02/02/2014 às 16h44min - Atualizada em 02/02/2014 às 16h44min

Perspectivas para 2014

Marco Antônio Cruvinel L. Couto

Todo começo de ano temos que colocar nossa bola de cristal para funcionar, na tentativa de antecipar o que vai acontecer na cadeia láctea durante o ano que se inicia.

No princípio do ano passado, em plena safra de 2013, o leite manteve preço alto. Já no final do ano tivemos uma queda no preço brusca, em algumas regiões, em mais de 20% em 30 dias. Fruto da combinação de dois fatores, o primeiro é o reflexo do aumento da produção de leite no Brasil uma vez que os produtores produziram mais com os preços em alta. O segundo foi o desaquecimento do consumo mundial de lácteos.

As perspectivas dos analistas para as exportações de 2014 do Brasil é que irão diminuir este ano, reflexo também da diminuição do consumo mundial. O preço da alimentação do gado, neste caso, o preço da ração, do milho e da soja que chegam nas mãos do produtor de leite, ainda estão altos para o preço do leite praticado neste início de 2014. Outra incógnita, porque o Brasil, que é o maior ou segundo maior produtor de milho e soja do mundo, tem talvez um dos preços mais altos para venda?

Com o mercado tendendo para a estabilidade no consumo e em algumas regiões do mundo até baixando o consumo de lácteos e a produção de leite aumentando, a lógica é a tendência do preço do leite dar uma estabilizada ou mesmo baixar um pouco. 

Entra, então, um outro ingrediente na complexa cadeia do leite, que é a falta de chuva nas principais regiões produtoras de leite. Em Minas Gerais, que é o maior produtor de leite do pais, as chuvas estão irregulares e fracas, sem volume de água e isso compromete as pastagens e os reservatórios, encarecendo ainda mais a alimentação do animal. Por exemplo, quem plantou milho em novembro e ou dezembro, esperando as chuvas, ou perdeu ou corre sério risco de perder a plantação. Os reservatórios de água estão quase todos secos, ou bem abaixo da média. A previsão da meteorologia é de que somente dois estados brasileiros terão chuvas normais.

Então teremos o varejo impassível com o que está acontecendo. Os produtores de leite ainda relutando, em dúvidas, quanto as vantagens de se ter um leite de qualidade. Para se ter uma ideia, o principal equipamento de laboratório que os laticínios têm que ter para receberem o leite é o crioscópio - instrumento para a determinação de pontos de congelação de líquidos (o do leite, por exemplo, para descobrir se lhe adicionaram água) e mesmo assim existem aqueles que ainda colocam água no leite. Nem vou citar o nível de higiene e limpeza do leite que temos no país. Os laticínios ainda compram leite sem falar no preço, põem o preço que desejam, e o pior, 40 dias depois de recebido pela indústria. Não tem lógica você comprar alguma coisa, e só depois de 40 dias pagar o preço que lhe convier no momento. Não existe comércio de produto assim no mundo. Enfim, a mesma discordância entre laticínios e produtores, recheado com seca, preço alto de ração e mão de obra de alto custo no campo. 

A pergunta é: Até quando vamos ter este toma lá, dá cá? A tônica, mais uma vez, é cada um por si... Ou salve-se quem puder!

Saudações laticinistas
Marco Antônio Cruvinel L. Couto
Site Ciência do Leite


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