26/09/2010 às 15h47min - Atualizada em 26/09/2010 às 15h47min

Paletes pláticos cumprem exigências sanitárias e ambientes

       Palete, do inglês pallet, significa “plataforma portátil para apoiar ou mover materiais e embrulhos”. A aparente simplicidade da definição não retira do palete o status de seu um dos principais componentes dos estoques das empresas, um produto que vem ganhando importância dentro da indústria alimentícia por conta do material utilizado em sua fabricação. Para José Mauricio Banzato, diretor da Imam Consultoria, especializada na área de logistic, o foco de quem compra os paletes mudou nos últimos anos. “No âmago dos fabricanmtes de paletes, a missão é criar soluções ambientalmente responsáveis, a um custo eficaz, satisfazendo as necessidades da movimentação de materiais”, diz.

            Por ambientalmente responsável, entende-se a troca da madeira por materiais recicláveis para a composição do palete. “A única suposição que devemos fazer sobre os paletes de madeira é que não podemos mais fazer qualquer suposição sobre eles, pois ainda são feitos de árvores – mesmo que provenientes de reflorestamento. Uma onda de ambientalismo, aliada a uma demanda de qualidade do meio ambiente, está forçando muitos fabricantes de paletes de madeira a examinarem as práticas de seu negócio”, afirma Banzato.

            De acordo com Alexandre Gambera de Souza, gerente da MPE – Max plásticos Expandidos, com o atual aquecimento global e a necessidade de se encontrar formas mais econômicas e ecologicamente corretas de proteção ao meio ambiente, o plástico surge como uma alternativa que substitui o tradicional palete de madeira, pela sua durabilidade, redução do custo final do frete e, sobretudo, na reciclagem.

            A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) possui algumas exigências e recomendações para as empresas que manipulam, estocam ou armazenam alimentos. De maneira geral, os alimentos devem ser armazenados de forma a impedir a contaminação e/ou proliferamento de microrganismos. O local de armazenamento deve ser limpo, com os alimentos mantidos ou separados por tipo ou grupo sobre paletes e/ou estrados (bem conservados e limpos), afastados das paredes e distantes do teto de forma a permitir a apropriada higienização, iluminação e circulação de ar. “Por isso, na hora de comprar paletes ou estrados para estocagem, o consumidor deve estar atento às características do produto, observar se não há frestas ou ‘depósitos no projeto’ do palete ou estrado que possam acumular sujeiras, dificultando a higienização”, explica Marcos Mendes Ritzmann, diretor da Plasforte. 

            Souza conta que a Anvisa indica às empresas e indústrias usuárias desses produtos que façam a troca dos seus peletes por outros feitos em material plástico, por conta de fatores como melhor capacidade de higienização, organização e armazenamento dos alimentos. “Regulamentação existe no que diz respeito ao uso de embalagens imunes a fungos e bactérias”, diz Guilherme Martins Aron, gerente comercial da área de Pallets da Schoeller.

            As condições de armazenamento de alimentos nos estabelecimentos industrializados estão regulamentadas pelas legislações federais. Portaria SVS/MS nº326, de 30 de julho de 1997; e Resolução – RDC Anvisa nº 275, de 21 de outubro de 2002. Já os produtos perecíveis – alimentos in natura, produtos semipreparados ou preparados para o consumo -, que necessitam de condições especiais de temperatura para conservação, estão regulamentados pelas seguintes legislações federais: Resolução – CISA/MA/MS nº 10, de 31 de julho de 1984; e Resolução – RDC nº 216, de 16 de setembro de 2004.

            Além da recomendação na legislação, há uma série de argumentos a favor do uso de paletes plásticos na indústria de alimentos. Especialmente indicados para setores que impõem restrições aos paletes de madeira, em razão de normas sanitárias ou de valorização da sustentabilidade ambiental, os paletes plásticos são 100% recicláveis, descartáveis ou retornáveis, atóxicos, resistentes a produtos químicos, 70% mais leves que os de madeira, não exigem fumigação para exportação, permitem limpeza em altoclave, não absorvem umidade, além da possibilidade de serem personalizados com cores e logomarca.

            O polietileno apresenta características que o identificam como o produto plástico ideal para contato com alimentos, bebidas e medicamentos, pois não sofre ataque da oxidação; sua superfície lisa (sem pequenas reentrâncias) evita o desenvolvimento de fungos (portanto, não necessita de tratamento fungicida), bactérias, umidade, germes, cupins, brocas, etc; não retém cheiro e não transmite qualquer sabor; sua limpeza e higienização são simples e podem ser feitas com água, sabão, detergente, produtos químicos básicos ou ácidos e vapor; suporta baixas temperaturas quando os paletes são fabricados em polietileno de alta densidade (PEAD); isola a carga do chão e as peças podem ser empilhadas uniformemente ganhando espaço físico no local.

