14/10/2017 às 10h45min - Atualizada em 14/10/2017 às 10h45min

Políticas públicas auxiliam bovinocultor de leite de Dois Lajeados/RS a ampliar a produção

Em apenas três anos o bovinocultor de leite Daniel Faciochi, da localidade de Fernando Abott, em Dois Lajeados, viu a produção de seu rebanho dobrar, saindo dos 150 litros de leite diários produzidos por dez vacas em lactação para os 300 litros de leite ao dia, gerados por 14 animais. O período coincide com a participação da família Faciochi, completada pela esposa Daniela, a filha Danieli e pelos pais Hilário e Nelsa, na Chamada Pública do Leite - política pública operacionalizada pela Emater/RS-Ascar por meio de convênio com o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (Mdsa) do Governo Federal.

Ainda que o leite já fizesse parte da vida da família há mais de uma década - quando ainda plantavam 35 mil pés de fumo - foi apenas recentemente que a atividade passou a ser encarada de forma mais profissional. "No começo não conhecíamos os parâmetros de qualidade do leite, não fazíamos anotações de receitas e despesas e não realizávamos o controle leiteiro, além de ter problemas na criação das terneiras e na qualidade da silagem, com pouca oferta de forragem para o rebanho", recorda Faciochi.

A Chamada Pública com seus cursos, seminários, reuniões e dias de campo, aliados a um diagnóstico completo da propriedade, contribuiu para que o cenário fosse alterado. "Além de, naturalmente, aumentarmos o número de animais motivados também por uma elevação do preço pago ao produtor, ainda no ano de 2014, fomos promovendo melhorias na criação das terneiras, na alimentação dos animais e no manejo sanitário", explica o agricultor. "E quando mais produtivo se tornava o rebanho, mais nos sentíamos motivados", comenta.

Não é por acaso que parte da propriedade, antes ocupada pela viticultura, já deu lugar a uma área com pastagens permanentes. "As adequações no manejo da lavoura e no processo de produção de silagem, aliadas às melhorias nas instalações, com a construção da sala de ordenha e no acompanhamento dos parâmetros de qualidade do leite, também foram parte do processo que fortaleceu a produção leiteira da família", enfatiza o extensionista da Emater/RS-Ascar de Dois Lajeados, Fábio Balerini.

Colocar os dados no papel também tem a ver com outra política pública que vem sendo implantada desde o ano passado na propriedade da família Faciochi, o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar do Governo do Estado. "É o que possibilita constatar, com a adoção de planilhas estruturadas, que a receita líquida da atividade leiteira, na propriedade em 2016 foi 95% superior a 2015", observa o coordenador regional do programa na Emater/RS-Ascar, Cezar Burille.

O crescimento dos números também está relacionado à implantação de pastagens perenes de verão, ao balanceamento da dieta para as vacas leiteiras, à melhoria na rotina da ordenha, à atenção para a genética do rebanho, à realização do controle leiteiro e até à outras ações importantes, como a análise do solo e a correção da fertilidade das glebas. "Muitas das ações aqui desenvolvidas foram resultado da participação em capacitações, que também contribuíram para que mudássemos a visão que tínhamos de nossa propriedade", salienta Faciochi.

Se em 2014 foram produzidos 55 mil litros de leite, em 2016 a produção alcançou os 82 mil litros. "Mas a meta é chegar aos 100 mil litros ao ano com 15 vacas em lactação", comenta o agricultor. Fábio completa, dizendo que a intenção também é reduzir a idade do primeiro parto das novilhas para 24 meses - atualmente está em 26 -, adotar práticas complementares de conservação do solo e definir um planejamento de longo prazo para o melhoramento genético do rebanho.

"O mesmo vale para a manutenção dos parâmetros de qualidade do leite que, atualmente, estão muito acima do que é exigido pela Instrução Normativa 62, conferindo ao produto da família Faciochi um grau superior", observa Balerini. Com a contagem de células somáticas (CCS) em 200 mil (o limite é 400 mil) e contagem bacteriana total (CBT) em 4,5 mil (o limite é 100 mil), o leite certamente poderia, na avaliação do extensionista, ser mais bem remunerado. "Hoje a integradora paga menos de R$ 1,00 para um leite que valeria muito mais do que isso, sendo este um gargalo a ser solucionado", garante.

Para Balerini, a situação vivenciada pela família Faciochi dialoga com a de outros produtores de Dois Lajeados. "Hoje, das 300 famílias que produzem leite no município, 130 comercializam o produto", afirma. E se o rebanho teve queda de 8% - atualmente em 3,3 mil vacas em idade produtiva, a produção saltou de 9,5 milhões de litros em 2015 para 10,8 milhões de litros em 2016. "Isso mostra que o leite ainda é encarado como uma excelente alternativa, com os bovinocultores que têm permanecido na atividade realizando investimentos com vistas a melhorar a produtividade, reduzindo custo e buscando a valorização da qualidade pela indústria", finaliza.


Fonte: Emater/RS 


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