28/09/2022 às 11h07min - Atualizada em 28/09/2022 às 11h07min

Tecnologias para produção leiteira familiaras são apresentadas em Serafina Corrêa/RS

EMATER/RS

Mais de 130 pessoas participaram do Dia de Campo sobre Novas Tecnologias para Produção Leiteira Familiar, promovido pela Emater/RS-Ascar e Prefeitura de Serafina Corrêa no salão da capela São Pedro e Tambo S. Martins, da família de Leonel e Ana Silvestrin, nesta quarta-feira (28).

A programação do evento contou com palestras e estações a campo, onde foram apresentadas tecnologias acessíveis que podem ser aplicadas em pequenas propriedades familiares, especialmente nas que trabalham com pasto, que são a maioria, e foram aplicadas no Tambo e em outras propriedades que fazem parte dos projetos GT Leite, de gerenciamento da propriedade leiteira, e Elite à Pasto, desenvolvidos em Serafina Corrêa.

"Existe um caminho que pode melhorar a eficiência produtiva, que é a aplicação de tecnologias no sistema à base de pasto, sem grandes investimentos, apenas reorganizando a propriedade para aproveitar melhor o pasto", diz o engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater/RS-Ascar, enfatizando que há muita tecnologia disponível para produção a pasto.

Segundo ele, os custos de produção e a mão de obra estão entre as principais dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite, por isso a Emater/RS-Ascar busca trabalhar pontos como a alimentação, que é o principal componente do custo de produção, com a utilização adequada de pastagens para produzir mais leite, com melhor eficiência produtiva e a um custo mais baixo; e a escassez de mão de obra com tecnologias e técnicas que permitem organizar e utilizar melhor a mão de obra na propriedade, trabalhando com um sistema de produção de uma maneira mais simples. Os resultados obtidos por algumas propriedades assistidas no município foram apresentados na palestra do extensionista pela manhã.

O analista da Embrapa Trigo Giovani Faé expôs oportunidades de melhoria da renda com produção de forragem no inverno, apresentando resultados do cultivo de forrageiras como trigo, cevada e triticale, entre outros, tanto para pasto quanto para silagem no inverno, que possibilitam a produção de forragem conservada de alta qualidade com baixo custo no inverno, inclusive com a produção de duas safras de silagem no período, ou o aumento do ciclo de pastejo, por exemplo.

Outra palestra com o professor da Ufrgs, Paulo Carvalho, esclareceu sobre o Rotatínuo, um conceito de manejo de pastagens aplicado pela primeira vez no município pelo Tambo S. Martins e adotado pela Emater/RS-Ascar no Projeto Elite a Pasto. "É uma proposta diferente, ao invés de olhar prioritariamente para a planta, ele olha prioritariamente para o animal, o manejo é montado em função das necessidades da vaca leiteira", explica. Conforme Carvalho, esse manejo tem pontos de entrada no pasto que são mais baixos e de saída que são mais altos, os tempos de descanso são bem menores, e o melhor horário para as vacas estarem no pasto é no final da tarde.

"Aplicando o Rotatínuo as vacas produzem mais, elas tiram mais do pasto, precisam menos de suplementação, e isso faz com que se produza mais e diminua o custo", destaca o professor, lembrando que isso também proporciona maior qualidade de vida para as famílias, que passa a ter mais tempo para de dedicar a atividades que gosta.

À tarde, os participantes puderam verificar, em visita à propriedade, a aplicação dessas tecnologias e os resultados obtidos. O engenheiro agrônomo Elizaer Kosciuk, extensionista da Emater/RS-Ascar, juntamente com a produtora Ana Silvestrin, mostrou os resultados da propriedade antes e depois da intervenção da Emater/RS-Ascar. A família saiu de uma renda mensal em 2016 de aproximadamente R$ 300 (renda agrícola, já descontando depreciações) para uma renda de cerca de RS 3 mil em 2017, tendo um resultado imediato, com poucas intervenções. Com a continuidade do trabalho, a renda atingiu em torno de R$ 5 mil mensais no ano de 2021. Esse salto foi possível graças ao aumento da produtividade e da margem de lucro, pois a família tem apenas 12 animais em lactação. No período, a produtividade passou de 15 litros/vaca/dia para 25 litros/vaca/dia em média. E a margem de lucro por litro de leite, mesmo passando por pandemia e a guerra na Ucrânia, que aumentou o custo dos insumos, também foi aumentando, passando de R$ 0,10 para 0,50 por litro.

Em outra estação, a engenheira agrônomo Taciana Marchesini, extensionista da Emater/RS-Ascar, falou sobre o redesenho da propriedade para produção eficiente à base de pasto, mostrando a conversão do manejo e a organização da propriedade para melhor utilização das pastagens, o que incluiu mudanças no manejo (alteração dos horários de ordenha e alimentação), no piqueteamento, corredores, área de descanso, água e sombra, recuperação do pasto, entre outros. Isso também otimizou a mão de obra da família e melhorou, além da renda, a qualidade de vida.

Ebert demonstrou ainda os novos arranjos produtivos de forrageiras para a região, com destaque para os arranjos que estão sendo utilizados na propriedade. A família trabalha, na área próxima da sede, com pastagem perene subtropical de verão (tifton 85), em consórcio com trevos brancos, vermelho e sobressemeadura de centeio forrageiro no inverno. Também estão sendo avaliadas a introdução de Alfafa e Chicória Forrageira no mix, junto aos trevos e às gramíneas.

Na área distante da sede, são cultivados materiais para produção de silagem, como milho na safra, sorgo na safrinha, trigo e triticale no inverno, sendo que, há 1 ha sendo cultivado com o triticale BRS Zênite, novo material disponibilizado pela Embrapa Trigo.. Ebert também destacou as tecnologias que estão sendo aplicadas no manejo dos materiais, como, o próprio Rotatínuo, a Adubaçãão de Sistemas e a inoculação das leguminosas com rizóbios e das gramíneas com azospirillum, para fixação biológica de nitrogênio.

O evento teve o apoio da Embrapa, Ufrgs, Aliança Sipa e Banrisul, e o patrocínio de Cooperlate, Sicoob e Cresol.


Fonte: Emater/RS-Ascar
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