31/08/2015 às 08h36min - Atualizada em 31/08/2015 às 08h36min

Leite, excelente negócio

Com tecnologia e gestão, pecuária leiteira pode ser comparada e ultrapassar ganhos de várias outras atividades tidas como lucrativas. Dos 5.570 municípios brasileiros, só 62 não produziram leite em 2014. Das capitais, apenas São Paulo e Belo Horizonte, segundo informações do IBGE. “Isso significa que, na maioria dos municípios do País, o leite é uma das três principais fontes de geração de emprego e renda, fato que levou a um faturamento da cadeia produtiva de lácteos de R$ 76,9 bilhões em 2014. Portanto, 1,4% do PIB”, resume o economista Paulo do Carmo Martins, chefe-geral da Embrapa Gado de Leite. 

Os números do IBGE e de Martins indicam o alcance da produção de leite no Brasil e trazem um desafio: fazer com que os pecuaristas invistam cada vez mais na gestão do negócio para garantir lucro na atividade. Hoje, porém, uma boa gestão do negócio não se limita a uma administração racional da propriedade – como ter os custos de produção na ponta do lápis –, mas inclui o aperfeiçoamento técnico da atividade a fim de torná-la eficiente.

“As propriedades que têm obtido lucro com o leite são aquelas que  possuem boa gestão tecnológica e econômico/financeira. Não adianta produzir muito leite, ser eficiente tecnicamente e o produtor não ganhar dinheiro. Indicadores de performance técnica são os meios; o fim é o dinheiro no bolso do produtor com sustentabilidade”, diz o zootecnista Christiano Nascif, que atua como consultor há 20 anos da Labor Rural. Nascif explica que, quando o produtor opera no índice “ótimo econômico” do sistema de produção obtém maior lucro. 

Mas que nem sempre operar no máximo produtivo da atividade significa ganhar mais dinheiro. “É importante dar prioridade a sistemas flexíveis de produção, que permitem ajustar com maior facilidade e rapidez os custos de produção em relação às receitas.” Neste caso, é imprescindível ter todos os gastos na ponta do lápis e conhecer profundamente a propriedade e suas condições para ser possível colocar na balança custos e receitas e adaptar um item ao outro. “Sistemas equilibrados entre ótimo econômico e produtivo e flexíveis e a otimização dos fatores de produção, buscando a maior eficiência na utilização da terra, mão de obra e animais são os pilares do sucesso na atividade, isso tendo como pano de fundo uma eficaz gestão técnica e econômico/financeira.”

No caso da pecuária leiteira, os preços do leite em níveis historicamente melhores em 2013 levaram a maiores investimentos na atividade naquele ano. Os reflexos foram sentidos na produção de 2014. Segundo o Índice Scot Consultoria de Captação de Leite, o volume do produto aumentou 10,2% em 2014 em relação a 2013, mas a demanda não cresceu no mesmo ritmo, o que produziu excedentes e pressionou todos os elos da cadeia. “As  margens de lucro para o pecuarista se estreitaram. 

A rentabilidade média da pecuária leiteira de alta tecnologia foi de 7,9% em 2014, frente a 10,1%, em média, em 2013, uma queda de 2,2 pontos porcentuais”, diz o zootecnista Rafael Ribeiro de Lima Filho, consultor de mercado da Scot Consultoria, que desde 1994 acompanha o mercado leiteiro. Apesar da queda, diz o consultor, o resultado foi positivo, superando os investimentos em cadernetas de poupança e arrendamento para a produção cana, por exemplo. Culturas como soja e milho (anuais), conforme a consultoria, tiveram rentabilidade de 2,5% em 2014; em 2013, ficou em 3,5%. Já a rentabilidade média do arrendamento em regiões de cana caiu de 7,6% em 2013 para 4,5% em 2014. “Prova disso é que o leite tem se destacado em regiões onde a terra está cara e atualmente ocupadas com soja, milho, suinocultura e avicultura”, diz o chefe-geral da Embrapa Gado de Leite.

Segundo ele, a atividade leiteira continua crescendo, por exemplo, na região que vai de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, a Cascavel, no Paraná; no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e leste de Goiás; e na região que sai de Belo Horizonte rumo ao sertão mineiro. O zootecnista Nascif avalia que a atividade tem crescido de forma consciente no Brasil. “Os  produtores que estão aumentando o volume de produção estão fazendo isso sobre bases sustentáveis. 

As vacas dos produtores  que estão saindo da atividade não vão para o frigorífico, e sim para a fazenda de outros produtores que têm obtido sucesso na atividade leiteira.” 




Autor: Fernanda Yoneya

Referências bibliográficas: 

Fonte: Mundo do Leite 74
http://www.portaldbo.com.br/


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