23/05/2015 às 09h50min - Atualizada em 23/05/2015 às 09h50min

Com queda na demanda, setor leiteiro do RS cobra incentivos

ESTADÃO CONTEÚDO

Representantes do setor leiteiro do Rio Grande do Sul aproveitaram o lançamento oficial da 15ª Expoleite Fenasul 2015 para cobrar uma política de incentivo à exportação que ajude o Estado a se reerguer da crise causada pelos casos de fraude no leite. Segundo eles, a busca por novos mercados deve acompanhar as ações que já vêm sendo tomadas para certificar a qualidade do leite gaúcho e reconquistar a confiança do consumidor nacional.

O presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando), Marcos Tang, lembrou que os primeiros meses do ano são tradicionalmente ruins por uma questão sazonal - a oferta é ampla, graças às boas condições das pastagens, e o consumo cai por causa do calor. 

"Este início de ano foi especialmente ruim porque teve uma remuneração mais baixa do que o normal para o período. As fraudes retraíram mais ainda o consumo e, principalmente, dificultaram o escoamento (da produção) para outros Estados", disse.

Hoje, segundo ele, o preço pago ao produtor está em torno de R$ 0,90 o litro. "Tem um componente sazonal, então este valor tem que melhorar em maio e junho", avaliou, lembrando que a crise foi potencializada pelo fato de que algumas indústrias saíram do mercado, o que pressionou ainda mais os preços e fez com que muitos produtores ficassem sem receber. Dos cerca de 10 milhões de litros de leite que o Rio Grande do Sul produz diariamente, somente 4 milhões são consumidos no Estado. 

O maior destino do leite gaúcho é o mercado paulista. "Temos que focar na qualidade e abrir mercado. Precisamos de uma política linear, exequível e contínua, sem sobressaltos. Isso é fundamental para um Estado que consome apenas 40% do que produz", disse Tang.

Atualmente, de acordo com o presidente da Gadolando, o RS exporta apenas 5% do leite que produz, para países como México e Venezuela. "Falta credenciar mais indústrias para exportação", falou. 

O secretário da Agricultura, Ernani Polo, afirmou que a busca por novos mercados é um trabalho direcionado a todas as cadeias produtivas, mas disse que, no caso do leite, o governo tem feito um "esforço concentrado" para estimular o crescimento do setor. "A cadeia produtiva do leite é responsável por 7% do PIB aqui no Rio Grande do Sul", revelou. 

Segundo o secretário, a Rússia e outros destinos da Europa estão na mira do Estado. "São países que têm potencial para comprar o leite gaúcho, mas para isso temos que superar alguns entraves, principalmente no que diz respeito à habilitação de plantas (produtoras de leite) à exportação", falou.

Desde o início deste ano o RS vem pedindo apoio do governo federal para acelerar os trâmites que permitam a qualificação das indústrias para vender o produto ao exterior. Polo irá a Brasília para mais uma rodada de negociação com o Ministério da Agricultura. "Vou reiterar a necessidade da habilitação de novas plantas para que possamos escoar o excedente da nossa produção" disse o secretário. 

Ele acrescentou que, em paralelo, o governo gaúcho está discutindo a criação de uma legislação estadual que trate do transporte e da comercialização de leite, na tentativa de zelar pelo controle e qualidade no decorrer do processo produtivo. 

"Buscamos algo integrado e que seja exequível. Por isso estamos fazendo um estudo técnico. Estamos trabalhando em conjunto com as entidades", explicou. De acordo com o secretário, as normas, quando concluídas, serão apresentadas por meio de projeto de Lei do Executivo.

 


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