Há cinco anos, Carlos Motta trabalhava como auxiliar de pedreiro e sua esposa, como servente. A renda dos dois era de R$ 15 por dia. Desde julho de 2005 a vida do casal mudou. Eles adquiriram um pequeno sítio, com algumas cabeças de gado, e passaram a ser atendidos pelo Projeto Balde Cheio, desenvolvido pela Embrapa Pecuária Sudeste, Sebrae e outros parceiros. Com apoio em assistência técnica, hoje eles sobrevivem só da propriedade, com renda de R$ 3 mil por mês, e já possuem planos para dobrar a renda.
Carlos lembra que o gado de sua propriedade, localizada no município de Cambuci, no Rio de Janeiro, começou a passar fome, por falta de água na propriedade e pastagem. “Com apoio do projeto Balde Cheio, técnicos da Embrapa fizeram estudo do solo e o resultado foi o nascimento de um capim bonito. Vendi as vacas que tinha, que produziam 70 litros de leite por dia, e comprei apenas cinco, de melhor raça, com capacidade para produzir 90 litros por dia. O técnico da Embrapa visita a propriedade uma vez por mês, mas se precisar, ele vem toda semana”, disse.
O produtor possui hoje 12 vacas, quatro novilhos e alguns bezerros. No total, as vacas produzem 200 litros de leite por dia, e no pasto está sobrando comida. “Vou reflorestar 15% da propriedade e irrigar três hectares de terra, além de plantar dois hectares de cana-de-açúcar. A minha meta é ter 30 vacas, que irão produzir 600 litros de leite por dia, o que nos proporcionará uma renda de R$ 6 mil líquidos por mês”, comemora o produtor.
O Projeto Balde Cheio visa transferir tecnologia que ajuda no desenvolvimento da pecuária leiteira em propriedades familiares. Seu objetivo é capacitar técnicos de extensão rural e produtores, promovendo a troca de informações sobre as tecnologias aplicadas regionalmente e monitorando os impactos sociais, econômicos e ambientais nos sistemas de produção. Hoje o projeto é desenvolvido com apoio do Sebrae nos estados do Maranhão, Paraíba, Alagoas, Tocantins, Rio de Janeiro e Mato Grosso. O apoio técnico do projeto é gratuito. Para participar, o produtor deve entrar em contato com a Embrapa Pecuária Sudeste.
Neste mês de abril, o gerente da área de agronegócios do Sebrae, Paulo Alvim, e a coordenadora da carteira de leite e derivados da instituição, Fátima Lamar, se reuniram com representantes da Embrapa Pecuária Sudeste. No encontro foram delineadas algumas ações para estender o projeto a todos os estados do nordeste. Outra estratégia é a realização de missão técnica para que técnicos conheçam, in loco, na Embrapa, o projeto Balde Cheio.
A terceira ação definida é a disseminação da cartilha Sítio Esperança, elaborada pela Embrapa. “A publicação fala da metodologia do projeto pelo olhar do produtor. Queremos que a cartilha chegue nas mãos dos mais de cinco mil produtores formais atendidos nos 89 projetos da cadeia leiteira do Sebrae”, disse Fátima Lamar. A quarta ação é a elaboração do Kit Balde Cheio, que contará com camiseta, chapéu e um caderno de campo, que irá auxiliar o produtor a fazer o controle da atividade leiteira da propriedade. “A transferência de tecnologia profissionaliza a propriedade leiteira. O produtor deixa de ser produtor e passa a ser empresário do leite”, explica Fátima.
Metodologia
A troca de informações acontece na propriedade rural, que se torna uma ‘sala de aula’, chamada de Unidade Demonstrativa (UD). Além disso, a programação inclui aulas teóricas realizadas na Embrapa Pecuária Sudeste e nas propriedades dos produtores selecionados. O projeto Balde Cheio está presente no Acre, Bahia, maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.