26/05/2014 às 12h53min - Atualizada em 26/05/2014 às 12h53min

Suplementação mineral proteica para bovinos

Os minerais têm importante função no metabolismo animal, são essenciais na utilização de proteína e energia, na síntese de compostos do organismo, na atividade enzimática e hormonal e na constituição dos ossos. 

Os minerais têm importante função no metabolismo animal, são essenciais na utilização de proteína e energia, na síntese de compostos do organismo, na atividade enzimática e hormonal e na constituição dos ossos. 

Dentre os nutrientes necessários para os bovinos, a proteína é um dos mais limitantes e um dos principais a ser suplementado. Ela é necessária não só para suprir as exigências do animal, mas também como fonte adicional de nutrientes para os micro-organismos ruminais.

O Brasil, por estar localizado na região tropical, apresenta alto potencial para produção forrageira. Praticamente toda a atividade pecuária de corte brasileira ocorre a pasto. No entanto, essa produção forrageira é caracterizada por períodos de máxima produção, quando se encontra alta disponibilidade de forragem com elevada qualidade, e períodos de baixa produção forrageira com redução significativa da qualidade nutricional. Essa condição resulta em períodos de ganho de peso animal intercalados com períodos de perda de peso ou estabilização do crescimento. A suplementação estratégica é uma ferramenta de manejo alimentar para suprir os nutrientes mais limitantes ao desempenho animal e pode minimizar as perdas de peso a que os animais são submetidos com a variação da qualidade e da disponibilidade de forragem durante o ano.

A maturidade provoca alterações químicas na constituição das plantas forrageiras como aumento no teor de matéria seca, elevação nos teores de fibra e lignina (parede celular), redução da quantidade de carboidratos solúveis e baixo teor de proteína bruta, principal deficiência da época seca, pois os micro-organismos existentes no rúmen dependem de proteína para crescimento e função normal. Durante a estação seca, em função das mudanças químicas que ocorrem com o avanço da maturidade das forrageiras, a diminuição do teor de proteína bruta leva à escassez desse nutriente para os micro-organismos ruminais, reduzindo a digestibilidade da forragem e aumentando o tempo de retenção da ingesta dentro do trato digestório, com consequente diminuição do consumo de matéria seca (Van Soest, 1994). Isso leva o animal a reduzir o peso por mobilizar suas reservas corporais.

Geralmente as forragens (pastagens e silagens) não suprem as exigências nutricionais de minerais dos animais, então é necessário suplementar parte desses minerais por meio de sal mineral e/ou ração. A suplementação mineral promove vários benefícios para os animais tanto em reprodução quanto em desempenho, tais como: aumento da porcentagem de partos, aumento de fêmeas ciclando, redução do intervalo entre partos, redução de abortos, redução da mortalidade até a desmama, aumento do peso à desmama, maior ganho de peso, maior produção de leite, entre outros.

A suplementação pode ser apenas mineral, com micro e macrominerais, conhecida como linha branca, ou pode ser proteica, também denominados ureados, proteinados ou proteicos energéticos. Os bovinos possuem a capacidade de utilizar no processo de síntese proteica não apenas o nitrogênio oriundo das fontes naturais de proteína, como os farelos, os grãos e as forragens, mas também o nitrogênio proveniente de fontes não proteicas (nitrogênio não proteico), como a ureia. A grande vantagem dessa possibilidade é a redução de custo da suplementação. Basicamente os suplementos minerais proteicos possuem em sua composição: macrominerais (cálcio, fósforo, magnésio, potássio, enxofre e sódio); microminerais (ferro, cobre, zinco, manganês, cobalto, iodo e selênio); e fontes proteicas (farelo de soja e/ou ureia pecuária).

A limitação quantitativa das forragens pode ser amenizada por meio da vedação dos pastos antes da entrada da estação seca. Entretanto, essa alternativa é incapaz de melhorar o desempenho decorrente da baixa qualidade das forragens e insuficiente para suprir as exigências nutricionais, fato que compromete os resultados produtivo e reprodutivo dos rebanhos. Tradicionalmente, os bovinos de corte que não recebem nenhum tipo de suplementação proteica durante o ano apresentam alteração de peso acompanhada da variação sazonal das pastagens, ou seja, ganham peso durante a estação chuvosa (verão), quando há qualidade e quantidade de forragem, e perdem peso na estação seca (inverno) configurando o efeito sanfona. Nessas condições são observados baixos índices zootécnicos, com perdas de peso que podem atingir até 30% do peso vivo no inverno (Barcellos et al., 1999). Decorrem disso, o aumento da idade de abate, a redução da qualidade da carcaça e, consequentemente, a redução da receita do produtor, fatores que apontam para a ineficiência no sistema produtivo.

Nas águas as pastagens têm alta produção, com acúmulo de biomassa e o desafio é o correto manejo da pastagem. A suplementação mineral nessa época, seja com linha branca, ureado ou proteinados de baixo, médio ou alto consumo, promove ganho de peso nos animais. A utilização de suplemento mineral proteico, principalmente na época da seca, evita que os animais percam peso no período de escassez forragem e, muitas vezes, podem até ganhar peso dependendo da disponibilidade de massa seca.

Em geral o consumo médio de suplemento mineral proteico é cerca de 0,1% do peso corporal, ou seja, animais de 300 kg consomem cerca de 300 g por dia. É importante ressaltar a necessidade de adaptação dos animais ao suplemento, então na primeira semana deve-se fornecer o suplemento mineral proteico misturado na proporção 1:1 com o suplemento mineral convencional, para que os micro-organismos do rúmen que utilizam nitrogênio não proteico se multipliquem. A não observação desses detalhes pode resultar em intoxicação dos animais, podendo até, em casos mais graves, levar à morte.
 


A suplementação mineral dos animais deve ser constante e, preferencialmente, em cochos cobertos, principalmente se o suplemento mineral contém ureia. O cocho de sal mineral deve estar próximo à aguada favorecendo o consumo do suplemento mineral. É, portanto, fundamental a disponibilidade de forragem, pois se os animais não tiverem consumo de matéria seca em quantidade suficiente, os benefícios da suplementação mineral proteica podem não ser alcançados. 


Autor: Leandra Queiroz de Melo e Anderso Dipietro

Referências bibliográficas: 

BARCELLOS, J. O. J.; PRATES, E. R.; OSPINA, H. Suplementação mineral de ruminantes nos campos nativos do Rio Grande do Sul: uma abordagem aplicada à pecuária de corte. In: ENCONTRO ANUAL SOBRE NUTRIÇÃO DE RUMINANTES DA UFRGS, 1, 1999, São Gabriel, RGS. Suplementação mineral de bovinos de corte: [anais]. Porto Alegre: Gráfica da UFRGS, 1999. p. 81-110.
VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca: Cornell University, 1994. 476p.


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