Do início do negócio na fazenda de 300 hectares da família, há 26 anos, em Ponte Nova, na Zona da Mata mineira, o produtor de leite João Lúcio Barreto Carneiro criou o Laticínios Porto Alegre e levou a empresa a ser a décima quinta maior do país no setor de lácteos. Com duas fábricas – uma em Ponte Nova, onde fica a sede, e outra em Mutum, na região do Rio Doce – Carneiro conta que está expandindo o negócio em Minas Gerais. “Adquirimos um laticínio em Antônio Carlos no ano passado que está em reforma e junto a ele vamos começar uma nova fábrica”, anuncia.
O investimento na região de Campos das Vertentes é em torno de R$ 50 milhões para fazer produtos frescos. “A indústria existente vai produzir queijo frescal e cottage aumentando a capacidade produtiva da Porto Alegre e também vamos fazer uma indústria nova de produtos frescos”, explica. Neste primeiro momento, a terceira indústria deve gerar cem empregos diretos na área industrial de Antônio Carlos.
Carneiro inicia no final deste mês a produção na fábrica antiga de Antônio Carlos na linha de frescal que é um objetivo da Porto Alegre de crescer no mercado de queijos frescos. “Esperamos inaugurar a fábrica nova no final do primeiro trimestre de 2019”, calcula Carneiro, referindo-se à construção no mesmo espaço da unidade de Antônio Carlos.
A escolha da região mineira de Campos das Vertentes, segundo Carneiro, se deu por vários motivos: “É uma região que tem uma bacia leiteira grande, temos um grande volume de produção de leite de produtores rurais, é uma região carente de indústrias. E, estrategicamente, ela é bem localizada, estamos próximos dos mercados do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo”, justifica. Se tem mais espaço para crescer em unidades industriais, Carneiro diz que sim. “Será aberta uma quarta fábrica, mas o local é segredo”, afirma Carneiro, em meio a uma gargalhada vitoriosa em ver o negócio crescer.
Além das três fábricas, o Laticínios Porto Alegre tem mais três postos de captação de leite. São 750 mil litros de leite captados por dia de mais de 3.000 produtores rurais. E esse volume vai aumentar. “A Porto Alegre vem crescendo e, nos próximos cinco anos, nosso objetivo é dobrar a capacidade, passando para 1,5 milhão de litros de leite por dia”, informa Carneiro.
Empregos e faturamento
Com as expansões nos próximos cinco anos no laticínio mineiro, Carneiro calcula que a empresa chegará a 1.600 funcionários. Até 2016, eram mil empregados. Em relação ao faturamento – que gira em torno de R$ 600 milhões por ano –, o resultado também será maior neste ano, em torno de R$ 630 milhões. “Nos próximos cinco anos, deverá chegar a R$ 1,5 bilhão”, prevê.
Com um portfólio formado por 40 itens, os produtos estão em 4.000 pontos de venda. Com forte atuação em Minas Gerais e no Espírito Santo, o foco é crescer principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Desde que a Porto Alegre inaugurou a nova unidade em Ponte Nova, em 2011, não paramos de construir nem um dia. A Porto Alegre é um canteiro de obras”, conclui.
Fazenda
No início do laticínio na fazenda a produção era de 1.500 litros de leite por dia. A família Carneiro fazia muçarela e leite barriga mole (pasteurizado). Após três anos, o laticínio transferiu-se da fazenda para a cidade.
Investimentos nos próximos cinco anos somam R$ 200 mi
Em abril deste ano, a suíça Emmi anunciou a aquisição de parte do Laticínios Porto Alegre. “Temos um sócio que é a Emmi, que adquiriu 40% das ações com o objetivo de continuarmos crescendo com mais consistência e depender menos de recursos financeiros do país”, explica o presidente do laticínio, João Lúcio Carneiro.
Assim, o executivo prevê que, nos próximos cinco anos, o investimento no laticínio será entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões. “O dinheiro sairá do resultado da própria Porto Alegre e de recursos dos sócios, que serão aportados nesse investimento e, caso tenha algum financiamento, poderemos utilizar também”, detalha Carneiro.
Áreas das fábricas
Em Ponte Nova, onde a empresa nasceu, está a maior planta industrial do Laticínios Porto Alegre. “Temos uma área de 120 mil m² e temos 28 mil m² de área construída. Em Mutum, (na região do Rio Doce), onde está a segunda unidade, a área é de 60 mil m² com cerca de 10 mil m² de área construída. Em Antônio Carlos, temos uma área grande com 40 hectares de estrutura e temos capacidade de expansão”, diz.
Desafios no Silemg
À frente do Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg) num segundo mandato até 2020, Carneiro diz que Minas é protagonista no setor de lácteos por ser o maior Estado produtor de leite. “Nosso desafio é unir Minas e unir o país. Temos que ter um setor forte e isso estamos conseguindo fazer junto com outras entidades do setor fora do Estado. Outro ponto importante é mostrar para o consumidor a importância dos lácteos. Temos que começar a falar que os lácteos são bons, com isso, aumenta o consumo no país”, defende.
Fonte: O Tempo.