21/12/2013 às 08h32min - Atualizada em 21/12/2013 às 08h32min

Inovação na Cadeia Leiteira

Setor lácteo do país poderá ser beneficiado com linhas de financiamento disponibilizadas através do Inovagro.

A cadeia leiteira do Brasil poderá contar com os recursos do Inovagro para investir na produtividade do rebanho, na qualidade do leite e em inovação. O programa faz parte do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/2014, anunciado em junho, pela presidente Dilma Roussef e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, sendo o mais abrangente e o maior em volume financeiro já lançado no país. O total de recursos liberados para a próxima safra é de R$ 136 bilhões, sendo R$ 97,6 bilhões para financiamento de custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para os programas de investimento.

De acordo com o coordenador geral para Pecuária e Culturas Permanentes da Secretaria de Política Agrícola, do Ministério da Agricultura (Mapa), João Antunes Fagundes Salomão, o Inovagro é o grande programa do PAP que beneficiará a pecuária leiteira. “Sabemos que é preciso investir na melhoria da produtividade do rebanho e na qualidade do leite. Para alcançarmos isso, a melhoria genética animal, ma assistência técnica e a reforma de pastagens estão contempladas nas linhas de financiamento do PAP”, diz.

Com o objetivo de impulsionar a produtividade e a competitividade do agronegócio brasileiro por meio da inovação tecnológica, o Inovagro vai disponibilizar R$ 3 bilhões para o agronegócio, sendo R$ 2 bilhões para pesquisas e desenvolvimento de máquinas e equipamentos e R$ 1 bilhão para que os produtores rurais possam incorporar tecnologias.

A taxa de juros é de 3,5% ao ano e o limite de financiamento é de R$ 1 milhão por beneficiário individual (produtores e cooperativas) e até R$ 3 milhões para empreendimento coletivo. O Inovagro oferece um prazo de dez anos para pagamento, sendo três anos de carência.

O programa ainda está em fase de regulamentação, mas a pecuária de leite é um dos setores priorizados na iniciativa. “Com o Invagro, o produtor poderá financiar até 4% do valor total projeto para pagar  a assistência técnica. Esse é um programa para mudar o patamar tecnológico da produção leiteira”, afirma João Salomão.

Se o Inovagro melhorar a produtividade e a qualidade do leite, consequentemente a rentabilidade do produtor rural e da indústria láctea será maior, pois o leite com mais qualidade reflete em um rendimento industrial melhor. “Vamos investir em inovação para aumentar a competitividade do setor primário brasileiro. Temos que inovar desde a produção dos insumos até a industrialização do leite.assim, o Inovagro está pensando na cadeia de produção de leite e derivados como um todo”, diz Rodrigo Alvim, diretor da federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) e presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

Comercialização

Já as indústrias lácteas terão uma linha de financiamento para comercialização que pode chegar até R$ 40 milhões por ano, com prazo de 240 dias para pagamento. “Esse crédito é para estocagem do produto. No sudeste, por exemplo, o preço mínimo pago pelo leite é de R$ 0,67 por litros. Basta a indústria comprovar, através de nota fiscal, que comprou 1 milhão de litros a R$ 0,67 o litro e, a partir daí, ela pode financiar os seus estoques com R$ 670.000 até que venda o seu produto. Esse financiamento é uma ajuda para o período de entressafra”, esclarece João Salomão.

Mas, se o valor pago pelo litro de leite estiver, no mínimo, 40% acima do preço mínimo definido (R$ 0,67), os bancos podem fazer o financiamento com base em 80% do valor pago pelo litro do produto. Para terem acesso aos recursos do Inovagro, produtores e laticinistas devem buscar os agentes financeiros (bancos) de crédito rural em sua cidade. 

Tecnologia

Na avaliação de Rodrigo Alvim, as indústrias lácteas brasileiras precisam investir na diversificação e modernização dos produtos disponibilizados para o mercado. “O Brasil tem poucos produtos funcionais, quase nada. Lá fora temos muitos exemplos como um iogurte, lançado no México, que protege o sistema digestivo dos efeitos da comida apimentada, uma embalagem de leite na Nova Zelândia que quando agitada aquece o produto a 38 graus e um leite em pó infantil, na Dinamarca, com formulações diferentes de acordo com a idade das crianças. Precisamos inovar mais, ter embalagens mais atrativas, confortáveis e práticas. Temos que ter produtos funcionais que agreguem bem-estar e qualidade de vidas para as pessoas”, destaca.

