23/08/2020 às 11h00min - Atualizada em 23/08/2020 às 11h00min

Produção de leite na América Latina e Caribe

Produção de leite na América Latina e no Caribe: como estamos em relação ao resto do mundo?

Um relatório elaborado pelo Observatorio de la Cadena Láctea Argentina -OCLA- compara as produções do resto do mundo e suas projeções nas últimas décadas. Com os dados mais recentes analisados, pode-se inferir que o crescimento da produção de leite na região da ALC está "perdendo força".

"Nada é bom ou ruim se não for por comparação", diz uma citação atribuída por alguns ao pensador irlandês Edmund Burke (1729-1797) e por outros, ao ator contemporâneo Denzel Washington. Mas independentemente da origem do ditado, é amplamente reconhecido como um critério de avaliação, ou seja, para julgar onde estamos, se o que fazemos é muito ou pouco, é bom ou mau, então uma primeira alternativa é analisar o que os outros estão fazendo em situações comparáveis.

 

Transferindo este critério analítico para avaliar o desempenho da produção de leite na América Latina e no Caribe, propomos como alternativa de comparação para analisar o que está acontecendo no resto do mundo.

A começar pela situação global, as estimativas da FAO indicam que a produção mundial de leite em 2019 foi de 851,8 milhões de toneladas e a produção para 2020 está projetada em 858,9 milhões de toneladas, ou seja, um Crescimento de 0,8%, a menor taxa desde 1997.

O gráfico a seguir mostra o comportamento da produção de todas as espécies (bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos e camelídeos), sendo que para o ano de 2018 a maior proporção correspondeu à espécie bovina, com 81% do total mundial, seguido pelo leite de búfala, com 15,1%, e o restante pelas outras três espécies. No caso da América Latina e Caribe, a situação é diferente, devido à importância praticamente exclusiva do leite bovino, que no mesmo ano representou 98,9% do total (seguido pelo leite de cabra, e em menor escala, ovinos).

 

Dada a situação explicada no parágrafo anterior, a tabela a seguir mostra o detalhamento apenas da produção de leite de vaca, desagregando o total regional em duas sub-regiões (México, América Central e Caribe, por um lado, e América do Sul, por um lado. outro) e comparando-o com a produção mundial de leite de vaca [2]. Se essas projeções se confirmarem, nossa região contribuiria com 11,2% da produção mundial em 2020, proporção inferior à média do triênio 2013-2015, que foi de 12,4% (a participação máxima foi em 2011 com o 12,7%).

Evolução da produção de leite de vaca na América Central e Caribe e na América do Sul, e sua comparação com o total mundial, 2013-2020p, milhares de litros (aprox. Igual a toneladas).

 

Quanto à participação da produção de leite da América Latina e Caribe no total mundial, ela começou a aumentar a partir da década de 1960, quando era de 5,8% (ano 1961, segundo dados da FAO) , até atingir 8,6% no final da década de 80 (1990). A partir de então, a taxa de crescimento relativo da região se acelerou, já que no final do século 20 atingia 12,5% (1999). Com o novo século, a participação estabilizou-se primeiro em torno de 12% e, nos últimos anos, parece até ter diminuído um pouco.

Conforme mostra a tabela, a tendência relativa entre a produção mundial e regional estaria se mantendo, e a estimativa para 2019 mostra um ligeiro crescimento da produção regional (+ 0,8%), um pouco inferior ao crescimento da produção em todo o mundo (+ 1%).

Mas acima de tudo, numa perspectiva de médio prazo, comparando a projeção para 2020 com a média dos anos 2013-2015, enquanto a produção mundial aumentaria 3,0%, a produção regional diminuiria na mesma proporção, o que de certa forma, confirma que o crescimento da produção de leite na região da ALC está "perdendo fôlego", pelo menos em comparação com o resto do mundo.

Essa perda de participação seria explicada em grande parte pela desaceleração da produção na sub-região sul-americana, o que merece uma análise mais detalhada, desagregando o comportamento produtivo dos diferentes países.

A implicação desses resultados para o bem-estar econômico e social da região é muito importante, uma vez que se pressupõe que esses setores, como o leite, baseados no uso de recursos naturais e tecnologias de baixa complexidade, devem ser os motores do crescimento e integração regional à economia mundial, mas, no entanto, se reconhece que (pelo menos na América do Sul), é difícil para nós manter o ritmo de crescimento das economias desenvolvidas, mais maduras, que também possuem vantagens competitivas na produção de tecnologia e serviços , que não temos

Fonte:  http://www.todoagro.com.ar/


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