28/02/2018 às 09h51min - Atualizada em 28/02/2018 às 09h51min

Leite de muito valor - Laticínios Bela Vista

Como o Laticínios Bela Vista conseguiu se tornar uma marca forte para o consumidor e atravessar um período de baixa oferta de matéria-prima no mercado

Autor: Fábio Moitinho
Fonte: Dinheiro Rural
Fábio Moitinho

Crédito:  Iandresr

Crédito: Iandresr

INDÚSTRIA No ano passado, o processamento de leite nos laticínios brasileiros foi de 23,1 bilhões de litros (Crédito: Iandresr). 

Laticínios

Nos últimos anos, as cincos sílabas pronunciadas incansavelmente, e em rede nacional pela atriz Bruna Marquezine, grudou na cabeça do consumidor. A atriz diz, pausadamente, Pi-ra-can-ju-ba, contando sílabas na ponta dos dedos. A força da campanha tem levado a Piracanjuba a se tornar uma marca de peso no setor de leite e de derivados lácteos. Por trás desse sucesso estão os irmãos goianos que não têm medo de arriscar: Marcos e Cesar Helou, donos do Laticínios Bela Vista, com sede no município de Bela Vista de Goiás (GO). A atriz passou a ser a garota propaganda da marca em 2015, para promover a sua linha zero lactose. 

“Inovamos em ser um dos primeiros laticínios do País a oferecer esse tipo de produto”, diz Cesar Helou, diretor de Relações Institucionais da empresa. “Hoje, queremos ir além e agregar ainda mais valor em toda a nossa linha.”

O plano de crescimento tem dado certo. No ano passado, o Laticínios Bela Vista, subiu no ranking dos maiores processadores de leite do País, de acordo com a Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil). A empresa saiu da quinta para a quarta posição, atrás apenas da suíça Nestlé, da francesa Lactalis e da mineira Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR). “A nossa intenção nunca foi ser grande ou crescer, mas o mercado gerou oportunidades para irmos em frente”, afirma Helou. A oportunidade, nesse caso, foi a queda da oferta de leite no mercado. Em 2016, a produção nacional foi de 33,6 bilhões de litros, 2,8% inferior à produção de 2015. Os irmãos Helou, em vez de acompanhar esse movimento, aceleraram. No ano passado, o Bela Vista processou 1,09 bilhão de litros, 3,8% acima do ciclo anterior. O faturamento, com a venda leites, queijos, iogurtes e demais derivados lácteos foi de R$ 2,7 bilhões, um salto de 26,4%. “Conseguimos agregar valor em todas as linhas de produto, até nos leites longa vida”, afirma Helou. “O resultado veio da linha zero lactose e de todos os outros produtos.” Com esse desempenho, a empresa foi a campeã no setor Laticínios no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2017.

De acordo com Helou, 2016 foi o ano da superação. Isso porque o custo da alimentação do gado foi às alturas para o produtor, o que influiu na queda da produção leiteira no País. O milho, que é a base da ração dos animais, por exemplo, saiu de uma média de R$ 29,05 a saca de 60 quilos, para R$ 44,48, alta de 53,1%, segundo o Cepea/Esalq. Para dar a volta por cima, a empresa se preparou. “Logo no início do ano, conseguimos manter a oferta de produtos nas gôndolas”, diz Helou. A empresa também afinou a gestão da fábrica aliada a uma compra de leite mais eficiente. Com o auxílio de ferramentas digitais, como programas de gestão e planejamento empresarial, a Bela Vista passou a direcionar o leite mais adequadado a fabricação de produtos de maior agregado, como a linha zero lactose. “Passamos a fazer isso conforme a região e a necessidade do consumidor”, diz Helou.

Hoje, cerca de sete mil produtores entregam o leite à empresa, em quatro laticínios. Além de Goiás, o Bela Vista está em Minas Gerais, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, unidades nas quais trabalham 2,3 mil funcionários.

Segundo o IBGE, do total de leite produzido no País, a indústria processou no ano passado 23,1 bilhões de litros, 3,7% a menos em relação a 2015. Mas, segundo Marcelo Martins, diretor executivo da Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos), entidade que reúne 36 fabricantes e associações do setor e responde por 70% da industrialização de leite no País, foi justamente a oferta em queda que salvou o setor. Principalmente para quem se preparou para o baque. “Com baixos estoques, ao longo do ano não ocorreram quedas significativas de preços para o consumidor”, diz Martins. “Isso foi o principal fator para a retomada do crescimento da receita da indústria de lácteos.” No ano passado, esse setor faturou R$ 67,5 bilhões, 14,6% acima de 2015, segundo dados da Associação Bra­si­leira das Indústrias de Alimentação (Abia). Caso não tivesse faltado leite no mercado ou se todo o setor tivesse feito a lição de casa, como fez o Bela Vista, a receita da indústria teria sido de R$ 75,7 bilhões.


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