11/08/2010 às 13h17min - Atualizada em 11/08/2010 às 13h17min

Alimentação barata é palavra de ordem!

Criação Assessoria Comunicação e Comércio Ltda

   Foi o que quase aconteceu com Joffre Nogueira Filho, médico paulistano produtor de leite na cidade de Tietê/SP, pelo Sítio das Primaveras. Há alguns anos, os prejuízos quase fizeram o criador abandonar um rebanho de Pardo-Suiço leiteiro puro: uma paixão na vida de Joffre há dez anos. 

    Desde 1988, o médico está na produção leiteira. Chegou a explorar até o Indubrasil. Mas, na verdade, com a estabilização econômica, a liquidez apertou demais e o hobby ficou muito caro. Este contexto impôs austeridade e eficiência como condições de sobrevivência. Joffre tratou de acertar o passo e a dedicar mais horas de trabalho ao Sítio. De inicio, descartou os animais com produção menor ou com dificuldades reprodutivas, comprou outros animais mais produtivos, passou a produzir o próprio concentrado e contratou técnicos especializados em nutrição bovina. 

    Insistindo no pastejo rotativo como modelo viável economicamente, baseado no sistema da ESALQ - Escola Superior de Agronomia Luíz de Queiroz, o produtor deu mais alguns passos. Com o fornecimento de concentrado nos cochos das áreas de descanso, por exemplo, a produção aumentou consideravelmente, de 11 litros/dia, por vaca, para uma projeção de 19,4 . Porém, nem por isso o Sítio das Primaveras conseguiu sair do vermelho. 

    O custo do litro baixou de R$ 0,30 para R$ 0,26. Contudo, a remuneração não passou dos R$ 0,25 por litro. Embora tenha equipamento e operacionalidade para a produção de leite tipo B, na região de Tietê não há laticínio que remunere qualidade. Na verdade, a pecuária de Joffre só consegue algum equilíbrio de caixa através da venda de reprodutores, o que segundo Joffre é bastante positiva dentro da raça Pardo-Suíça. "Há boa demanda pelos animais, tanto para machos quanto para fêmeas", afirma. Mas como "o leite é que tem que pagar os custos", o caminho foi pesquisar mais. 

    O produtor descobriu na literatura mundial uma série de detalhes que poderiam ser mudados no manejo e no gerenciamento do Sítio, que destina apenas 20 hectares para produção de leite. Entre outras coisas, o criador percebeu que era preciso melhorar o índice de vacas em lactação para poder aumentar o volume de produção diária. 

    Ao trabalho, para um rebanho de 100 cabeças, no total, Joffre subiu de 27 vacas em lactação para 42, o que fez sua produção diária subir de 493 litros, em 1996, para 683 litros em 1997. A projeção para 1998 é de 942 litros, o que já trará lucro à produção. A prática é a de vender o excedente do rebanho enquanto os animais são ainda bem jovens. Assim, baixa-se o custo de produção de tourinhos e novilhas. 

    Na literatura consultada, o produtor descobriu ainda alguns procedimentos simples, bastantes efetivos para solucionar alguns problemas comuns, tais como mastite, cascos e verminoses. Em menor escala, no modelo de pastejo adotado, a mastite também assusta. O Sítio conseguiu controlar o problema retirando o barro e o esterco das áreas de descanso, duas vezes por semana, e ainda tratando preventivamente as vacas durante a fase de secagem. 

    A higienização das áreas de descanso por si só já colaborou na redução dos problemas de cascos. Mas quando o criador instalou um pé-de-lúvio à base de formol trocado duas vezes por semana, eles acabaram de vez - o casqueamento é feito também na secagem das vacas. Quanto às verminoses, ao que tudo indica, para um médico ficou mais fácil compreender a incidência. Joffre realiza exames de fezes dos animais por amostragem, uma vez por ano. Os lotes com alta incidência de vermes são vermifugados em três etapas no período da seca, com reforço no verão. 

    O médico descobriu que assim trabalha contra o ciclo dos vermes, diminuindo sua presença no pasto. A intensidade do tratamento na seca coincide com o período - inverno - de condições menos favoráveis ao desenvolvimento dos parasitas. Um outro aliado neste combate é o próprio sistema de pastejo. O descanso de 45 dias dos piquetes, ou seja, a ausência de animais, também ajuda na redução destas condições e dificulta a proliferação. Com o procedimento, Joffre reduziu significativamente os gastos com vermífugos e a própria ocorrência de verminoses, que só se mantém a mesma entre os bezerros. 

