15/05/2011 às 07h44min - Atualizada em 15/05/2011 às 07h44min

Entrevista: Vicente Nogueira Netto

Vicente Nogueira Netto

 

A Fepale foi criada em novembro de 1991, com o objetivo de promover o desenvolvimento do setor lácteo por meio da identificação de interesses comuns e da atuação como foro de vinculação de todos os elos da cadeia produtiva do leite. O brasileiro Vicente Nogueira Netto foi reeleito, por unanimidade, presidente da Federação Panamericana do Leite (FEPALE).

 

LI: O que a sua reeleição representa para o setor lácteo brasileiro?

 

VN: A eleição, ou melhor, reeleição para o terceiro mandato, de um brasileiro, representa o reconhecimento mundial da importância do setor lácteo do Brasil. E esse reconhecimento vem dos grandes avanços que ocorreram nos últimos anos em termos de qualidade do leite brasileiro, e também da nossa expressividade na produção mundial.

 

LI: A FEPALE tornou-se nos últimos anos uma referência internacional para o setor lei-teiro. Que ações motivaram esse crescimento tão expressivo?

 

VN: Quando assumi a Fepale, eu substituí um grande amigo, Ruben Nuñez, atual gerente geral da Conaprole. O que tenho feito desde então é dar continuidade ao seu trabalho, fortalecendo a marca e imagem da Fepale, e difundindo os programas de fomento ao consumo de lácteos, como o “Mas Leche = Mas Salud” e o ”Sí a La Leche!”. Nesse quesito, procuramos também estabelecer um forte vínculo com a comunidade científica ligada à saúde humana, como forma de dar um respaldo de peso aos programas de promoção de consumo.

Hoje, a Fepale congrega todos os elos da cadeia produtiva do leite, tanto no setor público quando no privado, e tem a missão de desenvolver o setor lácteo, identificando interesses comuns e servindo como referência para toda a cadeia. Esse fortalecimento institucional deveu-se a várias ações, como a implementação dos foros eletrônicos que permitem o debate de questões relevantes, ampliando a difusão do conhecimento; a ampliação da participação dos países loca-

lizados na região norte da América do Sul, Central e Caribe, que estimulou a entrada de várias instituições desses países na fe-deração; e, sem dúvida, os dois Congressos Panamericanos, rea-lizados na Costa Rica e no Brasil, que foram sucesso absoluto de público e crítica.

 

LI: Quais as prioridades do seu próximo mandato?

 

VN: Temos a obrigação de olhar em direção ao futuro e aos desafios do setor leiteiro. Acredito que a questão do meio ambiente, da produção sustentável de leite, seja de extrema relevância. É preciso discutir, com base nos avanços da ciência, sobre as formas de se ter uma convivência harmônica entre produção e preservação ambiental, sem que isso se torne uma barreira técnica ou econômica ao desenvolvimento da cadeia produtiva do leite. 

Outra questão extremamente atual, e que merecerá nossa atenção é o bem-estar animal. É necessário que sejam revisadas as práticas de manejo que promovam o conforto e a saúde aos rebanhos, sob pena de prejuízos irreparáveis. Daremos ainda continuidade aos programas de incentivo ao consumo, à geração de informações sobre mercado, com destaque para a aprovação, junto à FAO, da criação do Observatório FAO/Fepale; aos cursos à distância e presenciais; ao fomento às reuniões dos técnicos das indústrias do Mercosul, dentre outras coisas, para revisar as legislações às quais as indústrias têm que se submeter; e à intensificação do relacionamento com organizações internacionais como a FAO, a OIE e a Aliança Láctea Global.

 

LI: Todo final de ano são feitas várias previsões para o mercado do leite no Brasil. Como você acredita que será 2011?

 

VN: Começando pelas boas notícias, acredito que o mercado interno estará fortalecido, em função da forte demanda de consumo ocasionada por um aumento da renda. Além disso, a projeção de crescimento de 3% na produção de leite do Brasil em 2011, alcançando 30,5 bilhões de litros, ficará abaixo do crescimento da economia, estimado em 5%. Assim, se não houver importações predatórias, o balanço será positivo 

Com relação ao mercado externo, o cenário é de dúvidas e incertezas. Se os preços internacionais dos lácteos reagirem, as exportações podem ganhar força. Vale lembrar que o Brasil avançou muito em termos de qualidade da matéria-prima, e que o que tira atualmente a nossa competitividade como exportadores é o conjunto de câmbio desfavorável e preços do mercado internacional. Preocupa um pouco a questão dos custos de produção, uma vez que as projeções apontam elevação nos preços do milho e da soja.




Autor: Revista Leite Integral

Referências bibliográficas: 

http://www.revistaleiteintegral.com.br/corpo_entrevista.php?ent=16


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