15/04/2013 às 13h24min - Atualizada em 15/04/2013 às 13h24min

Compreendendo a mastite

A mastite é a infecção da glândula mamária. Ocorre uma reação inflamatória que culmina na mobilização de células de defesa do organismo para a glândula mamária, na tentativa de neutralizar o agente infeccioso. A mastite tem ocorrência em todo mundo, pelo fato de ser causada por microrganismos comuns a todas as regiões do planeta, a única diferença são os controles adotados por países com menor incidência da doença.

Existem vários microrganismos capazes de causar esta reação inflamatória, como fungos, leveduras, micoplasmas e vírus, mas os microrganismos que correspondem ao maior número de infecções são as bactérias.

Quando falamos destas bactérias que são capazes de causar a mastite temos que lembrar que elas se agrupam em duas classes, de acordo com a fonte de infecção: contagiosas e ambientais.

Bactérias causadoras

As primeiras, as bactérias contagiosas, são vaca dependente, colonizam o teto, e a transmissão ocorre de um animal para o outro, ao passar o conjunto de teteiras de um animal para o outro ou da mão do ordenhador, após manipular um animal infectado.

As principais bactérias contagiosas são Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae, essas bactérias colonizam os tetos naturalmente, e dependendo da quantidade, estresse e ferimentos nos tetos podem vir a causar mastite.

As bactérias ambientais são normalmente encontradas nas fezes, lama, materiais usados como cama. As mais importantes são os coliformes, que indicam contaminação fecal, portanto animais que permanecem em locais com muita umidade e com muita sujeira de origem fecal têm grandes possibilidades de serem acometidos por bactérias ambientais causadoras de mastite.

Tipos de Mastite

Os microrganismos podem causar dois tipos de apresentação de mastite, a mastite clínica e subclínica.

Na mastite clínica os sinais da doença podem ser observados por exames rotineiros como: palpação, exame visual, e teste da caneca de fundo preto (onde pode ser observada formação de grumos no leite ejetado no recipiente), além de todos os sinais comuns a um processo inflamatório.

Os sintomas da inflamação são: dor a palpação, aumento da temperatura da glândula, úbere duro, vermelhidão e aumento de tamanho. A secreção pode adquirir desde um aspecto amarelado até um aspecto com coloração amarronzada, ambos com formação de grumos os quais também variam de tamanho conforme a evolução da doença, os animais podem apresentar febre em casos hiperagudos. 

A mastite clínica está associada às bactérias ambientais, assim sendo estão relacionadas com o ambiente em que as vacas ficam, quando esse contém muitas sujidades, lama e fezes.

 

Diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito com exames clínicos, e o teste da caneca de fundo preto, para verificação de grumos.

A mastite subclínica é de grande importância na produção leiteira, talvez mais importante que a mastite clínica, pois nesta os sinais são aparentes, e na mastite subclínica as mudanças são na composição do leite e na produção, podendo chegar a uma queda de 45% na produção. Portanto a detecção desta forma da doença se dá por testes específicos que medem a composição do leite. Os métodos de diagnósticos mais comuns para detecção de mastite subclínica são os Califórnia Mastit Test (CMT) e a contagem de células somáticas (CCS). O teste CMT avalia a saúde dos quatro quartos do úbere detectando, qual o quarto infectado, já a CCS, verifica a composição do leite em relação à quantidade de células de defesa presentes. Dependendo da severidade da mastite a contagem de células somáticas pode variar de 150mil/mL até cinco milhões/mL, e com redução de 30% na produção de leite. 

Além do aumento na contagem de células somáticas a mastite causa mudança na composição do leite em relação a constituintes como gordura, proteína e lactose, isso ocorre porque os constituintes produzidos na glândula mamária diminuem, em decorrência do processo inflamatório.

Prevenção de mastite

Um bom começo é detectar quais animais tem mastite clínica e subclínica, tratar e ou eliminar os casos crônicos.

• Capacitar o ordenhador para realizar as atividades de ordenha de forma higiênica

• Monitorar os índices de mastite, realizando testes de diagnóstico como CMT a cada quinze dias e o teste da caneca de fundo preto diariamente.

• Higiene do ambiente onde as vacas ficam, evitando manter esses animais constantemente em locais com lama, fezes e sujeira em excesso.

• Tratamento de vacas secas, pois no período seco a glândula mamária fica com grande volume de leite, aumentando assim a sua pressão interna, e os cuidados antes realizados não são mais efetuados, portanto é essencial o tratamento das vacas secas.

• Desinfecção das teteiras quando for trocar de animais.

• Higiene na ordenha: Limpeza dos tetos com água clorada, somente nos tetos, e imersão em solução anti-séptica, secagem com papel toalha descartável. Após a ordenha realizar imersão dos tetos em solução com iodo e manter os animais em pé até que o esfíncter do teto se feche, diminuindo assim as mastites causadas por bactérias ambientais e contagiosas, além de melhorar a qualidade do leite no quesito microbiológico.




Autor: Marcos Paulo Dourado Ferriani Branco

Referências bibliográficas: 

Dodd F.H. 1983. Mastitis: progress on control. J. Dairy Sci. 66:1773-1780.
GOMES, S. T. Diagnóstico e perspectivas da produção de leite no Brasil. In: Vilela, D.; Bressan, M.; Cunha, A. S. Cadeia de lácteos no Brasil: restrições ao seu desenvolvimento. Brasília: MCT/CNPq, Juiz de Fora: EMBRAPA Gado de Leite, 2001. p.21-37.
MÜLLER, E. E. Profilaxia e controle da mastite bovina. In. Encontro de Pesquisadores em mastite, III, 1999, Botucatu-SP. Anais..., Botucatu-SP, 1999, p. 57-61.


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