    Outro fator decisivo na empreitada do produtor em conferir eficiência na sua produção de leite foi a mão-de-obra. Segundo ele, as coisas só entraram nos eixos (com o cumprimento total das várias orientações do manejo), depois que seus funcionários tomaram consciência de que o criador realmente estava disposto a abandonar a atividade. "Emprego está difícil", reforça Joffre. Hoje, depois dos resultados do bom gerenciamento e da conscientização de cada tarefa dentro do processo produtivo, todos os funcionários do Sítio se sentem estimulados a desempenhar bem suas funções.

 

 

 

SISTEMA DE PASTEJO E ARRAÇOAMENTO 

    Não há inovações no modelo de rodízio de piquetes adotado no Sítio das Primaveras. O que há é uma valorização de alguns pontos do manejo que, em alguns casos, respondem por maior eficiência. Exemplificando, áreas de descanso bem sombreadas, por árvores ou sombrites, longe de barro e esterco ao redor do cocho, são mais confortáveis, o que traduz em aumento da produção. Para se ter uma idéia do bom resultado econômico, quando se ataca com rigor as orientações de manejo, o Sítio das Primaveras subiu de uma produção de leite por hectare de 13 mil litros, em 1996, para 17 mil, em 1997 e, projetados 22 mil para 1998. Vale lembrar que neste mesmo período, o custo do litro produzido caiu de R$ 0,30 para R$ 0,26, cerca de 13%. 

    Cada piquete tem 2,5 mil metros quadrados, em média, divididos por cercas eletrificadas. Quatro hectares são ocupados por napiê (15 divisões) e dois hectares por branquiária (8 divisões). As vacas em lactação, pastejam no napiê por três dias. Quando entram no novo piquete que descansou por 45 dias, o capim está com mais dois metros de altura. Após os três dias, ocorre a remoção dos animais. O napiê baixou para 20 cm de altura. 

    No mesmo dia da saída, o piquete recebe adubação de cobertura (base de 20-05-20), roçadeira quando necessário e descanso de 45 dias. O cumprimento rígido deste majeno é fundamental, já que 70% do novo capim brotará nos cinco primeiros dias de descanso. Eventualmente, quando o campo não foi totalmente baixado, pula-se um piquete do sistema, para que o retorno ocorra mais rapidamente. Este que foi pulado tem seu capim cortado e ensilado, para ser oferecido aos bezerros na época da seca. Estes, por sua vez, até os 60 dias de vida, permanecem nas bezerreiras com leite e concentrado peletizado. Na época da águas, no lugar do feno é servido capim jovem á vontade. 

    Para os animais com até 120 dias de idade, os piquetes comportam cinco cabeças. O concentrado sobe para 2kg, sendo a metade já do produzido na fazenda. Depois disso, os bezerros sobem para os piquetes de capim estrela, com capacidade para 12 animais. Neste período o concentrado já passa a ser, totalmente, o produzido na fazenda, batido com suplementação mineral na razão de 5%. 

    Para fêmeas com mais de um ano, os piquetes são de braquiária, rodiziados a cada 30 dias. Neles, elas permanecem até 15 dias antes do parto. Além de 3kg de concentrado, recebem outros 2kg de polpa cítrica. As novilhas são inseminadas com 450kg, aos 17 ou 18 meses de idade. Joffre opta por uma inseminação mais tardia, para que a fêmea esteja mais desenvolvida por ocasião do primeiro parto, e com peso na casa dos 600kg. Segundo ele, a medida garante por toda vida útil dos animais maior produtividade e menores riscos para os problemas de parto. Já as fêmeas em lactação ficam em piquetes de napiê. O concentrado é servido duas vezes ao dia, logo após a ordenha, na quantidade de 1kg para cada três litros de leite produzidos. Há ainda reforço de 4kg de polpa cítrica e no inverno, de silagem produzida na fazenda (7ha de lavoura de milho e 2ha de cana-de-açucar). Nesta época, a produção média chega aos 30 litros/dia por vaca. Joffre, hoje, afirma já ter recuperado o prazer de estar na fazenda todos os finais-de-semana.




Autor: Rural – A Revista do Setor

Referências bibliográficas: 


R Acuruá, 547 - CEP 05053-000 - São Paulo-SP
Tel: (11) 3023-1355 
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