18/09/2011 às 13h38min - Atualizada em 18/09/2011 às 13h38min

Batavo conclui fábrica de leite e volta ao varejo

Gazeta do Povo

A cooperativa Batavo está retornando ao mercado varejista após um intervalo de 15 anos, que começou em 1997, quando a Parmalat se tornou acionista majoritária da indústria de laticínios estruturada pelos imigrantes holandeses. A marca Batavo hoje pertence à Brasil Foods (leia mais no quadro ao lado). A primeira etapa do novo projeto agroindustrial se concretiza no dia 15 de setembro, quando a cooperativa inaugura uma nova indústria, em Ponta Grossa (Campos Gerais), a 20 quilômetros de sua sede e a 120 quilômetros de Curitiba.

“A Batavo ficou fora da industrialização por todos esses anos. Nós precisamos agregar valor, e não ficar apenas na produção”, aponta Renato Greidanus, presidente da Batavo e neto de um dos fundadores da cooperativa.

Inicialmente, a nova fábrica vai industrializar o leite – concentração, pasteurização, cifagem, condensação e UHT (leite longa vida) – antes de entregar aos parceiros clientes, que usam marcas próprias. O retorno ao mercado varejista, ainda sem data marcada, será com a marca Frísia, menção à região da Holanda de onde vieram muitos imigrantes que colonizaram Carambeí e também dos primeiros animais da raça holandesa.

“Planejamos voltar a ser uma cooperativa agroindustrial, buscando participar do mercado da porteira para fora. Isso vai nos dar segurança para o processo de produção e aumentar a renda da cooperativa e dos associados”, afirma Greidanus.

Com o funcionamento da unidade, a meta da cooperativa é ultrapassar o faturamento de R$ 1 bilhão em 2013. A estimativa é de que sejam atingidos R$ 850 milhões neste ano.

A Batavo investiu R$ 60 milhões na construção da fábrica. A capacidade inicial de concentração será de 400 mil litros de leite ao dia, com previsão de 1 milhão de litros ao dia em janeiro de 2012. No total, são cinco silos de 200 mil litros, três destinados a leite cru e os outros dois para pasteurizado.

Parte do valor foi investida em maquinário de alta tecnologia da Tetra Park, líder mundial em soluções no processamento e envase de produtos. De acordo com a cooperativa, o sistema é um dos mais modernos do Brasil e vai permitir a fabricação de diversos produtos: leite pasteurizado integral, semidesnatado e desnatado, creme de leite pasteurizado e cru, leite concentrado integral, semidesnatado e desnatado, leite cru resfriado, leite condensado e leite longa vida.

A fábrica deve empregar aproximadamente 85 pessoas de forma direta e gerar outros 510 empregos indiretos. A construção está sendo concluída em pouco mais de um ano.

Os 560 associados da Batavo produzem 300 mil litros/dia – 110 milhões de litros ao ano. Além de leite, a cooperativa produz grãos, bovinos de corte, suínos, aves e ovos.

Cooperativa limitou atuação após vender marca tradicional 
A Batavo é considerada a primeira cooperativa de produção do Brasil. A empresa foi fundada em 1925 – e oficializada apenas em 1941 – por iniciativa de sete produtores holandeses que chegaram a Carambeí. Ao longo das décadas seguintes, passou por diversas transformações e aumentou seu campo de atuação e seu portfólio de produtos. Hoje, no entanto, não detém a marca Batavo, que ocupa parcela significativa nas prateleiras de laticínios e embutidos nos supermercados. O nome foi repassado durante as negociações que envolveram gigantes do setor alimentício nas últimas duas décadas. 

Três anos após a criação da Castrolanda, em 1951, as duas cooperativas se uniram formando a Cooperativa Central de Laticinios do Paraná Ltda (CCLPL). Em 1960, a Capal, cooperativa de Arapoti, também passou a fazer parte da sociedade, que reunia produtores de origem holandesa. Como a Batavo era a mais conhecida entre as três empresas, o grupo resolveu adotar esse nome em seus produtos. 

Em 1997, com o objetivo de atrair investimentos, a CCLPL abriu capital e a indústria de produtos alimentícios italiana Parmalat se tornou acionista majoritária com 51% das ações. Em 2002, com a falência da Parmalat no seu país de origem, os negócios no Brasil também foram afetados e as ações, vendidas à Perdigão, que, na época, também adquiriu a linha de frios da marca Batavo. Cinco anos depois, em 2007, as cooperativas decidiram desfazer a CCLPL, que foi vendida na sua totalidade à Perdigão. 

Em 2009, a Perdigão anunciou uma fusão com a Sadia criando a BRF – Brasil Foods, empresa já aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com algumas restrições que serão colocadas em prática somente no próximo ano. Diante das exigências do Cade, alguns produtos da marca Batavo como margarina, mortadela, presunto, salsichas, entre outros, serão suspensos por quatro anos. 

Carlos Guimarães Filhos


 


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