07/08/2008 às 10h09min - Atualizada em 07/08/2008 às 10h09min

Leite materno protege contra a dengue

Todo mundo sabe que amamentar faz bem para a saúde tanto da mãe quanto para a do bebê, mas o que poucos sabem é que o leite materno protege a criança contra a dengue.

O coordenador da Rede Brasileira de Banco Humano, João Aprígio, explica que o leite humano tem um fator anti-dengue na parte gordurosa e isso protege a criança de uma maneira muito eficaz. "Não é exatamente uma vacina, mas são fatores que evitam a manifestação da doença enquanto a criança estiver sendo amamentada, mesmo que seja picada pelo mosquito", diz.

A descoberta, feita há três décadas, não é muito conhecida devido, entre outras deficiências, ao fato de, naquela época, a doença não ser ainda uma epidemia. Retomado no final da década de 1980, o estudo revelou ainda outros fatores não descritos anteriormente e comprovou que em situações de dengue a mãe pode e deve continuar amamentando. "Pesquisas realizadas há mais ou menos dez anos no nordeste brasileiro em fase de surto de dengue, encontraram núcleos familiares em que todas as pessoas contraíram a doença, menos a criança em aleitamento exclusivo. O que veio comprovar a proteção", comenta.

A proteção se dá porque a substância lipídica do leite (ésteres) entre na corrente sanguínea, circula e depois é eliminada pelo organismo humano, tendo uma ação farmacológica, ou seja, a proteção só se dá durante o tempo em que a criança está sendo amamentada. O grau de proteção depende da quantidade de mamadas, mas o médico adverte que não existe um número certo de mamadas para prevenir a doença porque isso depende de cada criança.

"Temos uma tendência a matematizar todas as questões para tornar a vida mais prática, mas quase a totalidade do leite que a criança ingere está sendo produzida no momento da mamada, portanto, depende muito da sincronia entre mãe e filho. Uma mesma quantidade de leite pode ser ingerida em cinco minutos por um bebê e em 20 minutos por outro", explica.

Sistema imunológico

A pediatra homeopata, especialista em aleitamento materno, Eliana Martins, reforça a capacidade imunológica do leite humano. A partir do sexto mês de gravidez até os primeiros meses de vida do bebê, a mãe produz o colostro, que é uma substância rica em imunoglobulina. "É a imunoglobulina que protege a criança contra todas as doenças que a mãe já teve".

Aprígio acrescenta que existem outras substâncias de natureza química que também atuam na defesa do organismo do recém-nascido. "São substâncias protetoras específicas, que protegem contra um tipo específico de doença como a dengue, a cólera, a caxumba e outras. Um outro tipo de proteção que o leite traz, são as substâncias inespecíficas que agem contra uma gama variada de bactérias", explica.

Segundo Eliana, o aconselhável é que a criança seja alimentada exclusivamente pelo leite materno até os seis meses de idade. A partir daí ele pode ser associado com frutas e papinhas e a proteção é proporcional ao número de mamadas feitas durante o dia. A médica destaca, ainda, a importância do aleitamento materno para os bebês prematuros. "As mães dessas crianças produzem o colostro por mais tempo e isso é fundamental para o combate à infecções. O colostro age como uma vacina e faz uma limpeza do organismo", afirma.

Leite e paladar

Entre os benefícios do leite pouco conhecidos do grande público está a sua influência no paladar do futuro adulto. Isso mesmo, é durante a amamentação que a criança aprende a identificar os sabores. Está aí a explicação para a rejeição que algumas crianças fazem a determinados alimentos.

Antes de obrigar o pequeno a comer verduras e legumes, a mãe deve se lembrar de como era a sua alimentação durante o período em que amamentava porque foi o que ela comeu que ensinou o filho a comer. "O leite humano produz uma substância, denominada flavor que dá gosto e cheiro ao leite. Essa substância varia de acordo com o que a mãe come", justifica. Segundo a nutricionista, ao longo do dia o leite apresenta coloração e cheiro diferente, logo, o sabor que o bebê sente ao ingeri-lo é também diferente.

A quantidade de carboidrato se mantém constante, já as de gordura e vitamina depende da alimentação da mãe. Para que a criança cresça saudável e com bons hábitos alimentares, é fundamental que a mãe se alimente bem durante o período da amamentação. "Uma substância que não pode faltar no cardápio é o ácido fólico e as do complexo B, presentes nos vegetais verde escuro como couve, brócolis e agrião. Essa substância é importante para o desenvolvimento do cérebro do bebê", explica.

Marinella Souza é estudante de Comunicação Social na UFJF


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