            Para a indústria de laticínios, segundo o gerente da MPE, são inúmeras as vantagens da substituição dos paletes de madeira pelos de plásticos. “Além de mais resistentes, os paletes de madeira, por permitirem reentrâncias em sua estrutura, são mais suscetíveis à hospedagem de umidade, microrganismos e bactérias causadores de deterioração dos alimentos”, compara Souza, ressaltando que os paletes plásticos podem ser higienizados com água, detergentes, produtos químicos básicos ou ainda, vapor. “Os paletes plásticos não são suscetíveis a pragas e podem ser completamente higienizados”, concorda Edson P. S. Leão Jr., gerente comercial da PLM, outra empresa da área. “O palete de madeira absorve agentes contaminantes com muita rapidez, deve ser tratado com fungicidas regularmente e sua higienização total é quase impossível”, completa Ritzmann, da Plasforte. De mesma opnião, Guilherme Aron, da Schoeller, lembra que a madeira favorece sobremaneiras a proliferação de fungos, bactérias, bolor e outros, o que não ocorre com o plástico.

            Segundo os especialistas, as empresas que ainda resistem aos paletes plásticos utilizam os de madeira visando somente ao menor custo de compra, sem contabilizar os gastos em manutenção e durabilidade deste material nem as vantagens de se utilizar os primeiros, principalmente na área de alimentos. “Os paletes de madeira ainda são amplamente utilizados por serem mais baratos. As empresas devem levar em consideração que a higiene no seu ramo de atividade é uma necessidade premente e não uma opção. Neste ponto, a Anvisa vem fazendo a sua parte na fiscalização e controle dos processos de empresas fabricantes de alimentos. É bastante comum iniciarmos um programa de troca de paletes com poucas unidades”, relata Aron, da Schoeller.

            Os fabricantes de paletes plásticos têm procurado combater a falta de informação por parte dos clientes, de modo a auxilia-los na avaliação do custo-benefício da substituição dos paletes de madeira pelos de plásticos. “Demonstramos ao cliente os benefícios obtidos e a redução de custo a médio e longo prazo, pela durabilidade e ausência de manutenção, além dos demais benefícios de nossos produtos, desde a longa vida útil até a higiene e prevenção de contaminações”, diz Leão Jr., da PLM.

            “A resistência vem de anos, devido a falta de conhecimento da tecnologia necessária para a produção de paletes melhores e mais resistentes, fabricados em polietileno. Com isso, estabeleceu-se um hábito no mercado nacional em utilizar a madeira como matéria prima, devido a seu ‘suposto’ baixo custo. Isso levou o mercado a uma deterioração da qualidade do serviço prestad, além de expor fornecedores, representantes e clientes a uma relação desfavorável do custo-benefício a médio prazo”, afirma Alexandre Gambera de Souza, da MPE.

            Para reverter o quadro, as empresas da área de paletes plásticos fornecem uma série de alternativas em produtos e serviços à indústria de lácteos. “Temos um enfoque comercial muito forte neste mercado; acreditamos em uma reação e conscientização maior daqui pra frente. As áreas de manipulação in natura e envase precisam de atenção espacial”, aposta Aron, da Schoeller. “Estamos apenas no início do processo de substituição dos paletes, e ainda existe um grande mercado a ser prospectado e atendido”, ressalta Leão Jr., gerente comercial da PLM, que atende as indústrias alimentícias, farmacêuticas e automobilísticas. 

            Souza, gerente da MPE, aposta que o aumento nas vendas comprova a crescente preferência do mercado pelos paletes feito de material plástico, uma tendência mundial consolidada diariamente no País. “Atendemos o setor laticinista há quase dois anos, fornecendo paletes, embalagens espaciais, caixas sob medidas, bandeijas e queijeiras para revendedores e clientes da área. O objetivo principal da MPE nesse setor é expandir sua participação, juntamente ao crescimento do mercado de lácteos, tanto em profundidade de atuação e mix de produtos produzidos, quanto em expansão dos negócis. “Para ele, o mercado ainda não aderiu completamente à tecnologia do polietileno, apesar de, nos últimos anos, ter apresentando um grande crescimento relativo às vendas desse gênero de produto. “Esse fato ocorre devido a uma forte política de preços praticada pelos fabricantes de paletes de madeira que, apesar de serem menos duráveis e não apresentarem uma relação custo-benefício que favoreça o comprador, ainda mantêm uma expressiva participação no mercado ao se apoiarem em preços unitários reduzidos”, conclui.

            A industria de leite e derivados está entre os principais focos da Plasforte. “Os estrados e paletes fabricados por nossa empresa são utilizados nos mais diversos segmentos, porém, nosso foco são as indústrias laticinistas e frigoríficas”, dis Ritzmann. Segundo ele, a adesão ao palete plástico no segmento lácteo está longe do ideal. “O principal obstáculo ainda é o preço, quando comparado aos paletes de madeira, mas a tendência mundial é de substituir e extinguir os paletes de madeira, fato verificado nas exportações.”




Autor: Patrick Parmigiani

Referências bibliográficas: 

Revista Leite e Derivados número 68


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