Foto de Azerbaijan Stockers no FreepikO ano de 2023 continua a avançar, trazendo incertezas quanto ao desempenho econômico das principais regiões globais. Nos Estados Unidos, a maior taxa de juros desde a década de 2000 está sendo enfrentada como parte dos esforços para conter a inflação. A boa notícia é que o crescimento econômico nos Estados Unidos tem demonstrado mais resiliência diante do aumento das taxas de juros do que inicialmente previsto. Por outro lado, a Europa ainda lida com altas taxas de inflação, superando os 5% ao ano, e está agora considerando um aumento nas taxas de juros, embora o crescimento econômico na região permaneça modesto. De acordo com o boletim do Centro de Inteligência do Leite, a Guerra na Ucrânia continua a impactar não apenas a Rússia e a Ucrânia, que são importantes fornecedores de insumos e produtos agrícolas, mas também o continente europeu, embora em menor escala do que no ano anterior. Enquanto isso, a China está fazendo esforços para revitalizar sua economia, mas o cenário de crescimento permanece incerto. Notícias de quedas nos preços das ações de empresas da construção civil, que enfrentam dificuldades, destacam os desafios ainda enfrentados pelo gigante asiático em sua recuperação econômica.
No mercado internacional, os preços dos lácteos continuam em queda devido ao aumento da produção e à redução da demanda chinesa. As importações mensais de produtos lácteos na China caíram mais de 30% desde o início do ano. Os preços do leite em pó integral e desnatado permanecem baixos, com valores em torno de USD 2.700 por tonelada e USD 2.286 por tonelada, respectivamente.
A economia brasileira tem sido surpreendentemente positiva em 2023, com estimativas atuais indicando um crescimento de 2,9% do PIB no ano. O desemprego e a inflação ainda estão sob controle. No entanto, desafios começam a surgir no horizonte macroeconômico, principalmente devido ao aumento dos gastos públicos sem uma correspondente melhoria na arrecadação. Essa despesa adicional do governo, somada à nova realidade das taxas de juros internacionais mais altas, cria dificuldades no cenário de queda das taxas de juros em curso, o que pode afetar a atividade econômica. Os dados da atividade industrial mostram estagnação nos últimos 12 meses, com queda na produção de bens de capital. Mesmo com capacidade ociosa na indústria, isso sinaliza maiores desafios para a expansão do setor secundário e da economia brasileira a médio prazo.
A oferta de lácteos no Brasil aumentou nos últimos meses, com as importações continuando em níveis elevados, representando cerca de 10% do consumo doméstico. A produção reagiu no segundo trimestre, especialmente no Sul do país, que está se consolidando como a principal região produtora de leite. O Nordeste também tem apresentado um desempenho surpreendente, contribuindo para o aumento da oferta interna. Com o aumento da oferta, os preços para os produtores, no atacado e para os consumidores, têm recuado. Os preços dos produtos lácteos ao consumidor, influenciados principalmente pelo leite UHT, caíram 1,4% em agosto, enquanto a inflação medida pelo IPCA ficou positiva em 0,2%. Ao longo de 12 meses, os preços dos lácteos recuaram 10,3%, contrastando com a inflação de 4,6%. Os preços dos insumos pagos pelos produtores também diminuíram, com o Índice de Custo de Produção (ICP) Leite da Embrapa registrando uma queda de -7,6% nos 12 meses até agosto de 2023. No entanto, essa queda é menos pronunciada do que a queda nos preços ao produtor, o que impacta negativamente os termos de troca para os produtores de leite e pode afetar a produção, em um momento em que a produção nacional parece estar se recuperando.
Autora: Aline Merladete
Fonte: Agrolink
