e média renda é importante porque 80% dos casos mundiais de doenças cardiovasculares são encontrados nesses locais.

Diferenças também são vistas na incidência da doença. Enquanto na América do Norte e na Europa os derrames são mais raros do que as doenças cardíacas coronárias, ocorre o oposto no leste da Ásia e na África. É importante ressaltar que as tendências temporais também divergem. Uma análise da incidência global de doenças cardiovasculares entre 1990 e 2015 constatou que a taxa de mortalidade padronizada por idade estava diminuindo em países de alta renda. O mesmo poderia ser dito para algumas nações de renda média. No entanto, nenhuma mudança foi detectada na África subsaariana, em grande parte da Oceania, nem no Paquistão, Quirguistão e Mongólia – o que sugere que o aumento de contribuintes ambientais (fumo, bebida, alimentos não saudáveis e excesso de peso) acompanhou a melhoria da saúde pública. Em Bangladesh e nas Filipinas, as mortes por doenças cardiovasculares aumentaram diretamente.

Novo estudo foi realizado entre o início de 2003 e julho deste ano e registrou a ingestão dietética de lácteos e os resultados de exames cardiovasculares de mais de 136.000 pessoas, com idade entre 35 e 70 anos, em 21 países. Os pesquisadores estavam interessados principalmente no risco de um “resultado composto”, que é uma medida única que inclui mortes por causas cardiovasculares, bem como ataques cardíacos, derrames e casos de insuficiência cardíaca que não terminam em morte (insuficiência cardíaca tipicamente envolve o enfraquecimento gradual do músculo cardíaco ao longo do tempo). Para este resultado composto, as respostas foram claras: consumir duas porções de produtos lácteos por dia, em comparação com nenhum produto lácteo, estava associado a um risco significativamente mais baixo. Da mesma forma, beber pelo menos uma porção de leite por dia, ou consumir uma de iogurte, estava ligado a uma menor chance do resultado composto.

Consumir produtos lácteos foi associado, separadamente, com uma menor probabilidade de morte por doença cardiovascular, morte por outras causas, assim como menos chance de doença cardiovascular e risco de acidente vascular cerebral. Mas os resultados não foram estatisticamente significativos para ataques cardíacos. Da mesma forma, os dados sobre o consumo de queijos não implicaram qualquer ligação clara com o resultado composto. E os países para os quais haviam dados sobre o consumo de manteiga sugeriam que os altos níveis de ingestão, em comparação com a ausência de manteiga, levavam a um risco maior (embora não estatisticamente significativo) de um desfecho composto de doença cardiovascular.

Mas para o campo em geral, o resultado mais importante é a consistência das descobertas entre as regiões. Dentro dos países com baixo consumo de produtos lácteos, e dentro dos países com maior consumo de laticínios, os padrões que ligam consumo e doença são geralmente os mesmos. Os autores concluem o estudo sugerindo políticas de saúde pública. Em grande parte da África, e especialmente em países como a China, onde o risco de hipertensão é alto, mas o consumo de leite, iogurte e outros é baixo, os esforços para incentivar as pessoas a ter mais laticínios podem levar a melhorias na saúde cardiovascular.

Autora: Anna Petherick
Fonte: Revista Milk Science


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