01/08/2011 às 10h43min - Atualizada em 01/08/2011 às 10h43min

Soro de leite pode virar alimento

Folha de Londrina/PR, adaptado pela Equipe Milknet

O brasileiro é especialista em jogar alimento fora e o desperdício começa em casa. Alimento, água, combustível, tudo o que pode ser aproveitado vai para o lixo. Na indústria do leite não é diferente. O soro, retirado da fabricação do queijo, por exemplo, poderia ser aproveitado como alimento e está sendo jogado nos esgotos, servindo inclusive como fonte poluidora para o meio ambiente.

O alerta é do professor Aloísio José Antunes, diretor do Centro de Pesquisa em Ciência e Tecnologia do Leite (Ceptel) da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Ele defende a utilização do soro de leite na fabricação de outros produtos alimentícios e, além de resolver um grave problema ambiental, permitiria agregar valor a alimentos comuns à dieta das pessoas. O aproveitamento desse material foi apresentado na última quarta-feira, durante um seminário organizado pela Associação Norte Paranaense de Produtores de Leite (Anppl) e o Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite do Paraná (Conseleite), realizado na 47ªExposição Agropecuária.

Pesquisas comprovam, sob o ponto de vista nutricional, a existência de proteínas de melhor qualidade no soro, que as encontradas no queijo. ‘‘O soro tem propriedades funcionais, como proteínas e sais minerais que podem ser incorporados a outros alimentos. Um exemplo é o concentrado proteico do soro, que pode ser utilizado em misturas de pães, bolachas, bebidas lácteas, etc’’. Segundo o pesquisador, o soro não altera o gosto do alimento, aumenta o valor nutritivo e diminui o teor de gordura.

Antunes ressalta ainda a preocupação dos pesquisadores com o alto teor poluente do produto. ‘‘Cem gramas de soro tem o mesmo valor poluente que os de resíduos produzidos por 45 pessoas’’, garante.

O soro é resultante da fabricação de queijo. Cada 10 quilos de leite dão origem a um quilo de queijo e a nove de soro. Estimativas apontam que a produção de leite no Brasil é de 25 bilhões de litros por ano. Desse total, 30% é destinado à fabricação de queijo – que representam 7 bilhões de litros de soro. ‘‘O soro tem 0,7% de proteína, isso significa um desperdício de 40 mil toneladas de proteínas’’, alerta.

A proposta da pesquisa é concentrar essa proteína num processo de ultrafiltração e secagem. O sistema utilizado – o Spray Drayer –, permite a obtenção do pó do soro de leite concentrado com cerca de 80% a 85% de proteína. ‘‘Para jogar esse soro no esgoto é preciso tratá-lo. Com isso, a indústria vai gastar dinheiro. Por que não usar esse dinheiro e aproveitar o produto como alimento?’’.

O pesquisador exemplifica que nos Estados Unidos, onde a pesquisa do soro começou na década de 50, o queijo já é visto como subproduto, ‘‘tamanha a importância do soro’’.

Em Londrina, há três meses a Cooperativa Central Agroindustrial (Confepar) vem testando a transformação do soro em pó, por meio de um processo de secagem. Segundo o presidente da empresa, Renato José Beleze, a capacidade diária de produção é para 400 mil litros de soro. Como a empresa não produz queijos, o trabalho conta com a parceria de indústrias do alimento da região que fornecem o soro.

Essa tecnologia está sendo apresentada no primeiro curso de mestrado em Ciência e Tecnologia do Leite do País, em funcionamento na Unopar, que mantém a primeira turma desde março.

 


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