15/11/2012 às 17h02min - Atualizada em 15/11/2012 às 17h02min

Portugal: parceria poderá investir na produção de queijos com leite de cabra e ovelha na Bahia

Seagri/BA

Portugal

A celebração de acordos de cooperação técnica com a Cooperativa dos Produtores de Queijos da Beira Baixa, e com a bicentenária Casa Matias, da região de Serra da Estrela, em Portugal, para viabilizar a produção de queijos com leite de cabra e ovelhas por pequenos produtores da Chapada Diamantina, em parceria com laticínios baianos é uma das possibilidades abertas pela Missão Bahia/Portugal/Espanha/França, coordenada pelo secretário estadual da Agricultura, engenheiro agrônomo Eduardo Salles. 

O proprietário da Casa Matias, uma das mais famosas queijarias da Europa, José Matias, confirmou que virá à Bahia, nos dias 1 a 3 de dezembro para visitar as regiões produtoras de ovinos e caprinos, com a intenção de fazer diagnósticos das diversas regiões produtoras e avaliar parcerias com laticínios e produtores baianos para produzir queijos amanteigados semelhantes aos feitos em Portugal.

“Nossos principais objetivos são viabilizar parcerias entre os laticínios baianos e a indústria portuguesa; criar uma cooperativa de pequenos e médios produtores de leite de cabra e ovelha da Bahia, e montar um laticínio com eles”, disse Eduardo Salles. O secretário explica que “queremos dar sustentabilidade para convivência com o semiárido, e produzir queijos de qualidade que possam chegar ao consumidor ao custo aproximado de R$ 50,00 o quilo e fazer com que mais pessoas possam consumir”. O queijo desse tipo, importando de Portugal, chega à Bahia ao custo de R$ 300,00 o quilo.

“Não somos melhores nem piores que outras queijarias, mas somos diferentes”, disse José Matias, que está montando o Museu do Queijo. Profundo conhecedor do setor, ele acha que “a Bahia tem condições de produzir queijos de qualidade com leite de cabra e ovelha, podendo inclusive utilizar também leite de vaca na mistura”.

Um dos principais criadores da raça Dorper na Bahia, Luiz Teixeira, que investe em genética e faz parte da comitiva que está na Europa, declarou que vai participar da cooperativa de produtores de leite a ser criada. Ele, que é membro da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Microrregião de Senhor do Bonfim, disse que um dos seus objetivos é promover a mistura das raças Santa Inês com a francesa Lacone, visando o melhoramento genético para aumento da produtividade de leite do plantel baiano de cabras e ovelhas. 

Apoio tecnológico
A comitiva visitou também o Centro de Apoio Tecnológico Agroalimentar de Castelo Branco (Cata), que de acordo com o secretário Eduardo Salles “pode ser um grande parceiro no apoio tecnológico às pretensões da Bahia no desenvolvimento de queijos de cabra e ovelha na Bahia, com características semelhantes aos produzidos em Portugal”. O Cata, um investimento 3,5 milhões de Euros, possui estrutura de pesquisa e equipamentos de última geração para pesquisas focadas no setor agropecuário como, azeites, leites e queijos, hortifruticultura e degustações sensoriais.

Oportunidades de investimentos
Além dos encontros na cooperativa e na Casa Matias, e da visita ao Cata, a comitiva baiana reuniu-se com empresários e produtores da Vinícola Casal Branco; Associação Empresarial da Região de Santarem (Nersant), no Ribatejo; Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (Nercab), e Adega do Alto Tejo. Em todas essas oportunidades a comitiva baiana apresentou as oportunidades e vantagens de investir na agropecuária baiana, despertando grande interesse dos portugueses.

Na Vinícola Casal Branco, na região de Ribatejo, especializada em queijos, vinhos e embutidos, os baianos foram recebidos pelo proprietário, José Lobo de Vasconcelos, e pelo gestor, Duarte Carvalho, que ficaram impressionados com o potencial da Bahia na produção de vinhos e espumantes, com a colheita de duas safras/ano de uva, enquanto que em Portugal eles colhem somente uma. José Lobo, que já esteve na Bahia como turista, ficou curioso em conhecer a nova fronteira de produção de uvas viníferas da Chapada Diamantina, que tem também potencial para o enoturismo ecológico. O empresário prontificou-se a visitar as regiões produtoras da Bahia, em data a combinar com a Secretaria da Agricultura. 

