24/03/2023 às 11h19min - Atualizada em 24/03/2023 às 11h19min

Papel da mulher na produção do Queijo Artesanal Serrano é tema de palestra.

O Queijo Artesanal Serrano é o primeiro queijo brasileiro a obter uma Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO).

SEAPI-RS
Em suas andanças pelo Rio Grande do Sul, o fotógrafo Fernando Dias já colecionou muitas imagens, mas, para ele, o que mais importa são as amizades colhidas ao longo de 50 anos de experiência, 12 deles só na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). E junto com as imagens vêm as histórias. Algumas dessas foram contadas durante o 18º Encontro Municipal de Mulheres Rurais e 1º Seminário “O Papel da Mulher na Cadeia Produtiva de Queijo Artesanal Serrano”, ocorridos em São Francisco de Paula. A promoção foi da Emater/RS-Ascar e do Grupo Jardim da Serra.

Dias conversou sobre o papel da mulher na produção do Queijo Artesanal Serrano e explicou como produziu algumas das fotos que ilustram o livro “Queijo Artesanal Serrano – Identidade Cultural nos Campos de Cima da Serra”, publicado em 2018, cuja autoria divide com Saionara Wagner, Jaime Ries e João Carlos Santos da Luz. O livro foi feito em dois anos e meio.

O fotógrafo destacou a importância da mulher nessa cadeia produtiva. “Porque, geralmente, não sempre, são elas que fazem o queijo, além de cuidarem de suas casas. Então, a gente tem que reconhecer essa relevância”, afirmou.

Ele citou a vez em que a dona de uma pousada em Bom Jesus, Dona Dalva, como é chamada, fazia pratos de trutas com alcaparras, ervas finas e molho de vinho, entre outros ingredientes. “Então, eu a desafiei a produzir um prato de truta com queijo serrano. Depois de três meses, voltei lá, e ela me disse que tinha conseguido. Aí fiz a foto que está publicada no livro sobre a história do queijo serrano. Hoje é o prato mais pedido no restaurante da pousada”, contou Dias com orgulho.

Outra história abordada foi quando precisava de fotos com neve e lhe disseram que ia nevar na serra na madrugada. “Então, à uma da manhã, peguei o carro, viajei a noite inteira, fui até o interior de São José dos Ausentes, no Cachoeirão dos Rodrigues, para ver se vinha neve ao amanhecer”, relembrou. “Ela não veio, mas teve uma geada negra intensa. Voltei para a pousada, e o proprietário me garantiu que, no dia seguinte, teria uma geada ‘de respeito’. Não deu outra, com menos 8 graus, saí para a rua e estava tudo branco, maravilhoso. Então consegui umas fotos bem interessantes, que foram publicadas no livro”.

Em outra oportunidade, em uma pousada em São José dos Ausentes, Dias se deparou com uma equipe da Rede Globo de Televisão, do Rio de Janeiro, que buscava locações para cenas da novela “Além do Tempo”, exibida de 2015 a 2016. “Conversando com o diretor da novela, perguntei se ele conhecia o queijo serrano. Diante da negativa, expliquei que era um queijo com mais de 200 anos e chamei a filha do proprietário da pousada, a Toninha, que produz o queijo. Ela trouxe alguns e colocou no balcão para a equipe de televisão provar. Todos adoraram. O diretor então chamou alguém da produção e disse ‘anota aí: queijo serrano’. Muito tempo depois, Toninha disse que viu em uma das cenas da novela, uma mesa de café da manhã com o queijo serrano. Então, são coisas interessantes que a gente vai presenciando”, disse Dias.

Segundo ele, o resultado mais importante nesse projeto, feito com parcerias público-privadas no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, foi o reconhecimento do queijo serrano, seus produtores e produtoras, e a conquista de prêmios em concursos estaduais e nacionais de queijos artesanais.

“Hoje existe inspeção municipal, estadual e federal, Selo Arte e Indicação Geográfica/Denominação de Origem. Está tramitando no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do RS (Iphae) o reconhecimento do ‘saber fazer’ do queijo artesanal serrano”, pontuou Dias.

Sobre o Queijo Serrano

O Queijo Artesanal Serrano é um produto típico e exclusivo dos Campos de Altitude do Rio Grande do Sul (Campos de Cima da Serra) e de Santa Catarina (Planalto Sul-catarinense). É produzido há cerca de 200 anos, através da adaptação de receita de origem portuguesa, passada de geração para geração.

Até hoje, é um dos principais produtos para cerca de três mil fazendas serranas, representando, algumas vezes, mais da metade da renda agrícola bruta desses estabelecimentos rurais e a principal atividade na rotina diária das famílias.

O Queijo Artesanal Serrano é o primeiro queijo brasileiro a obter uma Indicação Geográfica (IG) na modalidade Denominação de Origem (DO). A certificação é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) e engloba 16 municípios gaúchos e 18 catarinenses.

Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi)

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