02/07/2023 às 09h51min - Atualizada em 02/07/2023 às 09h51min

Alysson Paolinelli. Conheça a trajetória e entenda a importância dele para agricultura mundial

Natural de Bambuí, no Centro-Oeste de Minas Gerais, o engenheiro agrônomo Alysson Paolinelli é reconhecido como um líder da revolução agrícola tropical sustentável

Página Rural
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A trajetória de Alysson Paolinelli, que morreu dia 29 de junho de 2023, foi marcada por conquistas notáveis na agricultura nacional e internacional. Ele nasceu em 10 de julho de 1936, na cidade de Bambuí, em Minas Gerais. Filho único do engenheiro-agrônomo Antônio Paulinelli de Carvalho e da professora Adalgisa Luchesi Paulinelli. Em 1959, com apenas 23 anos, formou-se na Escola de Engenharia Agronômica da Escola Superior de Lavras, recebendo a honraria de melhor aluno da turma. Logo em seguida, foi convidado para assumir uma cadeira de professor na ESAL, cargo que aceitou prontamente. Entre 1966 e 1967, ocupou o cargo de vice-diretor da ESAL, e de 1967 a 1971, exerceu a função de diretor da instituição. Durante seu período como diretor, também foi presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS) entre 1968 e 1969. Em seguida, assumiu o cargo de Secretário de Agricultura do Estado de Minas Gerais, de 1971 a 1974. Sua atuação como secretário foi extraordinária e chamou a atenção do presidente Ernesto Geisel, que o convidou para ser o Ministro da Agricultura do Brasil, cargo que ocupou de 1974 a 1979. Sua gestão no ministério representou uma grande revolução na agricultura brasileira.

Além disso, Alysson Paolinelli teve passagens importantes como presidente do Banco do Estado de Minas Gerais, de 1979 a 1983, e como presidente da Associação Brasileira de Bancos Comerciais Estaduais (ASBACE). Também foi presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), de 1987 a 1990, e exerceu o cargo de deputado federal da assembleia nacional constituinte entre 1987 e 1991. Entre 1991 e 1994, retornou como secretário de agricultura do estado de Minas Gerais. Em 2011, assumiu a presidência da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e, em 2020, tornou-se titular da Cátedra Luiz de Queiroz para Sistemas Agropecuários Integrados da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). Em 2021 e 2022, Alysson Paolinelli foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo seu relevante trabalho na produção de alimentos para o Brasil e o mundo. Alysson Paolinelli, o ministro da Agricultura que revolucionou o campo brasileiro.

No entanto, é no período em que esteve à frente do Ministério da Agricultura, de 1974 a 1979, que se destacam os momentos mais importantes de sua trajetória. Paolinelli investiu fortemente em ciência e tecnologia, enviando 2 mil pesquisadores para realizar cursos de pós-graduação nas melhores instituições do mundo, com a condição de que retornassem ao Brasil e aplicassem o conhecimento adquirido em benefício do país. Além disso, como ministro da Agricultura do Brasil, Alysson Paolinelli foi responsável por criar instituições, políticas e organizações que impulsionaram a modernização da agricultura tradicional. Destacam-se entre suas muitas ações o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados (Polocentro) e o Programa de Cooperação Nipo-Brasileiro para o Desenvolvimento Agrícola dos Cerrados (Prodecer). Posteriormente, Paolinelli desempenhou um papel fundamental na criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975, o primeiro projeto mundial de produção em larga escala de um combustível limpo e renovável a partir de biomassa, ou seja, o etanol. É importante ressaltar que, na década de 1970, o Brasil enfrentava um déficit agrícola, sendo necessário importar alimentos para alimentar sua população.

