25/10/2010 às 09h55min - Atualizada em 25/10/2010 às 09h55min

Laticínios do Rio Grande do Norte ameaçam parar fornecimento

Jornal do Agronegócio

Após os atrasos constantes no pagamento do Programa do Leite, representantes do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Norte (Sindleite) e três consórcios do setor ameaçam parar, a partir da próxima segunda-feira(25), o fornecimento do produto ao governo do Estado. 

Eles cobram a dívida das duas quinzenas de setembro e estabeleceram um cronograma de pagamento para os próximos meses. Os empresários querem que o Executivo estadual honre a primeira parcela do compromisso até amanhã.

A decisão foi protocolada após uma assembleia na noite de quarta-feira (20) e será comunicada na quinta-feira oficialmente à Secretaria Estadual do Trabalho e Assistência Social (Sethas), ao Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater RN) e ao gabinete civil do Estado. Além do Sindleite, participaram da reunião os consórcios Potiguar, União e Leite Potiguar.

Pagamento até o fim da semana

As indústrias querem que o governo pague até sexta-feira (22) cerca de R$ 3 milhões relativos aos primeiros quinze dias de setembro. O prazo para o pagamento da segunda quinzena é a próxima terça-feira (26). “Caso o governo não pague, paramos no dia seguinte ao prazo”, afirma o vice-presidente do Sindleite, Francisco Belarmino Macedo.

Para a primeira quinzena de outubro, já encerrada, o Sindicato estabeleceu o dia 31 deste mês. Somados os 45 dias, o débito com empresas e produtores somaria quase R$ 9 milhões. De acordo com o Sindleite, 26 empresas e aproximadamente 3 mil produtores estão prejudicados com a demora no repasse de recursos. Caso o programa pare, 150 mil beneficiários deixaram de receber o leite.

Desde 1º de outubro, a Emater se tornou responsável pelo gerenciamento da produção e pagamento. A distribuição do produto à população permanece a cargo da Sethas que, anteriormente, acumulava as atividades.

Situação repetitiva

Belarmino explica que a medida foi tomada após uma série de atrasos no pagamento. “É por não ser a primeira vez que tomamos esta atitude. Desde 1995 nunca houve paralisação. Já houve atrasos, mas nos últimos meses eles vêm se repetindo”, lamenta.

O representante das indústrias não soube informar quantos atrasos ocorreram este ano, mas afirma que o pagamento irregular ocorre desde janeiro. Em abril, o governo chegou a colocar em dia a dívida, mas em seguida, ocorreram novos atrasos. Um dos problemas alegados foi a necessidade de remanejamento de verba a ser autorizada pela Assembleia Legislativa. Ele diz que, contabilizando mais mais de 70 dias de atraso, os produtores têm um prejuízo ainda maior, já que a estiagem que atingiu o estado também prejudicou a produção.

A Emater informou, através da assessoria de imprensa, que tem até o dia 29 para pagar aos produtores pela primeira quinzena de outubro. Isso ocorre porque, pelas novas regras, o laticínio precisa apresentar um lista com todos os produtores e a quantidade que cada um recebeu. O pagamento é feito diretamente na conta corrente dos mesmos. Também através de sua assessoria, o secretário Gercino Saraiva, da Sethas, disse que aguardaria o comunicado oficial do posicionamento do Sindleite.

Histórico

Em matéria publicada no dia 30 de setembro, a TRIBUNA DO NORTE mostrou os problemas que os produtores de leite do Rio Grande do Norte passavam com o atraso do pagamento do Programa do Leite ainda referentes à segunda quinzena de agosto e primeira quinzena de setembro. Segundo informações da Associação Norte Riograndense de Criadores (Anorc), alguns criadores chegaram a vender animais para manter a atividade que é prejudicada pela seca e o aumento do preço da alimentação dos bovinos. Por meio do programa, o governo adquire mais de 30% - ou cerca de 150 mil litros por dia - dos 450 mil litros de leite produzidos diariamente.
 


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