03/09/2008 às 08h39min - Atualizada em 03/09/2008 às 08h39min

Cada macaco no seu galho!

Marco Antônio Cruvinel de Lemos Couto

Há algum tempo venho falando da exigência de se ter alguém responsável com CRMV ou CRQ dentro da indústria de laticínios. A dificuldade da indústria quanto à tecnologia e processo é muita, ao mesmo tempo, é exigido que se tenha um técnico. Na prática isto acontece em parte, uma vez que o técnico responsável contratado tem que ter CRMV, independente de sua especialização. Em visitas há vários laticínios tenho deparado com responsáveis técnicos, que não tem a mínima condição de estar à frente de uma produção de derivados do leite. Simplesmente porque não é de sua competência, a não ser que faça uma especialização, o que tenho visto poucos nesta condição. Mas o que vemos é o CRMV dominar esta inspeção e exigir que a indústria pague um médico veterinário, para resolver problemas de tecnologia, o que é um absurdo, quando estamos falando de uma época em que o mais importante é a especialização. 

Veja bem, se você quebrou um osso, você vai ao ortopedista. Tem problema ocular, vai ao oftalmologista. Se for de nutrição, vai ao nutricionista. Se o seu animal sofre algum problema de saúde, procura o veterinário, enfim, se tivesse que resolver problemas de sua indústria, deveria ser o especialista em lácteos, não importa se é um técnico ou tecnólogo, o que importa é sua especialização e seu treinamento.

O CRMV e o CRQ ficam brigando para saber quem é que deve ser o assinante da indústria. Um, alega que é conhecedor de toda a cadeia láctea. O outro diz que a indústria tem mais a ver com química que com medicina veterinária. Acho eu que os dois estão enganados. O laticínio não tem somente química, mas também muita microbiologia, uma vez que o fermento é a alma do iogurte e do queijo. E em relação ao veterinário saber de toda a cadeia leiteira não basta, pois o que precisamos é de especialização. Se alguém vier fazer uma entrevista comigo e lhe for perguntado o que ele sabe fazer e ele responder "sei fazer de tudo" este não me serve, pois estou precisando de alguém que saiba de laticínio. Um dia destes um Veterinário me alegou que esta determinação vigora desde 1952, e eu digo que ai está o erro, nos reportarmos a uma lei que tem mais de 50 anos, ou seja, voltarmos a uma época que não existia, Engenharia de Alimentos, Zootecnia, Tecnólogo em Laticínios, entre outros. Mas agora temos todas estas especializações, e não com o intuito de derrubar a Medicina Veterinária, mas fortalecê-la.

Não estou aqui pregando que o médico veterinário ou o químico não são competentes em suas profissões, muito pelo contrário, pois se o veterinário cuidasse somente da saúde animal, extinguindo esta praga que é a mamite (mastite) e a aftosa, além de orientar os produtores e desenvolver a melhor genética; se o agrônomo, produzir a melhor alimentação; se o zootecnista, fazer o balanceamento ideal desta alimentação e o técnico, tecnólogo, ou mesmo outro profissional que tenha feito especialização em produção de lácteos, se juntarem, ai sim, irei acreditar em um crescimento confiável e vigoroso da indústria láctea brasileira. Enquanto insistirmos neste jogo de interesse financeiro e político, o dono da indústria, sofre e paga por isto! E a indústria brasileira perde uma boa oportunidade de evoluir dentro do processo.

Lançamos aqui o desafio de se criar uma entidade que cuide realmente de nossos interesses assim o correto seria criar o CRL (Conselho Regional de Laticínios) e com esta classe criada, poderemos enfim requisitar os nossos direitos. Fica aqui o convite ao desafio! Encaremos este assunto com imparcialidade, sem interesse político, financeiro e de forma racional, e veremos que o mais correto, é como meu sábio pai me ensinou: "Cada macaco no seu galho".


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