01/09/2022 às 10h10min - Atualizada em 01/09/2022 às 10h10min

Ciclo de palestras da Ascribu discute ciência, genética e mercado do búfalo

O ciclo de palestras organizado pela Associação Sulina dos Criadores de Búfalos (Ascribu), nesta quinta-feira (1º), durante a 45ª Expointer, abordou temas como avaliação genética, inseminação artificial de búfalos e o futuro da proteína animal no Brasil. Na primeira apresentação, o presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Criadores de Búfalos( ABCB), Otávio Bernardes, falou sobre o programa de avaliação genética da entidade, criado em março deste ano.

O programa permite ao criador conhecer o potencial genético do seu rebanho e possui um custo entre R$ 18,00 e R$ 20,00 por animal ao ano, dentro de um rebanho que vai avaliar a sua cria e o touro. Bernardes salientou que "o modelo proposto permite que se enxergue o gene do animal e isso favorece a sua maior eficiência". Para participar, além do valor anual, dependendo do número de animais, é necessário ter balança e balde ou sistema de ordenha com medidor para o leite, balança individual para animais, no caso de cortes, brincos, tatuagens ou chip para a identificação única e definitiva e capacitar a mão de obra para coletar os dados de maneira correta e eficiente.

O ex-ministro da Agricultura Francisco Turra foi o responsável pelo segundo painel da tarde, que tratava sobre os cenários para a proteína animal brasileira. Logo na abertura, ele destacou as qualidades do país que favorecem a produção agropecuária, como a abundância de recursos naturais, além de status sanitário. "Aqui não tem o que não dê. Um monte de fatores nos permitem plantar. É clima, é solo, é status sanitário. O Brasil não tem influenza aviária, peste suína africana. O mundo inteiro está repleto disso e nós somos território livre de IA e PSA", valorizou.

Turra apresentou dados bastante positivos - e menos divulgados - sobre o setor. Entre eles, o fato de a cadeia do frango, sozinha, gerar 4 milhões de empregos diretos e indiretos, e de ter tido um incremento de receita de 33,6% entre janeiro e março de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado. Ele também apresentou uma projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa) que coloca o Brasil na liderança mundial da produção de alimentos no período 2026-2027, prevendo que a participação nacional será de 41% do mercado global.

Na ótica do ex-ministro, esses dados são uma sinalização positiva para os criadores de búfalos. Ainda que o rebanho bubalino seja pequeno diante do gigantismo da bovinocultura - 2 milhões de cabeças de búfalos contra 210 milhões de gado -, Turra acredita que a receita para crescer está na qualidade do produto.

"Mesmo que o consumo interno absorva tudo, aconselho os produtores a trabalharem pela excelência do produto para abrir mercados. Isso será importante para estimular o aumento da produção interna. Uma carne de búfalo possui características nutritivas e particularidades que a tornam superior à carne bovina. Ela tem 40% menos de colesterol, 12% menos de gordura, 55% menos calorias o que hoje é um chamarisco, porque todo mundo quer manter a forma física; e 11% a mais de proteína e 10% a mais de minerais. Essa é uma carne nobre, especial, rara que está pouco difundida", afirmou, recomendando ainda que a busca pelo mercado interno e externo ocorram ao mesmo tempo, e que os produtores se apresentem no exterior vendendo a superioridade do búfalo e seus derivados.

O pesquisador e médico veterinário William Gomes Vale deu continuidade ao ciclo de palestras, onde apresentou a História de Inseminação Artificial no Brasil. Vale destacou que a primeira inseminação artificial reconhecida no Brasil foi em 1984 e apresentou alguns dados importantes para que a inseminação seja realizada com sucesso. Conforme o pesquisador, "a boa nutrição do animal é muito importante e dentro do escore de condição corporal (1 a 5) é necessário que fique acima de três". Ele ainda ressaltou os requerimentos básicos para a prática, além da nutrição, o manejo, a sanidade, o sêmen e a equipa técnica. 

No encerramento das palestras, foram apresentados os trabalhos de duas mestrandas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A zootecnista Mariana Tavares abordou a Caracterização da Bubalinocultura de Corte no Rio Grande do Sul, onde coletou dados com 32 pecuaristas do Estado, onde foi concluído que 91% trabalha apenas com corte, 6% com atividade mista e apenas 3% com o leite e que o quilo vivo do bubalino é praticado na média de R 15,60.

Já Vitória Di Domenico, mestranda em Microbiologia e Meio Ambiente, abordou a produção do queijo colonial bubalino. Vitória salientou que o leite bubalino é o segundo mais produzido no mundo, ficando atrás apenas do leite de vaca. A mestranda enfatizou que 5 litros de leite produz 4 peças de queijos com 236 gramas e isso representa um rendimento médio de 18,9% acima em comparação com a produção de leite bovino.  


Fonte: Associação Sulina dos Criadores de Búfalos (Ascribu)
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