25/08/2023 às 09h51min - Atualizada em 25/08/2023 às 09h51min

Seapa reconhece o Queijo Cozido durante abertura da Expoqueijo 2023

No caso específico do Queijo Cozido, sem a caracterização formal do Estado, ele costuma ser comercializado como muçarela.

Página Rural
Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa)
Foto: Cassia Eponine
A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) reconheceu o Queijo Cozido durante a abertura da Expoqueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards, no Alto Paranaíba, na noite desta quinta-feira (24). A iguaria é tradicional no Norte e Nordeste de Minas, onde cerca de 450 famílias de 24 municípios a produzem, conforme estimativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). 

“Esse evento vem consagrar o trabalho realizado pela Seapa e por parceiros, de simplificar e facilitar a produção no estado. O concurso mostra a qualidade do queijo produzido em Minas Gerais para o Brasil e o mundo, abre fronteiras. E hoje tive o prazer de assinar aqui o reconhecimento de mais uma variedade de queijo artesanal mineira, o Queijo Cozido”, afirma o secretário de Agricultura, Thales Fernandes. A identificação contribui para a proteção do modo de produção do queijo passado de geração a geração de produtores. É essencial para a potencialização e o desenvolvimento do setor produtivo de queijos artesanais, na medida em que favorece a diversificação e a promoção de produtos, como fator de agregação de valor, gerando renda e empregos em Minas Gerais. 

No caso específico do Queijo Cozido, sem a caracterização formal do Estado, ele costuma ser comercializado como muçarela. Assim, identificá-lo é, principalmente, valorizar a produção regional desta variedade. “Economicamente, o reconhecimento muda a vida da gente na região, porque o produto agrega valor. Como todos nós somos da agricultura familiar, nos ajuda demais. Por exemplo, o nosso Queijo Cozido é vendido a R$ 45, R$ 50 por quilo, mas só compra quem conhece. O muçarela em barra lá é vendido a R$ 27, R$ 28. Isso é uma grande diferença para nós pequenos agricultores”, conta o produtor rural Sidney Ramos, do município de Ladainha. O passo seguinte será a caracterização das regiões produtoras do Queijo Cozido. A solicitação formal à Seapa para início dos estudos foi realizada por entidade que representa os produtores e os municípios serão avaliados pela Emater-MG, dentro de uma metodologia desenvolvida pela empresa. Por fim, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) irá elaborar o Relatório Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cozido, que fixará os requisitos para a produção regularizada.

Rede de Pesquisa - Também na abertura da Expoqueijo, a Seapa e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) formalizaram, por meio de resolução conjunta, a Rede Mineira de Pesquisa em Queijos Artesanais. O evento foi marcado ainda pelo lançamento oficial do site do grupo de pesquisadores. Os objetivos da rede, coordenada pela Epamig, são a articulação entre os diversos agentes envolvidos no setor, o atendimento a demandas relacionadas ao reconhecimento e a regulamentação da produção de queijos artesanais, a difusão de tecnologias e a definição de planos de capacitação para técnicos, fiscais e pesquisadores. Desde antes da formalização do grupo, a rede já trabalha em quatro projetos: a caracterização dos queijos artesanais do Vale do Suaçuí, o levantamento dos principais desafios do setor, o estudo sobre as regiões que tiveram seus queijos artesanais recentemente regulamentados e a análise das alterações no fermento natural chamado "pingo" durante as diferentes estações do ano. Esses dois últimos foram aprovados por editais de fomento à pesquisa da Fapemig.

Como exemplo, a pesquisa a respeito do pingo busca resposta a uma pergunta dos produtores: por quanto tempo e qual a melhor forma de armazenar pingo? É costume armazená-lo resfriado ou congelado, mas ainda não existem pesquisas científicas sobre a viabilidade temporal do refrigeramento. Estão sendo testados diversos tempos e condições para avaliação da microbiota. O projeto é desenvolvido na região de Campo das Vertentes e será reproduzido em outras localidades por parceiros da rede. Também integram o grupo a Embrapa Gado de Leite, as universidades federais de Minas Gerais (Ufmg), Lavras (Ufla), Viçosa (UFV), São João del-Rei (Ufsj), Juiz de Fora (Ufjf), Vales do Jequitinhonha e Mucuri (Ufvjm) e Uberlândia (UFU), os institutos federais Sudeste Rio Pomba e Bambuí, a Unimontes e a PUC-Minas.

