18/06/2023 às 08h02min - Atualizada em 18/06/2023 às 08h02min

O mercado de leite no Japão

O Japão é conhecido por ser uma fábrica flutuante. Isto porque a Ilha tem, na robustez da indústria, sua grande alavanca de desenvolvimento.

Embrapa Gado de Leite
Embrapa Gado de Leite
Foi na agregação de valor por meio da importação de matéria prima e da exportação de manufaturados, que o Japão saiu de uma situação de total destruição no pós-guerra, para uma das mais importantes potencias mundiais. Com poucas áreas mecanizáveis e disponíveis para agropecuária, o Japão é importador líquido de alimentos. O arroz é a base da alimentação japonesa e, por questão de segurança nacional, esta cultura tem grandes incentivos governamentais para a sua produção. O Japão também é um dos maiores importadores de produtos lácteos no mundo. De acordo com o Internacional Farm Comparison Network (IFCN), em 2022 a indústria láctea japonesa produziu 7,41 bilhões de litros de leite.

O movimento da cadeia produtiva do Japão segue acompanhando tendências mundiais na estrutura de produção. Menos animais, queda de 26,17% em relação ao ano de 2000, maior produtividade dos animais, crescimento maior que 25% na mesma comparação. O número de produtores é muito reduzido. Segundo a CLAL_IT, em 2021, o Japão tinha somente 14.000 produtores, uma redução de 6,6% em relação ao ano anterior. O consumo total tem estado estável ao longo dos anos estudados, notadamente se considerarmos que a população japonesa decresceu 1,22% no período analisado, o que dá uma redução média de 0,06% ao ano.

O consumo per capita não é alto, mas tem se mantido estável com ligeiro aumento de 0,25% em 2021 na comparação com o ano de 2000. O consumo de queijo é o mais relevante e no ano de 2022 a sociedade japonesa consumiu 2,68 kg/capita, uma redução de 2,55% em relação ao ano anterior. Houve aumento de consumo de manteiga e de leite em pó desnatado, e em 2022 foi de 0,68 kg/capita e 1,34kg/capita, o que representou aumento em relação ao ano de 2000 de 3,03% e 3,08%, respectivamente.

O processamento do leite de vacas representou 99% da produção em 2021, bastante elevado, o que pese a ligeira redução em 2021 em relação ao ano anterior. A produção de leite é destinada majoritariamente para o mercado interno e as exportações são bastante tímidas, correspondendo a somente 1% de sua produção em 2021. Mas o volume de produção não atende ao consumo interno, sendo necessário a importação de lácteos. Em 2021 o país importou 26,90% em relação à sua produção, o que o tornou um dos maiores importadores de lácteos do mundo. A produção de produtos lácteos aumentou ao longo do período estudado. Em 2022 foram produzidas 160 mil toneladas de queijos, aumento de 1,91% em relaçãoao ano anterior; 75 mil toneladas de manteiga, aumento de 15,38% e 158 mil toneladas de leite em pó desnatado, representando um aumento de 21,54% em relação à 2021.

A despeito do aumento da produção de derivados lácteos, o Japão continua sendo um dos maiores importadores de lácteos do mundo. Os maiores volumes importados são de queijos e de leite em pó desnatado. Segundo o USDA, por meio da GAIN, o Ministério da Agricultura, Silvicultura e Pescas do Japão (MAFF) em 2018 lançou um programa de expansão do rebanho. Em novembro de 2022, o Japão produziu um excedente de leite, o que causou baixa nos preços internos. Além disso, até novembro de 2022, os preços do feno e dos alimentos compostos para animais, que representam cerca de metade dos custos de produção de leite, atingiram níveis recordes. Os preços do feno importado e ração completa aumentaram cerca de 56 e 24 por cento em relação ao ano de 2021.

De acordo com o MAFF, a partir de janeiro de 2023, o número de fazendas no Japão caíu 7% em relação a 2022. As fazendas leiteiras dependem fortemente do comércio de rações e, devido ao forte aumento dos preços, em decorrência desse impacto no custo de produção de leite, muitos produtores deixaram a atividade. Em dezembro de 2022, como incentivo à redução da produção excessiva de leite, o MAFF anunciou um programa emergencial para induzir o abate precoce de vacas leiteiras menos produtivas. Produtores de leite participantes que sacrificarem vacas receberá do MAFF um pagamento de até 150.000 ienes (US$ 1.154) para cada vaca abatida.

O Brasil possui autorização para exportar lácteos para o Japão desde 2017. Segundo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) a negociação demorou dois anos e pelo certificado, poderão ser exportados produtos das áreas livres da febre aftosa com e sem vacinação.

Outro fator importante são as barreiras impostas, sejam elas tarifárias ou não tarifárias. As tarifas de importação do Japão chegam a 95%. O mercado lácteo é protegido em todo o mundo e acordos que reduzam ou retirem essas barreiras são fundamentais para ampliar a participação de produtos lácteos brasileiros no mercado internacional. Sem isso, o Brasil já entra em desvantagem, independente da qualidade da oferta e da enorme plataforma produtiva existente no país.

Fonte: Embrapa Gado de Leite

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