31/01/2015 às 18h10min - Atualizada em 31/01/2015 às 18h10min

Preço dos lácteos: Qual a tendência para 2015

As commodities lácteas mostraram desempenhos particularmente ruins em 2014, com os preços medidos pelo índice do GlobalDairyTrade caindo em 48%. A queda refletiu recuos nas compras da China e da Rússia, os dois principais importadores. Os importadores chineses reduziram suas compras devido aos seus estoques muito grandes, após compras tão altas que enviaram os preços do GlobalDairyTrade próximos a recordes no começo de 2014. A Rússia em agosto proibiu alguns produtos, entre eles, os lácteos de vários países ocidentais, após sanções terem sido impostas à Rússia por causa de seu papel nas tensões com a Ucrânia. Ao mesmo tempo, a produção de leite continuou aumentando em importantes países exportadores na maior parte do ano, com o enfraquecimento nos mercados de commodities lácteas levando algum tempo para afetar os preços aos produtores. 

Entretanto, com os produtores agora recebendo a mensagem de segurar sua produção, os preços se recuperarão? Os compradores chineses retornarão a suportar os preços em 2015? A recuperação dos valores de algumas gorduras do leite no final de 2014 – os preços da manteiga caíram mais modestamente, em 22%, no GlobalDairyTrade no ano passado – será disseminada a outros produtos? “Os produtores de lácteos lembrarão de 2014 como um ano de prosperidade épica, mas insustentável. Os preços dos produtos lácteos aumentaram para novos picos e, então, caíram após meses para territórios não familiares”, disse o Conselho de Produtores de Leite da Califórnia, nos Estados Unidos. “Novas quedas estão surgindo; os preços futuros médios do leite Classe III para o primeiro trimestre de 2015 é de US$ 34,30 por 100 quilos”. 

“A produção de leite continua aumentando [nos Estados Unidos]. A produção de leite continua forte no exterior também. Entretanto, meses de menores preços estão começando a impactar na produção. A produção de leite na Europa em outubro foi 3,4% maior do que no ano passado. Isso é muito mais do que a taxa típica de crescimento de 1-2%, mas bem menos do que os ganhos de 5-7% no começo de 2014. Na Austrália, a produção até agora nessa estação está 3,5% à frente do ano anterior. A Dairy Australia previu um aumento de 2% para toda a estação, o que requereria uma desaceleração significativa nos próximos meses. A combinação de seca, baixos preços do leite e altos abates de vacas deverá reduzir a produção de leite em 2015”. Para a DairyCo, que representa a indústria de lácteos do Reino Unido, a tendência de declínio de 2014 parece estar se estabilizando, mas com a demanda da atual estação tendo uma participação. “O último leilão do GlobalDairyTrade, realizado em 16 de dezembro, teve um aumento no preço médio ponderado de 2,4%, para US$ 2.609 a tonelada. A manteiga mostrou alguns sinais positivos, com fortes aumentos nos últimos três leilões, aumentando em 10,4%, para US$ 3.145 a tonelada. Esse é o maior preço médio da manteiga desde junho de 2014”.

“As condições do mercado de lácteos estão em contraste completo com essa época do ano passado, com os mercados tendo visto uma tendência de baixa na maior parte de 2014. Por trás dessas quedas no preço estão a vasta melhora nas ofertas doméstica e global de leite durante o ano. Isso deixou um excedente nos mercados mundiais, enquanto ao mesmo tempo, a demanda por produtos lácteos, particularmente da China, caíram de volumes substanciais importados no começo do ano”, disse o DairyCo. “Enquanto os preços dos lácteos não esperam ver nenhuma recuperação significativa até a segunda metade de 2015, a previsão de longo prazo para a indústria ainda é otimista, à medida que a demanda global por lácteos deverá ultrapassar a oferta por pelo menos nos próximos 10 anos”, disse o DairyCo. “Ainda há considerável volatilidade nos mercados de lácteos”, disse a cooperativa neozelandesa, Fonterra. “Agora, estamos vendo uma série de fatores que estão adiando um retorno sustentado para maiores preços globais. 

