06/11/2015 às 12h45min - Atualizada em 06/11/2015 às 12h45min

Caprinos transgênicos

As informações são do G1

A Universidade de Fortaleza acaba de dar mais um passo importante na área da genética: trata-se do nascimento, no último dia 4 de outubro, de dois caprinos transgênicos machos, que irão impulsionar a produção de glucocerebrosidase humana, enzima capaz de combater a Doença de Gaucher.

A pesquisa teve início em 2011 e conta atualmente com a participação de 24 pessoas, entre alunos de iniciação científica, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos (Foto: Ares Soares/Unifor)


As cabras são fruto do feito pioneiro, ocorrido em março de 2014, quando nasceu o primeiro clone caprino transgênico da América Latina, batizado de Gluca. Segundo o professor e pesquisador da Unifor Leonardo Tondello, o Brasil possui cerca de 700 pacientes com a Doença de Gaucher. “A doença é rara e o tratamento muito caro. Para se ter uma ideia, o Ministério da Saúde gasta cerca de 140 milhões de reais para o tratamento desses pacientes. Além do desenvolvimento científico, a demanda econômica tem sido uma das grandes motivações para o desenvolvimento dessa pesquisa”, afirma Leonardo.

“É importante ressaltar o resultado atrelado ao nível de expressão da proteína no leite das nossas cabras transgênicas, que ficou em torno de 5 gramas por litro de leite. Com base nesse nível de expressão, nós fizemos uma estimativa e encontramos que cerca de 4 cabras seriam o suficiente para suprir toda a demanda nacional por glucocerebrosidase, já temos duas”, enfatiza Tondello.

Sobre os resultados mais recentes, o pesquisador Kaio Tavares fala que a equipe está muito contente com o nascimento dos animais. “É muito importante termos dois animais transgênicos machos, principalmente pensando no futuro, na expansão do nosso trabalho. Isso porque esses animais poderão ser utilizados como fundadores do rebanho transgênico, com seu sêmen sendo utilizado para a inseminação de várias fêmeas, propiciando a rápida expansão do número de animais transgênicos”, explica. “No mundo, existem cerca de 10 mil pacientes com a Doença de Gaucher. E, de acordo com nossos cálculos, com a expressão de 5 gramas por litro de leite, cerca de 32 cabras seriam o suficiente para atender essa demanda. Nesse caso, os recentes nascimentos de animais machos para serem fundadores desse rebanho é de extrema importância”, fala Kaio.

Outro ponto a se destacar é o início da lactação natural, afirma Kaio. “No passado fizemos uma indução hormonal da lactação para identificar a presença da proteína, se ela estava presente e era ativa no leite transgênico. Agora, com esse resultado do último domingo, iniciaremos a lactação natural, ou seja, vamos poder produzir uma grande quantidade de leite. No segundo momento, esse leite será enviado para os nossos parceiros, a empresa Quatro G Pesquisa & Desenvolvimento, na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). A empresa será responsável por fazer a purificação da proteína e testes de atividade. A partir daí é que se pode pensar no tratamento de fato”, explica Kaio Tavares.

Além da Fundação Edson Queiroz, o projeto tem apoio financeiro da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), em colaboração com a Quatro G Pesquisa & Desenvolvimento, Professores Marcelo Bertolini (UFRGS), Luciana Relly Bertolini (PUC-RS) e Agropecuária Esperança.

Os trabalhos desenvolvidos pela equipe tiveram início em 2011 e contam atualmente com um grupo de 24 pessoas, entre eles alunos de iniciação científica, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos, ou seja, trata-se de um programa multidisciplinar. Os Laboratórios que desenvolvem o projeto estão localizados no Núcleo de Biologia Experimental (NUBEX) da Unifor. Este mesmo Núcleo está preparando um ambiente que poderá ser utilizado futuramente para a coleta, processamento e armazenamento do leite transgênico sob condições altamente controladas.
 


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