31/01/2015 às 18h12min - Atualizada em 31/01/2015 às 18h12min

Uso correto de antibióticos no tratamento de doenças

O uso de antibióticos exige cuidados para manter a saúde dos animais e não causar prejuízos aos consumidores do leite. O tratamento da mastite seja na forma clínica ou subclínica, é feito com o uso de antibióticos. Os produtos utilizados no tratamento de vacas secas têm uma liberação mais lenta, e, portanto, maior poder residual que os usados durante a lactação, já que não há o risco de contaminação do leite. “Resíduos de antibióticos no leite podem resultar em inúmeros problemas de saúde pública, como alergias, choques anafiláticos e maior resistência de vários microrganismos a antibióticos”, alerta o professor Leorges Fonseca, Coordenador Geral do Laboratório de Análise da Qualidade do Leite da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas gerais – UFMG. É imprescindível, então, descartar o leite durante o tratamento das vacas em lactação, seguindo rigorosamente os prazos prescritos nas bulas de cada medicamente.

As orientações corretas para o tratamento só podem ser dadas pelo veterinário, que também é a pessoa mais indicada para acompanhar sua evolução e alterar alguns procedimentos, se necessário. “Animais em tratamento devem ser devidamente identificados e ordenhados separadamente”, orienta Fonseca. “Além disso, toda ação deve ser anotada e os dados usados para o controle imediato e para a estratégia de prevenção de novos casos no rebanho. “Esses registros, porém, não devem ser usados pelo produtor para tratar por conta própria novos casos de mastite no rebanho, já que o uso inadequado de antibióticos pode desenvolver resistência do microrganismo causador da doença, tornando mais difícil sua eliminação. 

Mônica Cerqueira, professora da Escola de Veterinária da UFMG, explica que, em caso de uma nova infecção em um mesmo quarto, deverá ser utilizada uma base farmacológica diferente da usada anteriormente, sendo necessário identificar o agente causador. E o professor da faculdade de medicina Veterinária e Zootecnia da USP Pirassununga Marcos Veiga, alerta que o tratamento de vacas em lactação só deve ser feito em casos de mastite clínica, já que risco de reinfecção nesse período é muito grande, demandando novos gastos, além das perdas com o descarte do leite. 

Os testes mais usados 

Ao tratar mastite clínica, é necessário identificar o patógeno que está causando a infecção, por teste de laboratório, e, também, realizar um antibiograma para avaliar qual o produto mais eficiente para elimina-lo, O tratamento deve ser iniciado imediatamente, mas o resultado dos testes é importante para o caso de não ter havido cura na primeira tentativa e também para identificar o foco de contaminação. “Após o tratamento”, recomenda Mônica, o produtor deve realizar o teste da caneca pra ver se não há grumos ou flóculos, indicativos de mastite clínica e, se possível, coletar novas amostra para verificar se houve cura microbiológica”. 

Mônica chama a atenção para um aspecto: “Ocorrendo mastite clínica no período seco, o tratamento deve envolver aplicação de antibiótico via parenteral (músculo ou veia), não podendo ser feita nova aplicação intramamária”. 

Quando o descarte da vaca é necessário 

De acordo com o pesquisador da Embrapa Gado de Leite José Renaldi Feitosa Brito, vacas que apresentam mais de duas mastites clínicas em uma lactação deveriam ser avaliadas para descarte, pois a reincidência freqüente pode se dever a dois fatores: reinfecção por um mesmo patógeno ou suscetibilidade a outros microrganismos. Ambas as situações, segundo Renaldi, revelam uma deficiência imunológica que torna o animal economicamente inviável, além de servir como foco de contaminação para todo o rebanho.

Antes de tomar essa decisão, porém, alerta Mônica, é importante ter certeza de que o tratamento foi feito de maneira adequada, usando o antibiótico próprio para cada patógeno, nas doses e pela via recomendada pelo fabricante. “Só uma análise técnica detalhada pode fundamentar uma decisão tão séria.” 


Autor: Leorges Fonseca, Mônica Cerqueira, Marcos Veiga e José Renaldi F. Brito

Referências bibliográficas: 

Fonte: Leite LTDA nº52 Caderno Especial


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