Fonte: Jornal do Comércio
A Cooperativa Santa Clara, com sede em Carlos Barbosa, na Serra gaúcha, projeta ampliar em 10% o faturamento em 2008. Para executar a meta, a cooperativa, com 95 anos e dona do laticínio mais antigo do Brasil, aposta no efeito de investimentos que devem superar os R$ 9 milhões.
Parte do incremento virá nesta sexta-feira, com o começo da operação de dois novos supermercados da Santa Clara, situados em Selbach e Tapera, no Vale do Jacuí. Reforço do parque industrial, do portfólio de produtos para conquistar o paladar de consumidores do Sudeste do País, e do varejo devem sustentar o crescimento.
Com 3 mil associados e mil funcionários, a direção da empresa admite que não será surpresa se os números traírem as expectativas. "E para melhor", entusiasma-se o presidente da cooperativa, Rogério Sauthier. No ano passado, o salto de 24% no faturamento ficou bem acima do planejamento estratégico, que previa resultado até 12% superior a 2006. A receita foi de R$ 344 milhões, ante R$ 277 milhões do ano anterior. "O bom preço do leite e a expansão de vendas da linha agropecuária contribuíram para o resultado", justifica Sauthier.
Os novos supermercados somam R$ 1,1 milhão em investimentos e deverão ampliar em 25% a receita com o segmento. As duas filiais, que se somam às seis lojas já existentes e gerarão 54 postos de trabalho, atenderão à demanda de 350 cooperativados e da população dos municípios-sede e vizinhos. "Estaremos mais próximos da nossa comunidade", afirma o diretor administrativo e financeiro da cooperativa, Alexandre Guerra.
O braço do varejo da Santa Clara se completa com mais sete mercados agropecuários e uma farmácia. Mais de 50% do faturamento da empresa vem do laticínio, seguido do frigorífico, da fábrica de ração, uma cozinha industrial, lojas e uma unidade produtora de leitão, que integrava parceria com a Cotrisoja e agora é 100% da Santa Clara. Na operação, a cooperativa de Carlos Barbosa aplicou R$ 11 milhões, garantindo matéria-prima, segundo Sauthier.
Guerra adianta que a cooperativa pretende reforçar a presença em mercados fora do Estado, que já absorvem 60% da produção. Novas linhas de queijos nobres devem ganhar mais espaço no segmento de laticínios. O alvo são consumidores de São Paulo, considerados mais exigentes, segundo o diretor. Para isso, estão sendo ampliadas as capacidades da queijaria e de câmeras-frias.
O presidente da Santa Clara não teme o avanço de grandes grupos do setor, que está cada vez mais concentrado - recentemente, a Sadia anunciou tratativas para comprar a gaúcha Excelsior. "Quem tem pouca quantidade, tem de ter qualidade", aposta Sauthier. Patrícia Comunello