A Vinícola Casal Branco, que investe também no enoturismo, possui 140 hectares de uvas viníferas e 1.200 ha de área total, com produção de hortaliças, fruticultura, cereais, pecuária, oliveiras e cavalos lusitanos. A Casal Branco produz vinhos tintos, brancos, rosé e espumantes, com uvas das variedades Touriga Nacional, Aragones, Cabernet, Castelão, Sauvion Blanc, dentre outras. A produção média é de 700 mil garrafas/ano de vinhos.

Queijos premiados
De acordo com os diretores da Cooperativa de Produtores de Queijos da Beira Baixa, o sucesso da entidade é garantindo pela utilização de um laboratório de última geração, que assegura a qualidade do leite através de análises físico químicas e microbiológicas. “O sucesso do bom queijo é a boa matéria prima”, disseram. Com Denominação de Origem (DO), o queijo produzido em Beira Baixa, uma região abaixo de Alentejo e acima da Serra da Estrela, é certificado desde 1993. 

O laticínio da cooperativa tem capacidade para processar 10 mil litros/dia, mas atualmente processam oito mil litros/dia de leite de cabra e ovelha na alta estação, e dois mil litros/dia na baixa estação, sendo cinco a seis mil de ovelhas, e dois a três mil de cabra. 

Para produzir cada quilo de queijo são utilizados cinco litros de leite. O queijo amarelo é feito de uma mistura dos leites de cabra e ovelha, e o queijo Castelo Branco que é produzido somente com leite de ovelha. A cooperativa valoriza o trabalho dos produtores e paga 90 centavos de Euros por litro de leite de ovelha e 60 centavos por litro de leite de cabra. A raça de cabra mais comum é a Charniqueira, e de ovelha é a raça Merino da Beira Baixa.

Na Associação Empresarial da região de Santarém (Nersant), no Ribatejo, a comitiva foi recepcionada por Pedro Felix, vice-presidente da entidade, e por Carlos Lopes de Sousa, presidente do Agrocluster do Ribatejo. A associação tem 1.840 empresas associadas, que representam 80 % do PIB da região. Felix destacou que uma das prioridades da associação é a internacionalização das empresas associadas, e refez o convite para que uma comitiva baiana participe da Feira Nacional de Santarem, que é organizada pela Nersant.

O secretário Eduardo Salles destacou que o encontro, do qual participaram dezenas de gestores de empresas de diversos segmentos da agropecuária, foi muito proveitoso. “Apresentamos as potencialidades de investimentos no setor agropecuário baiano, e acreditamos que poderemos firmar parcerias, principalmente no setor da agroindústria, principalmente no setor de embutidos”. O secretário e os membros da missão baiana iniciaram conversações com uma empresa produtora e interessada no mercado brasileiro, e depois visitaram as instalações e o processamento da empresa Lourenço, uma das maiores produtoras de presuntos de Portugal, onde foram recebidos pelo proprietário, Vitor Lourenço.

A sede da Associação Empresarial da Região de Castelo Branco (Nercab), localizada no centro Leste de Portugal próximo à fronteira com a Espanha, foi o destino seguinte da comitiva da Bahia. Presidida por Antonio Trigueiros, que esteve na Bahia em meados deste mês participando do V Seminário de Oportunidades de Negócios Bahia/Portugal, no Vila Galé, em Guarajuba, disse que a associação tem a missão de viabilizar o desenvolvimento empresarial da região de Castelo Branco, composta por 11 municípios. Acompanhado por membros da diretoria, ele explicou que a entidade atua nas áreas de cooperação empresarial, empreendedorismo, internacionalização, financiamento, formação e inovação. Os associados são todos microempresas, com menos de 10 trabalhadores.


 


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