O Ministério da Agricultura prepara medidas de incentivo à cadeia produtiva de lácteos para compensar a retomada das importações de leite em pó do Uruguai, comunicada oficialmente ontem pelo governo brasileiro a Montevidéu. Mesmo com o fim da restrição, o ministro Blairo Maggi disse ao Valor que a partir desta quarta-feira (08/11) os fiscais federais também vão monitorar os carregamentos de leite uruguaio, desde a fronteira até os canais de distribuição e varejo.
Audiência - Em audiência na Comissão de Agricultura do Senado, o secretário de Defesa Agropecuária da Pasta, Luís Eduardo Rangel, disse que estão sendo avaliados mecanismos como fixação de preço mínimo para o leite, retomada da recuperação de créditos tributários de PIS e Cofins por produtores e laticínios - já prevista no programa Leite Saudável -, além da redução dos juros de uma linha de crédito do Banco do Brasil voltada à estocagem de leite por agroindústrias e da criação de linha para refinanciar dívidas de produtores.
Luz - "A suspensão das importações [de leite em pó do Uruguai] foi boa para jogar luz sobre a suspeita de triangulação", disse Rangel sobre a desconfiança dos produtores brasileiros de que haveria leite em pó de outras origens entrando no Brasil via Uruguai. "Mas pudemos reavaliar algumas medidas que estavam adormecidas", afirmou.
Pedidos - O secretário explicou que, depois de uma auditoria no Uruguai realizada por fiscais agropecuários na semana passada, foi definida a retirada da suspensão das emissões de guias de importação do produto. O Valor apurou que, além de pressão do Uruguai, houve pedidos do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, para que o governo retomasse as importações de leite com receio de possíveis retaliações do Uruguai, que poderiam afetar exportações paulistas de industrializados, como eletrodomésticos da linha branca, ao vizinho. Procurado, o governo paulista não respondeu.
Recuo - Na Câmara, o diretor do departamento de Estatísticas e Apoio às Exportações do Mdic, Herlon Brandon, disse que as importações totais de leite - incluindo as do Uruguai - recuaram 30%, para 80 mil toneladas, de janeiro a setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2016. "Temos um cenário de queda das importações e aumento do preço do leite", disse.
Cotas - O presidente da Associação dos Produtores de Leite (Abraleite), Geraldo Borges, admitiu que esperava que a suspensão durasse pouco, mas voltou a defender cotas para o leite uruguaio, como já existe para o leite argentino.
Fonte: Paraná Cooperativo