É fato: estamos cada vez mais suscetíveis aos desastres ambientais. Há poucos dias um suposto ciclone passou por Barra de Cunhaú, no município de Canguaretama, deixando postes caídos e lojas reviradas. Em janeiro, o Rio Grande do Norte foi alvo de outro fenômeno: um abalo sísmico na região de Poço Branco que atingiu os 4,1 graus na escala Richter.
No âmbito internacional, o terremoto de Porto Príncipe, no Haiti, foi devastador. Em fevereiro, a abertura do Circuito Nacional de Surf, na Austrália, foi suspenso. O motivo: alerta de tsunami. Com o tema em pauta, muitas dúvidas surgiram. O Rio Grande do Norte é uma área de vulnerabilidade sísmica? O que aconteceu em Barra do Cunhaú foi mesmo um ciclone? A atividade humana agrava os desastres naturais? A reportagem do Nominuto.com caiu em campo para responder estas e outras perguntas.
1 - Para começar, o que vem a ser um desastre natural?
Um desastre natural acontece quando um fenômeno natural vitima pessoas ou ocasiona danos à propriedade. Quando o acontecimento ocorre em áreas onde não há presença ou interesse humano, não pode ser classificado como desastre natural.
2 - O que é ciclone?
Ciclone é todo redemoinho atmosférico que gira em torno de um núcleo de baixa pressão. Ciclone é todo redemoinho atmosférico que gira em torno de um núcleo de baixa pressão. Os ventos de um ciclone podem chegar a 200 km/h e, geralmente, apresentam-se acompanhados de fortes chuvas (tempestades).
3 - O que é furacão?
O furacão é o nome dado a um ciclone tropical de núcleo quente, com ventos contínuos de 118km/h ou mais, que ocorrem no Oceano Atlântico Norte, mar do Caribe, Golfo do México e no norte oriental do Oceano Pacífico.
4 - O que é tufão?
O tufão é o nome dado a um ciclone tropical de núcleo quente, com ventos contínuos de 118km/h ou mais, que ocorrem no Pacífico ocidental e como ciclone no Oceano Índico.
5 - E o tornado?
O tornado é uma coluna de ar giratória, que se desloca a uma velocidade de 30km/h a 60km/h em volta de um centro de baixa tensão.
6 – O que aconteceu em Barra do Cunhau, no município de Canguaretama, pode ser entendido como ciclone?
Há divergências. Para a Emparn, o que aconteceu foi uma “forte ventania”, com ventos que atingiram a velocidade de 60km/h. O evento teria acontecido em função da formação de uma nuvem do tipo “cumulo limbus”, que tem desenvolvimento vertical acentuado e pode chegar até 16km de altura. A nuvem, ao se desenvolver sobre região líquida, teria causado intenso deslocamento de ar.
A bióloga Rosemeire Dantas, contudo, o evento pode, sim, ser classificado como ciclone. Segundo ela, ele teria se formado em alto mar e, assim, o que chegou à praia foi apenas a ressaca do fenômeno. No caso, os ventos teriam atingido velocidade de até 100km/h.
7 - O que é terremoto?
Terremoto é uma vibração que ocorre na terra devido a deslocamento de rochas. Os terremotos mais fortes são ocasionados pelo movimento das placas tectônicas.
8 - Como um terremoto pode ocasionar um tsunami?
Para que um terremoto ocasione um tsunami, é preciso que o epicentro do tremor esteja localizado no mar, e a magnitude deve ser acima de 7 pontos na escala Richter. Além disso, o movimento das placas tectônicas que originar o terremoto precisa ser reverso ou normal.
9 – O que são os movimentos reverso e normal?
Estes são os movimentos em que uma placa tectônica afunda ou emerge da lava do manto terrestre. Este movimento provoca grande deslocamento de água, podendo causar tsunamis e terremotos.
10 – Que outros fenômenos podem causar tsnumis?
vulcões e o movimento das placas tectônicas ou até mesmo o deslizamento de grandes placas de gelo e rocha, ou ainda, eventos meteorológicos extremos e meteoritos.