Investir em lácteos, segundo Alvim, é uma forma de ofertar produtos de acordo com a vontade e o desejo de consumidor, aumentando o consumo interno, ampliando as vendas e o faturamento das indústrias. “É preciso atender a demanda do mercado. O mundo inteiro faz isso e se nós não fizermos, vamos ficar para tr´s”, alerta.

Para investir em inovação, os laticinistas terão acesso à linha de crédito do Inova Agro, uma iniciativa conjunta com do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), lançado, em março deste ano, pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com o apoio do Mapa.  O Inova Agro é parte da Inova Empresa e conta com recursos iniciais de R$ 1 bilhão, taxa de juros de 3,5% ao ano, prazo para pagamento de dez anos, sendo quatro anos de carência.

“As indústrias de pequeno e médio porte necessitam muito de apoio como esse para auxiliar no desenvolvimento de produtos inovadores e melhorar sua competitividade junto ao mercado. A cada dia, percebemos que é necessário se diferenciar no mercado, deixando de fazer o que é mais simples e procurando oportunidades que agregam valor aos produtos, atendendo um público cada dia mais exigentes”, dia Antônio Carlos de Oliveira, gerente industrial do Laticínios Luce. 

Pelo diferencial de mercado

Desde julho de 2010, o Laticínios Luce, do município de Luz, na região Central do estado, comercializa a linha de iogurtes funcionais Vialuce. O produto é fabricado com o probiótico bifidobacterium lactis HN019, nos sabores morango e ameixa, cujo consumo diário, associado a uma dieta saudável, ajuda a melhorar o funcionamento do sistema gastrointestinal, além de prevenir doenças inflamatórias crônicas do intestino, diarréias, entre outros. “Estamos sempre atentos às novas oportunidades e, em breve, teremos mais novidades nesse seguimento”, diz o gerente industrial.

Para Antônio de Oliveira, os benefícios proporcionais pelo investimento em produtos funcionais vão da ampliação do conceito da marca Luce no mercado à melhoria do desempenho financeiro da empresa, com aumento do valor agregado e aperfeiçoamento da cadeia logística e comercial. “é um investimento que gera mais visibilidade no mercado. A Luce já é conhecida em todo o Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, mas com o lançamento de produtos funcionais, a marca se consolida mais junto ao consumidor, por oferecer itens de qualidade e inovadores, o que a diferencia frente à concorrência regional”, afirma.

Inovação pioneira

Há 40 anos no Brasil, a Danone, com fabrica em Poços de Caldas, no Sul de Minas gerais, é pioneira no desenvolvimento constante de lançamentos, como o iogurte Activia, que revolucionou o mercado de lácteos. Hoje, o porfólio de produtos funcionais da empresa tem dois produtos: Activia e Actimel, que além dos fermentos próprios do iogurte, possuem probióticos exclusivos e oferecem benefícios específicos. O primeiro conta o Bifidobacterium Animallis DN-173010: oDanRegularis, um fermento específico que ajuda a manter o intestino no ritmo. Já o segundo é preparado com o lacobacillus Casi Defensis, que atua no equilíbrio da flora intestinal, onde se encontram 70% das defesas do corpo.

“Ao ajudar a equilibrar a flora intestinal, o Actimel pode contribuir para uma melhora da resposta imunológica que ela proporciona ao corpo. Trata-se de um alimento saboroso e barato que, além de fornecer a nutrição básica, entrega ao consumidor um benefício adicional e específico à saúde, quando ingerido regulamente”, diz Ana Paula Wolf Tasca Del’Arco, gerente de Saúde & Nutrição da Danone.

Segundo Ana Paula, desenvolver alimenrtos nutritivos faz parte da estratégia do Grupo Danone, que ao longo de mais de 90 anos de história consolidou-se como um dos líderes mundiais no setor de alimentos. Isso comprova que os benefícios proporcionados pelo investimento em produtos funcionais e inovadores agregam valor para os negócios da empresa.

 

 




Autor: João Antunes Fagundes Salomão

Referências bibliográficas: 

Silemg Notícias Ano XVI
Agosto/Setembro de 2013


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