A oferta global de leite continua maior do que a demanda, que resultou nos preços no GlobalDairyTrade para leite em pó integral caindo em 16,9% desde o final de setembro, enquanto os preços do leite em pó desnatado caíram em 7,7%”. “A queda nos preços do petróleo, as incertezas geopolíticas na Rússia e na Ucrânia e a menor demanda da China à medida que esse país continua trabalhando em seu estoque estão contribuindo para a volatilidade atual e com a demanda fraca. Dadas essas incertezas, estamos aconselhando os produtores a continuar cautelosos com o orçamento e os atualizaremos à medida que a estação avançar”, disse a Fonterra.

Para o Rabobank, os baixos preços agravados pelos riscos de pagamentos de penalidades na União Europeia (UE) pelo excesso de produção, farão com que os produtores de muitas regiões exportadoras pisem no freio na primeira metade do ano, tornando improvável que eles alcancem os níveis fenomenais de produção alcançados nos 12 meses anteriores. “Junto com alguma melhora no consumo nos Estados Unidos e, a uma menor extensão na UE, isso reduzirá a quantidade de novo leite buscar espaço no mercado internacional na primeira metade de 2015”, disse o Rabobank. “Entretanto, é improvável que isso seja suficiente para gerar qualquer recuperação significativa nos preços durante a primeira metade de 2015”. 

“Primeiramente, provavelmente veremos algum acúmulo de estoque nas regiões exportadoras nos próximos meses antes da oferta desacelerar. Em segundo lugar, é improvável que o mercado internacional precise de mais leite adicional na primeira metade de 2015, além dos níveis do ano anterior, dadas as nossas expectativas de compras fracas na China”, disse o Rabobank. “Na segunda metade de 2015, o mercado começará gradualmente a se estreitar, mas pode ser necessário um fraco pico de produção no hemisfério sul até que os preços entrem em uma fase significativa de recuperação”.

Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os preços internacionais dos lácteos caíram devido à maior produção global de leite, à menor demanda de importação, ao embargo russo aos produtos lácteos e vários países e ao fortalecimento do dólar. “Essa forte queda foi particularmente evidente nos preços do leite em pó integral que, após ter ficado em cerca de US$ 5.000 a tonelada, caiu severamente em mais de 50% desde janeiro de 2014 e agora está sendo comercializado a US$ 2.300 a tonelada”, disse o USDA. “Para 2015, as previsões são feitas com base no fato de que o embargo russo será removido no começo de agosto e de que os chineses continuaram suas importantes compras de leite em pó integral, apesar de a um ritmo muito mais modesto. 

De fato, a previsão é de que as importações de leite em pó integral da China declinarão em 12% à medida que o crescimento econômico do Produto Interno Bruto (PIB) da China deverá desacelerar. Isso sugere que os preços dos lácteos continuarão sob pressão durante 2015”. “Os produtores enfrentarão menores margens e a produção de leite entre os maiores exportadores deverá desacelerar e expandir em apenas 1%. A velocidade com que ocorrerá a recuperação de preços dependerá do uso dos estoques que se acumularam nos países exportadores e importadores”, concluiu o USDA. A reportagem é do Agrimoney, uma nova multiplataforma de comunicação do Canal Rural, em parceria com SAFRAS & Mercado.


Autor: Agrimoney - Canal Rural

Referências bibliográficas: 

AgriMoney 2015 - Trará informações e estratégias aos produtores rurais. O objetivo é potencializar os resultados financeiros da cadeia de agronegócio, por meio de conteúdo exclusivo e relevante sobre formação de preço e tendências na comercialização. O projeto agrega ao patrocinador uma grande exposição de sua marca e através de toda expertise do Canal Rural, terá visibilidade e impacto perante ao público-alvo. Realização: 23 e 24 de Junho de 2015.


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