11 - O que é um tsunami, afinal?
O termo “maremoto” está em desuso, tendo sido substituído por “tsunami”. Ele era entendido como um tremor nas placas tectônicas que se encontravam no fundo do mar, ocasionando ondas gigantes. Hoje, sabe-se que este tremor trata-se de um terremoto com foco no oceano. Para que não houvesse confusão entre os fenômenos, o termo “tsunami” passou a designar a chamada “onda gigante”.
12 – E maremoto?
O termo “maremoto” está em desuso, tendo sido substituído por “tsunami”. Ele era entendido como um tremor nas placas tectônicas que se encontravam no fundo do mar, ocasionando ondas gigantes. Hoje, sabe-se que este tremor trata-se de um terremoto com foco no oceano. Para que não houvesse confusão entre os fenômenos, o termo “tsunami” passou a designar a chamada “onda gigante”.
13 – Que outros fenômenos podem ser entendidos como desastres naturais?
Também são desastres naturais deslizamentos de terra, erupções vulcânicas, tempestades de granizo, alagamentos e seca.
14 - O Rio Grande do Norte está sujeito a abalos sísmicos?
Em todo o Brasil, a área de maior periculosidade para tremores de terra é a bacia potiguar, que vai do Rio Grande do Norte ao Ceará. É por isso que são comuns tremores no estado, em especial na região de João Câmara, Poço Branco e Taipu. A causa dos fenômenos é uma falha geológica, que é uma rocha onde se observam deslocamentos paralelos de blocos em relação a uma extensão vizinha que não se move (denominada "fratura").
15 - A atividade humana agrava os desastres naturais?
Sim, a atividade humana pode agravar estes fenômenos ou mesmo induzí-los. Em caso de desmatamento ou queimada, por exemplo, uma área fica mais sujeita a deslizamentos de terra, uma vez que não possui mais sua vegetação natural. Em casos de chuvas fortes, se uma cidade não tiver um bom sistema de escoamento de água, a probabilidade de inundação aumenta.
16 - O aquecimento global pode ser encarado como um desastre natural?
O aquecimento global em si não se configura como um desastre natural, mas as consequências causadas por ele sim. Com o derretimento das calotas polares, por exemplo, o nível do mar subiria, deixando boa parte da população que vive em áreas costeiras desabrigada.
17 - Existe alguma coisa que se pode fazer para suportar ou evitar esses fenômenos?
Atualmente fala-se muito em desenvolvimento sustentável. Nos últimos anos várias iniciativas surgiram na tentativa de evitar desastres naturais. Tanto há uma maior preocupação com as questões ambientais, de modo a evitar fenômenos menores como enchentes, quanto a tecnologia está cada vez mais avançada na área. O Japão, por exemplo, que está localizado em uma região com grande incidência de terremotos, tem seus prédios adaptados para não ceder com os tremores de terra.
18 - O que são os chamados refugiados ambientais?
Uma pessoa pode fugir de seu país de origem por vários motivos, como raça, cor, religião ou opinião política. Os refugiados ambientais nada mais são que aqueles que deixam seu país em razão de um desastre ambiental.
19 - Existe alguma legislação específica para refugiados ambientais?
Não. Existe apenas a legislação básica para refugiados, mas não há nada direcionado aos refugiados ambientais.
20 - Que grandes catástrofes ambientais marcaram a década?
É preciso lembrar do tsunami na Ásia em 2004, que deixou quase 250 mil mortos. O acontecimento foi um marco para a questão da preocupação ambiental. Nos últimos tempos, o terremoto em Porto Príncipe, no Haiti, também espalhou uma onda de destruição. Ainda este ano, o Chile e o Japão também sofreram com terremotos.
Autor: Melina França
Referências bibliográficas:
Para responder estas perguntas, foram consultados o professor de geografia da UFRN Joaquim Ferreira, portais sobre geografia e meio ambiente, o site do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e o arquivo do Portal Nominuto.com.