A proposta da rede é voltada para a troca constante de informação entre as instituições participantes para a otimização de recursos e infraestrutura laboratorial, além da atualização e padronização de metodologias. Já a ideia do site é facilitar a interação entre os pesquisadores e divulgar o trabalho da rede, as ações de pesquisas realizadas em colaboração e as atividades de extensão executadas em parceria com a Emater-MG. O público-alvo é a comunidade acadêmica, produtores e demais interessados no universo dos queijos artesanais. “O site é uma demanda antiga do Sistema Agricultura. Há mais de dez anos falamos sobre a necessidade de ter essas informações concentradas em um só local. E mais do que um repositório de pesquisas, este será um canal de comunicação entre os pesquisadores”, afirma o pesquisador da Epamig Sul e coordenador da rede, Daniel Arantes.

Cooperação técnica - Além do reconhecimento do Queijo Cozido e da formalização da Rede Mineira de Pesquisa em Queijos Artesanais, foi assinado um acordo de cooperação técnica entre a Emater-MG e o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) durante a cerimônia de abertura da Expoqueijo. Com duração de cinco anos e possibilidade de renovação, o acordo tem por objetivo o intercâmbio científico entre as instituições, como o compartilhamento de tecnologias e o treinamento de técnicos e extensionistas, especialmente voltado para o beneficiamento de leite e seus derivados.

Queijo artesanal em Minas - Conforme as estimativas da Emater-MG, Minas Gerais tem 8.370 agroindústrias familiares produtoras de queijos artesanais. Aproximadamente 31,4 mil toneladas desses produtos artesanais são elaborados anualmente por famílias mineiras. Já os dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio, referentes a queijos industriais, apontam que Minas é o maior exportador de queijos no Brasil. De janeiro a julho de 2023, foram comercializados internacionalmente US$ 5,3 milhões e embarcadas 694 toneladas. As maiores encomendas vieram da Rússia, dos Estados Unidos, de Taiwan, do Chile e de Angola.

Expoqueijo - Realizada entre 24 e 27 de agosto, no Grande Hotel e Termas de Araxá, a Expoqueijo Brasil reúne quase 1,2 mil queijos inscritos, de aproximadamente 400 produtores, provenientes de dez países, na disputa por medalhas em cerca de 50 categorias e o título de grande campeão do Concurso Internacional de Queijos Artesanais. A expectativa da organização é receber 35 mil visitantes. Neste ano, a curadoria da competição é do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (Ilct), vinculado à Epamig. Para a criação de uma metodologia genuinamente brasileira, as equipes do Ilct desenvolveram o sistema de avaliação, o regulamento, um glossário de terminologias e o método de inscrição dos produtos. Mais de 200 jurados foram treinados pelo instituto para analisar as amostras concorrentes e definir os vencedores. Para isso, eles irão avaliar atributos sensoriais dos queijos, como o aspecto global, a cor, a textura, o odor, o aroma, a consistência e o sabor, sendo que cada quesito possui um peso. O produtor Alexandre Honorato, de Araxá, participa do concurso pelo terceiro ano consecutivo. A marca Fazenda Só Nata já venceu o ouro em 2022 e a prata em 2021 com o Queijo Minas Artesanal. Em 2023, está mais uma vez na disputa com um queijo mais recente, maturado por 60 dias, e uma amostra com seis meses de maturação.
“É muito prazeroso participar e conquistar medalhas. Isso prova que a gente está no caminho certo, tem um produto que agrada às pessoas e, com certeza, agrega valor ao queijo, aparecem novos mercados, novos clientes. É uma roda que vai girando. A gente vai tocando o negócio, fazendo um produto com qualidade e com segurança alimentar, que é reconhecido nesses concursos, e vai conseguindo, a cada dia mais, aperfeiçoar e melhorar um pouco”, relata Alexandre.

A Expoqueijo é uma realização da Bonare Eventos, em parceria com o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Agricultura e suas vinculadas, a Emater-MG, a Epamig e o IMA. Também são parceiros a Superintendência Federal de Agricultura de Minas Gerais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Sistema Faemg, o Sistema Ocemg, a Prefeitura de Araxá, associações de produtores de queijos e instituições de fomento ao agronegócio.

Fonte: Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa)

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