03/10/2019 às 09h26min - Atualizada em 03/10/2019 às 09h26min

Explosão dos Concursos de Queijos no Brasil

Em 1888, o Dr. Carlos Pereira de Sá Fortes fundou a primeira fábrica de laticínios do Brasil e da América do Sul, na Serra da Mantiqueira em Minas Gerais, para a fabricação de queijos tipo holandês. O Brasil tem 130 anos de industrialização de lácteos. Enquanto que a Europa já tem centenas de anos industrializando o leite. 

Nossa história de produção de queijos é recente se comparada com a Europa. Mas as principais indústrias de queijos curados e mofados foram construídas pelos europeus que vieram para o Brasil. Dinamarqueses, franceses e principalmente holandeses. Tivemos grandes professores.

Por muitos anos tivemos apenas um concurso nacional de queijos, que é realizado em Juiz de Fora pela EPAMIG/ Instituto de Laticínios Cândido tostes.  Tem maior participação das indústrias mais tradicionais do país. As chamadas “grandes indústrias”.

Porém, há uns 5 anos, uma pequena empresa de queijo artesanal da canastra participou de um concurso mundial na França e levou prata, ficando atrás apenas da França. Começamos ali a perceber que nossos queijos tinham chances. Era bom e poderia ter o “terroir” que tanto o frances falava. Já no ano seguinte voltamos com 4 medalhas. No terceiro ano de participação foram 11 medalhas, inclusive super ouro que é o campeão dos campeões. No quarto ano foram 54 medalhas ao todo, e vários super ouros. Definitivamente estávamos inseridos no mapa mundial dos bons queijos.

O ano de 2019 (130 anos após a primeira indústria do país) estamos em uma crescente onda de concursos. Para iniciar o ano ganhamos um número extraordinário (54) de medalhas no concurso mundial sediado na França. Depois, em julho, tivemos o concurso nacional realizado em Juiz de Fora. Logo em seguida, em agosto, teve o mundial sediado aqui no Brasil. Sem falar nos concursos regionais e estaduais que Brasil a fora que estão acontecendo. Já tivemos mais de 20 concursos regionais este ano. Uma explosão de concursos de queijos artesanais e industriais. E o que podemos tirar de todos estes prêmios? Experiência, aprendizado e a certeza de que o Brasil, com a qualidade e diversidade já reconhecidas, despontava como um dos grandes fabricantes de queijos na esfera mundial.

Os concursos e seus resultados foram de suma importância no andamento da aprovação da lei que rege os queijos artesanais no Brasil, o Selo Arte. A excelência de nossos queijos, a pressão dos consumidores e todas as medalhas que conquistamos nestes 4 a 5 anos foram determinantes para que as autoridades percebessem que devemos dar mais atenção aos queijos artesanais e as pequenas indústrias e queijarias espalhadas pelo Brasil afora. São milhares de famílias envolvidas no processo de produção de leite e seus derivados. Criamos o SELO ARTE, onde se credenciam as queijarias e os mini laticínios regionais a produzirem queijos de qualidade comprovada e assim poder comercializar em todo país. Vai ser um grande salto para a indústria láctea artesanal e familiar do Brasil.

Os consumidores brasileiros estão cada vez mais aprendendo a comer queijos com sabores, texturas, consistências e aromas mais refinados. Tradicionalmente, somos consumidores de queijos frescos, mas este quadro está mudando rapidamente. Com nossa população viajando cada vez mais para o exterior, com a abertura cada vez maior do mercado e toda esta valorização dos queijos artesanais brasileiros, que na sua maioria são queijos que ressaltam o terroir de cada região, estamos a passos largos aprendendo a consumir queijos com sabores mais potentes, mais picantes e aromáticos. São queijos mofados, queijos com olhaduras, com flores na casca, de casca lavada, de casca dura, de sabor adocicado, trufados, de consistência pastosa e alta proteólise, enfim, são queijos mais elaborados e que mostram toda nossa diversidade de cultura e terroir que temos neste país continental que é o Brasil.

O Site Ciência do Leite, nos seus 20 anos de existência, sempre esperou chegar este momento para podermos comemorar juntos a vitória dos pequenos produtores de leite e derivados. Vamos erguer um brinde aos novos tempos!

Saudações laticinistas!

Marco Antônio Cruvinel Lemos Couto
Diretor Administrativo
Site Ciência do Leite e Empresa Rica Nata

 

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