29/03/2018 às 12h46min - Atualizada em 29/03/2018 às 12h46min

Lactalis diz que vai manter Itambé para ser líder do setor no país

Lactalis pretende preservar Itambé de seu legado e torná-la lider do setor de produtos lácteos

Fonte: Terra Viva
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Lactalis – Na expectativa de um fim próximo da disputa judicial envolvendo o laticínio mineiro Itambé, o grupo Lactalis, maior fornecedor de lácteos do mundo, anunciou ontem que se confirmado no comando da tradicional empresa de Minas vai preservá-la para se tornar o líder do setor no país.

“Nosso objetivo é ser o número um no Brasil e chegaríamos lá mais rápido com a Itambé”, afirmou o presidente da Lactalis na América Latina, Patrick Sauvageot. Foi a primeira vez que um executivo da companhia francesa falou publicamente sobre o assunto desde o acordo de compra do laticínio, firmado com a atual dona da marca, a Cooperativa Central de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR).

A Itambé foi vendida à Lactalis no começo de dezembro último, mas o negócio é questionado pela antiga sócia da CCPR, ex-proprietária de metade do capital da empresa mineira, a Vigor Alimentos, que também mudou de mãos recentemente, do grupo JBS para a mexicana Lala. A venda da Itambé ao grupo francês foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas a Lactalis foi impedida de assumir a companhia até que uma câmara arbitral decida no processo.

Segundo o presidente da Lactalis na América Latina, a visão do grupo é de que o negócio está fechado. “A Itambé tem uma cultura forte, uma história e um crescimento muito bom. Vamos preservar a direção e as pessoas e acreditamos que temos mais a aprender com ela”, afirmou o executivo durante a solenidade de inauguração, ontem, em Teutônia, na Região Central do Rio Grande do Sul, de fábricas especializadas na produção de manteiga premium e leite UHT em garrafas PET.

Operando no Brasil desde 2013, hoje com 4 mil funcionários em 15 unidades, a Lactalis também quer fazer do Brasil plataforma para exportar a outros países da América Latina. “Temos muito a crescer”, disse Patrick Sauvageot. De acordo com o executivo, há espaço para expansão do consumo nacional de queijos e iogurtes, que é menor na América Latina.

A intenção do grupo francês é reforçar as linhas de produção da empresa de Minas Gerais complementares às áreas de atuação no Brasil da Lactalis. O presidente-executivo da Lactalis Brasil, André Salles, afirmou que uma vez confirmada pela Justiça a compra da Itambé, o grupo pretende investir em parceria para aumentar a qualidade do leite que será captado nas fazendas abrangidas pela CCPR.

Salles disse que com a compra do laticínio mineiro, a Lactalis, que tem forte presença comercial no Sul do Brasil e no Sudeste, à exceção de Minas, alcança os mercados em que a Itambé tem participação destacada, além de Minas, no Centro-Oeste e no Nordeste. “São empresas que se complementam quase que perfeitamente e dessa complementariedade pode fazer nascer uma empresa que vai contribuir muito para o crescimento do setor lácteo no Brasil”, disse.

Uma das linhas de produção da Itambé mais importantes para a Lactalis é a de leite em pó. A atuação do grupo francês em Minas está limitada à captação de 12 milhões de litros de leite por mês junto a 1 mil produtores rurais nas localidades de Ravena, em Sabará, na Grande Belo Horizonte; Curral Novo, em Antônio Carlos, na região Central do estado, e no município de Pouso Alto, no Sul de Minas. A empresa produz no estado queijos especiais, leite UHT e creme de leite empregando 800 funcionários.

Captação

Com a aquisição da Itambé, a Lactalis se transforma na maior produtora do país. O laticínio mineiro capta 3 milhões de litros por dia junto a 6,2 mil produtores de Minas e Goiás para abastecer quatro unidades nos municípios mineiros de Pará de Minas, Sete Lagoas, Uberlândia e Guanhães; e duas fábricas em Goiás. O contrato de fornecimento negociado com a CCPR para 10 anos, renováveis por igual período, prevê preços pagos com base em levantamento de dados na bacia leiteira que a CCPR abrange e estimados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Esalq, da Universidade de São Paulo, referência na pesquisa de preços agropecuários no Brasil.

“Eles podem esperar o fortalecimento da parceria de longo prazo com a Lactalis. Esperar uma indústria que investe no desenvolvimento do produtor, com a preocupação de que tenha custos adequados e competitivos e alta produtividade, de forma a poder assegurar maiores ganhos”, afirmou o presidente da Lactalis.


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