Nesse contexto, Alysson Paolinelli investiu intensamente na recém-criada Embrapa, sendo responsável por implantar 26 dos 43 centros de pesquisa que existem no país atualmente, incluindo unidades descentralizadas,, como a Embrapa Florestas e a Embrapa Cerrados, e contribuiu para o desenvolvimento do cerrado ao criar cinco centros de pesquisa na região: Cerrados, Milho e Sorgo, Arroz e Feijão, Gado de Corte e Hortaliças. Além disso, ele fundou o Serviço de Produção de Sementes Básicas (SPSB) e dez estações experimentais nos Estados que possuem o Cerrado como bioma. Dessa forma, o esforço de Alysson Paolinelli permitiu a transformação do cerrado em um polo dinâmico na produção agrícola, tornando-se um exemplo não só para o Brasil, mas também para o mundo.

O cerrado e a segurança alimentar - O Brasil é um dos poucos países entre os grandes produtores que possui capacidade para atender à demanda mundial de alimentos sem agredir o meio ambiente. É por isso que Alysson Paolinelli sempre acreditou no potencial de desenvolvimento da agricultura tropical. Ele quebrou paradigmas e construiu uma nova ordem produtiva na agricultura brasileira, com impactos significativos em termos de sustentabilidade e segurança alimentar global.

A influência transformadora de Alysson Paolinelli ultrapassa as fronteiras do Brasil e projeta-se para toda a agricultura do cinturão tropical. É importante destacar a transformação promovida por Paolinelli na agricultura, em especial a incorporação do Cerrado como um polo dinâmico na produção agrícola, servindo de exemplo para o Brasil e para o mundo. Graças à ciência e à tecnologia, foi possível recuperar solos degradados e torná-los altamente produtivos. Antes restrita às regiões pioneiras do Sul do país, a cultura da soja agora floresce nos Cerrados, correspondendo a 46% da produção em 2019, segundo o IBGE. No caso do milho, quase metade da produção ocorre nesse bioma. Quanto ao café, a participação do Cerrado praticamente duplicou entre 1974 e 2019.

Os reconhecimentos e resultados obtidos por Alysson Paolinelli são notáveis. Em 2006, ele recebeu o World Food Prize da Fundação Norman Borlaug, em reconhecimento à sua significativa contribuição para a segurança alimentar global. O site da fundação explica a razão do prêmio: “Antes do trabalho de Paolinelli, o Brasil precisava importar a maior parte de seus alimentos. No entanto, nas décadas seguintes ao desenvolvimento de seu plano de produção agrícola para a região do Cerrado, o Brasil se tornou um país exportador de alimentos”. Entre 1975 e 2020, a produção brasileira de cereais e oleaginosas aumentou de 39,4 milhões de toneladas para 268,2 milhões de toneladas (um crescimento de 680%), enquanto a área cultivada apenas dobrou, passando de 32,8 milhões para 65,2 milhões de hectares. 
“O Brasil é uma estufa de 850 milhões de km² a céu aberto, que pode ser cultivada onde for necessário. O clima tropical será a grande solução para evitar a fome no mundo”, disse.

Outros destaques e honrarias recebidas por Alysson Paolinelli:

Prêmio Frederico de Menezes Veiga, da Embrapa, em 1981.
Título de Professor Emérito da Universidade de Lavras, em 2006.
Personalidade do Agronegócio em 2006, concedido pela Associação Brasileira do Agronegócio.
Ordem Nacional do Mérito Científico – Classe Grã-Cruz, em 2008.
Medalha dos 150 anos do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
Medalha Luiz de Queiroz em 2017.
Embaixador da Boa Vontade do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em 2019.
Medalha de Honra ao Mérito Legislativo, a mais importante condecoração da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 2021.
Comenda Ministro Alysson Paolinelli, criada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG) em 2021.
Busto em Primavera do Leste/MT, uma homenagem do Sindicato Rural do município em 2021.
Placa “O Visionário da Agricultura Tropical Sustentável”, uma homenagem da Rede Paolinelli, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em 2021.

Fonte: Página Rural

 

Alysson Paolinelli é homenageado com o Mérito

Alysson Paolinelli é homenageado com o Mérito

Foto: Assessoria Show Safra


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