28/02/2018 às 09h01min - Atualizada em 28/02/2018 às 09h01min

Programa de Gestão do Governo do Estado auxilia produtor de leite de Estrela/RS a se manter na atividade

Redução de custos, controle de produção e alimentação do rebanho garante força a negocio leiteiro em meio ao preço baixo do leite

Fonte: Emater/RS

A crise no setor leiteiro - provocada por, entre outros, a queda do preço pago ao produtor, do volume de leite exportado pelo Brasil e pela importação do leite do Uruguai - parece longe de acabar. Somente no Vale do Taquari, mais de mil agricultores pararam de produzir leite desde 2015, o equivalente a 15% do total de produtores da região.

Ainda assim, agricultores como Éder Machado da Silva, da localidade de Linha Porongos, em Estrela, ignoram o cenário desolador e investem na atividade, apostando na persistência como forma de se manter no negócio.

Apoiado pelo Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, operacionalizado pela Emater/RS-Ascar por meio de convênio com a Secretaria de Desenvolvimento Rural Pesca e Cooperativismo (SDR) do Governo do Estado, Silva tem conseguido equilibrar as finanças, na atividade que desenvolve desde o começo de 2017. De lá para cá, com recursos próprios, ampliou o rebanho - hoje são nove vacas em lactação, produzindo cerca de 100 litros de leite por dia - e investiu em uma sala de ordenha canalizada, com resfriador.

O segredo para o sucesso, de acordo com o agricultor, está não apenas em anotar todas as informações da propriedade em uma planilha, mas também buscar na redução de custos uma alternativa para a continuidade na atividade. Como exemplo ele cita a implantação de uma grande área de pastagens permanentes de Tífton, que garantem alimentação "com sobras" para o ano inteiro. "Isto reduz a necessidade de investimentos em silagem ou ração, que tornariam a produção invariavelmente mais cara", comenta.

Atento à importância da manutenção dos custos com a alimentação do rebanho, Silva passou a, ele mesmo, produzir as mudas para a eventual necessidade de implantar novas áreas com pastagens. "Como não tinha esse conhecimento, fui para a internet em busca de vídeos para aprender como fazer", comenta o produtor autodidata. À busca por conhecimento soma-se a participação em cursos como o de Bovinocultura de Leite, oferecido pelo Centro de Treinamento de Agricultores de Teutônia (Certa) em parceria com a Emater/RS-Ascar, que lhe auxiliaram em temas como higiene na hora da ordenha e criação correta da terneira.

Para o extensionista da Emater/RS-Ascar de Estrela, Tiago Conrad, a forma de trabalho adotada por Éder e por sua família - a esposa atua em uma indústria, mas deve retornar para a propriedade e o filho de 17 anos já lhe auxilia na rotina diária - é uma tendência para os próximos anos, especialmente em meio ao cenário de instabilidade vivido pelo setor. "Assim, é importante buscar formas de tornar a atividade mais barata e rentável, primando também pela qualidade do leite entregue, que sempre será melhor pago pela integradora", salienta o extensionista.

"Em Estrela, foram cerca de 80 famílias que abandonaram a atividade em 2017, o que reflete diretamente na arrecadação municipal", observa o secretário de Agricultura de Estrela, José Adão Braun. Para o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Marcelo Brandoli, outros fatores como alteração do tipo de produção, idade e falta de mão de obra e de sucessão rural também contribuiriam para o cenário de incertezas. "Tudo isso resultou em um prejuízo de R$ 250 milhões no ano passado na região", enfatiza Brandoli.

Ainda assim, aliando esforço pessoal com políticas públicas bem aplicadas, Éder e a sua família seguem sonhando com dias melhores para os produtores de leite. "Hoje podemos dizer que estamos "empatando", mas a intenção para o futuro é aumentar o rebanho e começar a colher os frutos dos investimentos", afirma, projetando um plantel de cerca de 20 vacas em lactação com produção diária de 300 litros de leite. De acordo com Silva o receio é natural, já que tudo aumenta, de combustíveis à luz, passando pela carga tributária. "Ainda assim, acreditamos em um futuro melhor para o setor", finaliza.


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