11/02/2024 às 13h25min - Atualizada em 11/02/2024 às 13h25min

O tesouro da Ilha de Marajó

A Ilha de Marajó possui o maior rebanho bubalino do Brasil, sendo a Microrregião de Arari a principal produtora de leite e queijo de búfala.

Vitória Nazaré Costa Seixas
Revista Mais Leite
Foto Divulgação Revista Mais Leite
 

A Ilha de Marajó possui o maior rebanho bubalino do Brasil, sendo a Microrregião de Arari a principal produtora de leite e queijo de búfala. Embora a Ilha de Marajó seja o maior polo de bubalinocultura do Brasil, enfrenta dificuldades com relação ao aproveitamento da produção láctea em função da distância dos principais centros consumidores. A criação de búfalos apresenta grande importância para a Amazônia, em especial para as áreas alagadiças, pois nenhuma outra espécie doméstica encontra-se tão bem adaptada. Além disso, a bubalinocultura propicia geração de receita a partir do consumo de pastagens de médio a baixo valor nutricional. Na região Norte, a industrialização do leite de búfala tem representatividade econômica e social e, mais especificamente, no Estado do Pará, o interesse na utilização desse leite na produção de queijos, vem aumentando consideravelmente. Neste contexto, os municípios de Soure e Cachoeira do Arari foram considerados os maiores centros produtores de queijo de leite de búfala do Pará, constituindo-se como um investimento atrativo para a economia local.

Entende-se por queijo do Marajó o produto elaborado artesanalmente na área geográfica do arquipélago do Marajó, conforme a tradição histórica e cultural da região onde for produzido, obtido pela fusão da massa coalhada, dessorada de leite de búfala e/ou leite de búfala misturado com leite bovino na proporção máxima de 40%, lavada com água ou leite de búfala ou bovino, obtido por coagulação espontânea e adicionado de creme de leite ou manteiga. De acordo com o processo de fabricação adotado, o queijo é classificado como queijo tipo manteiga – processo de cozimento da massa, denominado de “fritura”, no qual adiciona-se a manteiga propriamente dita.

O queijo tipo manteiga é considerado mais rústico, enquanto o tipo creme, como o próprio nome sugere, é mais cremoso, sendo também conhecido como “requeijão” do Marajó. Esses queijos apresentam diferenças na textura, nível de produtividade e durabilidade (tempo de prateleira) diferenças provenientes dos distintos modos de produção, provenientes do saber-fazer territorializado.

A produção do queijo do Marajó constitui um componente econômico fundamental para a sustentabilidade das famílias, nas quais a renda familiar depende principalmente dessa atividade. Mas, para isso, há a necessidade de adequação da infraestrutura das agroindústrias e das condições de processamento, pois algumas ainda utilizavam tecnologias rudimentares. Neste contexto, a modificação na legislação do Estado do Pará, que preconiza uma série de exigências e recomendações que permitem a venda do produto localmente e em outros estados, é um avanço.

Além disso, para maior desenvolvimento do setor, é necessária a criação de políticas públicas que contemplem estratégias que visem à maior organização da cadeia e garantam maior competitividade ao produto. Para isso, a regularização das queijarias que atuam na clandestinidade e a capacitação dos produtores são fatores primordiais, juntamente com a facilitação de acesso ao crédito aos produtores.

Fonte: Revista Mais Leite
Autora: Vitória Nazaré Costa Seixas – 
Professora da Universidade do Estado do Pará Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela UFV

 


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